Declarações do central e capitão do Sporting em entrevista à RTP.
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Sporting ou Nacional? Qual é o clube da sua vida? "Tenho o coração dividido, fui com 11 anos para o Nacional, é o clube do qual sou adepto, mas o Sporting entrou no meu coração e divide-o com o Nacional."
Lembra-se do primeiro jogo com a camisola do Sporting? "Sim lembro-me, foi com o Rio Ave.
Não correu bem... "Não, empatámos, marquei um golo e não foi validado. Mas foi bonito chegar aqui a outra liga, ver como era o estádio e tudo o que se seguiu continua a ser bonito."
Lembra-se dos companheiros de equipa na defesa nesse dia? "João Pereira que agora é treinador na formação do Sporting, Paulo Oliveira que joga agora no Braga e Zeegelaar."
Foi um grande choque a mudança do Uruguai para Inglaterra e depois para Portugal? "Não sei se foi uma grande mudança, foi mais uma mudança de países que são completamente diferentes. Aqui é mais confortável para nós que estamos acostumados à cultura uruguaia. É parecida aqui."
Gosta de viver em Portugal? "Sim, gosto. O meu filho Filipe nasceu cá mas o mais velho, o Santiago chegou cá com um ano, praticamente é português, fala muito melhor do que eu. Estamos muito confortáveis aqui, sentimo-nos em casa."
Com quase sete anos em Portugal, consegue descrever o seu pior e melhor momento? "É difícil escolher um só momento, normalmente as pessoas lembram-se das conquistas, um campeonato, uma Taça. Mas para mim o melhor momento é sempre o presente, o dia a dia, partilhar o balneário com os meus colegas, ser jogador do Sporting sempre foi maravilhoso. Os momentos mais difíceis podem ser dentro de campo ou num momento de uma fase menos boa. Mas em todos os momentos menos bons contei sempre com o apoio do clube, da estrutura, dos adeptos e isso para mim é o mais bonito."
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Não sei se quis esquecer, mas dir-me-á se o pior momento não foi a invasão à Academia? "Sim, são momentos difíceis. Mas também fazem parte da minha experiência no clube. É claro que talvez gostasse de não ter tido essa experiência mas aconteceu e com tudo aprendemos sempre alguma coisa. Foi uma aprendizagem de que quando as coisas não correm bem o grupo mantém-se unido e isso é o mais importante. É preciso dizer também que não foram todos os adeptos do Sporting, foram alguns que tinham outras ideias, mas não podemos incluir o Sporting no que sucedeu."
Nessa altura houve colegas seus que se foram embora. Por que razão ficou? "Por aquilo que falei antes. Na altura em que precisava sair de Inglaterra, não me sentia lá confortável, não estava a jogar, o Sporting abriu-me as portas, os adeptos apoiaram-me sempre. Nunca pensei que aquilo representasse o mundo Sporting, eram só alguns adeptos. Por isso, se saísse seria voltar as costas a todos os outros adeptos do Sporting e isso não me pareceu correto."
Sabe quantos treinadores teve desde que chegou ao Sporting? "Se começar a contar sim..."
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Teve Jorge Jesus, José Peseiro, Marcel Keizer, Tiago Fernandes, Lionel Pontes, Silas e Rúben Amorim. Mudou muito o Sporting até porque tem esta estabilidade de um treinador que leva já várias épocas? "Sim, mudou. O futebol por vezes é assim, depende muito de resultados e quem sabe hoje estamos assim por culpa do míster, ganhamos estabilidade com mérito dele, da estrutura."
Com a chegada de Rúben Amorim há mudanças a vários níveis. Uma delas passa pela estrutura de jogo e Coates passa a jogar com mais dois colegas, com uma defesa a três. Sente-se hoje melhor jogador também por isso? "Sim, não sei se se deve apesar ao esquema. Acho que hoje em dia posso ter uma visão diferente dentro de campo, com maior experiência. A jogar no meio consigo ver muitas coisas, consigo também servir os dois centrais que jogam por for a. Há muitas coisas que aprendi com o Rúben Amorim, também com a equipa. Hoje participo mais nos momentos-chave da equipa. Quando atacamos há muitas bolas que passam por mim. Participo mais no jogo. Mas, repito, se os resultados não forem os melhores, ninguém melhora."