Charles Pickel explica a mudança para Famalicão: "O clube ligou-me várias vezes"
ENTREVISTA PARTE I - Contratado no final de agosto, logo se assumiu como um dos indiscutíveis do Famalicão. Assume que não conhecia ninguém, mas a insistência de Miguel Ribeiro convenceu-o a mudar-se para Portugal
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Charles Pickel, 24 anos, mostra-se em campo como um médio-defensivo possante, mas fora dele é bem diferente. De sorriso constante no rosto, contou a O JOGO como se deixou convencer a trocar o Grenoble (França), onde era uma das figuras da equipa, pelo Famalicão, já com a época em andamento, e o que encontrou em Portugal.
Garante que o grupo não se assustou com a falta de vitórias - a primeira só apareceu à nona jornada - e afirma-se convicto de mais melhorias na equipa, daqui para a frente.
Como surgiu o convite do Famalicão? Também se chegou a falar de um eventual interesse de Boavista e Santa Clara...
-Foi o presidente que me convenceu a mudar para Portugal. Mostrou-me a cidade, o clube ligou-me várias vezes, e isso fez com que tomasse a minha decisão.
Era uma das referências do Grenoble e preparava-se para cumprir a terceira temporada no clube. Passava-lhe pela cabeça mudar de ares?
-Sim, ia para a terceira época no Grenoble, mas procurava algo diferente. Tinha o desejo de jogar numa I Liga.
Assinou a 23 de agosto e cinco dias era titular com o Sporting. A adaptação teve que ser, por isso, muito rápida?
-O futebol é isto, temos que estar preparados para tudo. Também ajudou bastante ser bem recebido por toda a gente no clube e, a partir do momento que assinei, estava preparado para jogar.
A proposta de jogo da equipa é ambiciosa, mas a primeira vitória só apareceu à nona jornada. Havia algum sentimento de dúvida entre o grupo durante o mau momento?
-A ideia do treinador é boa, pretende que joguemos um futebol ofensivo e sabia que as coisas iam surgir mais tarde ou mais cedo, pois a equipa tem bastante qualidade. É algo progressivo. Estivemos a aprender e a entrosar-nos e agora sinto que estamos num bom caminho.
Há dois anos, o clube perdeu o acesso à Liga Europa no último minuto da temporada, enquanto na época anterior foi para a última jornada com hipóteses de se qualificar. À terceira vai ser de vez?
-[risos]. Vi na Internet as classificações e é claro que todos os jogadores são ambiciosos, mas temos que ir com calma. O nosso primeiro objetivo não passa por uma candidatura europeia. Tentaremos obter a melhor classificação possível.
Procurou aconselhar-se com alguém que conhecesse o futebol português, antes de assinar?
-Não conhecia ninguém no Famalicão. Nesse sentido, contei com a ajuda dos meus empresários. Na equipa, tenho o Dylan Batubinsika e o Pedro Brazão que falam francês e facilitam a minha comunicação. Quando tenho dificuldade, também consigo comunicar bem em inglês. Se já sei alguma coisa em português? Não estou à vontade e não quero cometer erros, mas sei dizer algumas palavras. Já os palavrões, esse sim aprendi desde o primeiro dia [risos].
"Herdeiro de Assunção? Só posso dizer bem dele"
Pickel ganhou uma posição que nas últimas duas temporadas foi maioritariamente ocupada por Gustavo Assunção, que também era capitão de equipa. A dupla conviveu cerca de meio mês, até ao luso-brasileiro se transferir para o Galatasaray (Turquia).
"Enquanto cá esteve, só posso dizer bem do Gustavo. Herança? Não senti esse peso. Vim para fazer o meu trabalho e o importante não é quem vou substituir, mas sim jogar bem. O Gustavo seguiu a vida dele e é algo que faz parte do futebol", recordou o médio nascido na Suíça.