Ambas as claques vão cumprir três minutos de silêncio, entre os 25 e os 28 minutos do dérbi, em protesto pela "alienação e a perversidade dos atores políticos com responsabilidade legislativa no contexto desportivo".
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As claques do V. Guimarães e do Braga anunciaram esta segunda-feira, na véspera do dérbi entre ambas as equipas, no Estádio D. Afonso Henriques, que vão cumprir três minutos de silêncio, entre os 25 e os 28 minutos da partida, em protesto contra o Governo português.
Em causa está a mais recente atualização à Lei n.º 39/2009, que estabelece "o regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos", algo encarado pelas claques como "alienação e perversidade dos atores políticos com responsabilidade legislativa no contexto desportivo".
O V. Guimarães recebe o Braga às 21h15, num dérbi do Minho relativo à 22.ª jornada da Liga Bwin.
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Leia o comunicado na íntegra:
"O derby minhoto, entre o Vitória S.C. e o S.C. Braga, marcado para a próxima segunda-feira, será palco novamente de um protesto dos adeptos contra a repressão e censura assumida pelo Governo de Portugal, em mais uma alteração à famigerada Lei n. 39/2009.
Todos os grupos de apoio de ambos os clubes, apesar da enorme rivalidade que os separa, organizaram uma ação interventiva que se irá materializar em 3 minutos de silêncio, desde o minuto 25 até ao 28.
Este será um ato simbólico onde, para além de provar a importância dos grupos Ultra no ambiente dos estádios e na luta contra a elitização do desporto, servirá de expressão à indignação comum a todos os adeptos de futebol que frequentam as bancadas. Vivemos num Estado dentro de um Estado, onde a figura do adepto é desprestigiada e marginalizada reiteradamente.
Nos estádios opera a repressão, a censura e a discriminação. Para o cidadão-adepto ter acesso aos diretos mais básicos precisa de estar registado numa entidade do Estado altamente segregadora e persecutória, permanecer numa bancada isolada e hóstil, ter uma polícia própria e também um sistema penal injusto e gravemente desproporcional. Uma relalidade assim, não tem lugar num país que se diz e que se quer livre e democrático.
Não devemos ter medo de pôr o dedo na ferida. Seria inconcebível que o cenário atrás descrito incidisse sobre uma religião, etnia ou outro segmento social? Não pode, de maneira nenhuma, vingar o infeliz argumento que, se o cidadão-adepto perder algumas liberdades e garantias não será grave, se satisfazer uma determinada esfera da opinião pública.
Não é nossa intenção entrar no campo da crítica política, todavia a alienação e a perversidade dos atores políticos com responsabilidade legislativa no contexto desportivo tem de ser devidamente denunciada. O custo da sua irresponsabilidade é uma fatura que os adeptos não querem pagar, pois da liberdade não abdicam!
Apelamos a todos os adeptos que nos acompanhem nesta ação. As nossas bancadas merecem e os nossos clubes precisam! Liberdade para os adeptos, liberdade para apoiar!"
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