David Grilo, guarda-redes do Belenenses, cumpre a terceira época no Restelo e ambiciona subir de novo à II Liga com a camisola azul
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David Grilo cumpre a terceira época no Belenenses, clube que lidera a Série B da Liga 3. A O JOGO, o guarda-redes de 28 anos faz um balanço positivo até ao momento e salienta o desejo de voltar a subir de divisão no clube do Restelo, repetindo o feito da temporada 2022/23.
Qual o segredo para a época positiva que estão a viver?
-Existe união, estabilidade e um forte apoio dos adeptos. Mas não nos podemos iludir com o que temos feito até agora e por sermos líderes. Isto é como acaba e temos de continuar focados nos nossos objetivos.
O objetivo do Belenenses é a subida à II Liga?
-Em todas as modalidades e em todos os escalões que tem, o objetivo do Belenenses é fazer sempre melhor. O futebol não foge à regra e, embora encaremos as coisas jogo a jogo, o importante é termos a ambição de subir, mas não nos basta falar.
Subiu com o Belenenses há duas temporadas. Já falou com os novos jogadores do plantel sobre o que sentiu nesse dia?
-Foi um momento único, o melhor da minha carreira até agora. Tornou-se ainda mais especial pela jornada decisiva ter sido em nossa casa. Os últimos momentos desse jogo foram lindos, os adeptos a entrarem em campo e a levarem-nos ao colo. Foi incrível! Falamos muito nesse momento e a mensagem que passamos é que vale a pena fazer todos os esforços e sacrifícios.
Este modelo da Liga 3 é diferente daquele que vigorou em 2022/23. Agora é mais difícil subir?
-Não sei se é mais difícil, mas considero que as equipas que forem mais consistentes terão mais sucesso. Temos de encarar um passo de cada vez, o primeiro objetivo é chegar à fase de subida da Liga 3. Se o conseguirmos, estaremos depois motivados e focados para essa etapa.
Das equipas que já defrontaram, qual foi a mais complicada?
-Arrisco dizer que foi o Caldas. Tem um conjunto de jogadores que já estão juntos há muito tempo e penso que isso ajuda a que tenha um plantel forte. Até ganhámos quando jogámos contra eles, mas sentimos muitas dificuldades.
Estreou-se o ano passado nos escalões profissionais. Apesar de a época não ter corrido bem ao Belenenses, chegou a receber propostas para ficar nesse escalão?
-Houve propostas da II Liga e de fora de Portugal, mas não achei que fosse o momento certo para dar esse passo. Acredito que as pessoas confiam em mim e que posso ajudar o Belenenses a alcançar algo muito grande. A época passada não correu bem, porque descemos, mas serviu de aprendizagem.
Já se sente uma referência no clube?
-Não sei bem se sou uma referência, mas sinto a mística do clube. Na minha primeira época, quando subimos à II Liga, tínhamos um grupo muito forte, ao qual os líderes desse grupo passaram essa mística, tanto a mim como aos restantes. Já me sinto um verdadeiro belenense.
A equipa é treinada por José Sousa. Como está a ser a experiência com o treinador?
-Foi uma pessoa que me surpreendeu, não o conhecia pessoalmente. Vê-se que é uma pessoa do futebol e nota-se que, enquanto jogador, representou grandes clubes. Isso é algo que nos ajuda no dia-a-dia enquanto grupo. Ele percebe bem as necessidades dos atletas, individual e coletivamente. Entende bem o jogo. Precisamos de um líder que saiba o que o grupo precisa. O míster Sousa é esse líder.
Vem aí um jogo para a Taça de Portugal com o Gil Vicente. Acreditam que é possível surpreender um adversário de I Liga?
-É um jogo muito bom de se jogar, contra uma equipa de liga superior e com bons jogadores. Não há vencedores antecipados e espero que o Gil Vicente venha com a tarefa bem estudada. Somos uma equipa forte, aguerrida e unida, e acredito que vamos fazer uma boa exibição.
A pressão está mais do lado do Gil Vicente, por ser do principal escalão?
-A pressão vai estar dos dois lados. Ambas as equipas querem passar a eliminatória e não nos podemos agarrar a medos ou receios. Vamos estar focados e temos aquele sonho de chegar à final da Taça de Portugal, tal como todos os clubes que participam na competição.
Rebeldia levou-o para a baliza após castigo imposto pelos pais
David Grilo contou a O JOGO que nem sempre quis ser guarda-redes, mas a sua rebeldia acabou por o levar a jogar nessa posição. “Joguei à frente até aos dez anos, até que, como era rebelde, os meus pais puseram-me de castigo e fiquei sem jogar uns tempos. Entretanto, um treinador, Paco González, que até foi ex-jogador do Belenenses, ligou aos meus pais a dizer que precisava de alguém irreverente e louco para jogar na baliza, porque o guarda-redes titular estava lesionado. Fiz um jogo muito bom, defendi dois penáltis e fui logo pedir luvas aos meus pais”, recordou o guardião, revelando o seu ídolo na posição. “Quando comecei a ver futebol, o Casillas estava no auge. Não era muito alto, mas era ágil e sempre pensei que podia ser como ele. Cheguei a vê-lo jogar ao vivo quando esteve no FC Porto.”