Empresário fez post no Facebook a 11 de março, dia em que as partes chegaram a acordo. Juiz podia ter recusado termos do entendimento homologado no processo de difamação
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O tribunal de Esposende só esta terça-feira de manhã validou o acordo entre Cássio e César Boaventura, num processo de difamação com início em fevereiro e março de 2018, mas há 12 dias o empresário já tinha publicado a retratação que encimava a lista de exigências do antigo guarda-redes do Rio Ave para evitar chegar à leitura da sentença do julgamento.
Em fevereiro de 2018, Boaventura escreveu, entre outras coisas: "Compra-se guarda-redes por golo", referindo-se a um jogo do Rio Ave frente ao FC Porto. Há 12 dias, sem estar consumado judicialmente (só esta terça-feira, depois do juiz homologar o acordo é que está consumado), escreveu: "Eu e o guarda-redes Cássio chegámos a acordo no processo do Tribunal de Esposende. Ele retirou a queixa que tinha apresentado contra mim". De facto, só esta terça-feira é que a queixa foi retirada, tendo esta publicação de César Boaventura sido considerada precipitada do ponto de vista meramente legal - o juiz podia ter recusado os termos do acordo, mas o cumprimento da principal exigência (retratação de Boaventura e reposição do bom de Cássio) já estava produzida e publicada.
Post de César Boaventura no Facebook a 11 de abril de 2019
Este processo, sabe O JOGO, nasce na sequência do Jogo Duplo, que começou por ser investigada pela PJ do Porto, mas foi posteriormente, com a justificação de agregar os vários processos conexos, transferida pela Procuradoria Geral da República para a PJ de Lisboa, causando algum mal-estar na polícia de investigação nortenha.
Cássio começou por exigir uma indemnização de 15 mil euros, mas mostrou-se disponível a retirar a queixa se Boaventura fizesse a publicação de retratação no Facebook a pedir desculpa, retratar-se e repor o bom nome do jogador que agora representa os sauditas do Al Taawon. Mas só no dia 11 de março César Boaventura assinou o acordo nos termos exigidos pelo jogador, fazendo a publicação de retratação ao final desse dia. Hoje, este caso está encerrado.
Segue-se Lyonn
No entanto, deste julgamento saiu o pedido de extração de certidão pela procuradora do Ministério Público que representou o Estado neste julgamento devido às acusações de Lyonn (testemunha) de que Boaventura o terá aliciado a ele, a Cássio e a Marcelo para facilitarem a vitória ao Benfica.
O diretor de comunicação do Rio Ave, Marco Aurélio Carvalho, confirmou que os três atletas informaram a estrutura do futebol profissional do alegado aliciamento.