Benfica já ganhou dez títulos ao Sporting, o dobro do rival. Taça da Liga pode catapultar águias ou leões para o resto da época.
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O dérbi dos dérbis portugueses volta aos palcos, agora com um troféu em disputa e para ser levantado este sábado: a Taça da Liga, que muito pode vir a marcar o ânimo de águias ou de leões, duas equipas a atravessar uma fase menos colorida.
O Sporting apresenta-se como dono do título conquistado na época passada, ao qual junta as faixas de campeão nacional e uma teórica maior estabilidade gerada pela continuidade de Rúben Amorim ao comando. Quanto ao Benfica, ainda a viver uma fase pós-Jorge Jesus, vai a Leiria à procura de uma nova identidade e afirmação sob o comando de Nélson Veríssimo. Isto num jogo em que não conta com o desequilibrador Rafa e enfrenta o peso de ter perdido os três clássicos jogados esta época (um com os leões, dois com o FC Porto).
A história até dá aos encarnados o dobro dos triunfos ante o rival da segunda Circular em finais (dez para as águias, cinco para os leões), mas este jogo traz também a possibilidade de vingança leonina pelo troféu perdido para o rival em 2008/09, muito marcado por um erro de Lucílio Batista. No meio de tantos fatores que podem pesar na decisão de amanhã há, no entanto, um elemento que paira no horizonte: a equipa que vencer este dérbi pode muito bem ganhar também lastro para algo bem mais importante: a luta pelo campeonato nacional onde ambos os emblemas lisboetas estão a ver o FC Porto descolar na liderança.
"Este jogo pode catapultar quem ganhar para melhores exibições pois as derrotas não trazem bem a ninguém." Quem o diz a O JOGO é Leonel Pontes, treinador que esteve no banco do Sporting como adjunto de Paulo Bento na tal final incendiada de 2008/09. Pontes entende que este jogo servirá para sacudir alguma intranquilidade num ou noutro lado. "O maior problema das duas equipas é a própria afirmação. Este jogo será importante para uma delas se libertar deste período de exibições menos consistentes e de resultados mais duvidosos. Quem vencer ganha fôlego, motiva-se e vai trabalhar sobre este troféu, o que significa maior tranquilidade. A pressão de ganhar estará dos dois lados, mas pode ser maior no Benfica", afirma o agora técnico do Covilhã.
Benfica mais "intranquilo" Sporting mais "definido"
Nas últimas quatro partidas, o Benfica venceu duas e empatou outras tantas, uma delas a valer o triunfo ante o Boavista nesta Taça da Liga, sendo que a passagem foi garantida nas grandes penalidades. Já o Sporting, que teve mais facilidade em afastar o Santa Clara, já perdeu em 2022 com Braga e Santa Clara, aqui para a Liga. Mas Leonel Pontes entende que as águias, que não ganham a Taça da Liga desde 2015/16, na sua última presença na final, têm vivido mais instabilidade. "Houve uma alteração técnica, que é por si só um fator negativo. Depois, ainda não houve exibições consistentes, a equipa ainda não está segura e não consegue impedir os adversários de criarem oportunidades. Este é um Benfica mais intranquilo. Já o Sporting tem a vantagem de ter ganho a sua meia-final de maneira mais limpa, ganhou várias taças anteriores e irá encarar esta final com mais tranquilidade. Além disso tem um modelo de jogo bem definido e que não foi alterado", justifica o antigo adjunto de Paulo Bento, apontando a ausência de Rafa como mais um problema para Veríssimo dado que "desequilibra, tem intensidade ofensiva e é perigosíssimo nas transições".
"Semana difícil" após derrota de 2009
Tanto os sportinguistas, como atletas e técnicos que assistiram ao "tal" Benfica-Sporting de março de 2009, no Estádio Algarve, não esquecem uma final perdida muito devido a um erro de arbitragem. Os leões estavam a vencer, com golo de Pereirinha, quando Lucílio Batista assinalou uma grande penalidade por alegada mão de Pedro Silva. O defesa foi expulso (aos 73"), Reyes empatou o jogo e, nas grandes penalidades, as águias venceram. "Um penálti é um fator de decisivo e o árbitro deve marcar só tendo a certeza. O árbitro não pode ser induzido pelo facto de os jogadores levantarem o braço. Foi uma semana difícil, com alguma revolta por perdermos um troféu daquela forma", recordou Leonel Pontes, então um dos adjuntos de Paulo Bento no Sporting e que assistiu a tudo desde o banco.