Um restaurante aberto às 2h00 e um presidente que não quis o avião: "Aquilo pode cair!"
Casa Pia garantiu a subida à II Liga e O JOGO foi saber mais junto dos heróis.
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Para João Coito, à terceira foi de vez. O capitão do Casa Pia, há nove épocas no clube, já tinha disputado o play-off de subida em 2015 e 2016, mas 2019 foi o ano em que o sonho se concretizou. Gato escaldado... "Há sempre ansiedade e o pensamento de que pode não correr bem, mas desta vez, até porque o primeiro jogo tinha corrido bem, senti que podia acontecer", lembrou o médio casapiano.
Confiante estava também o treinador Luís Loureiro que, apesar "do terreno impróprio para o futebol, que devia ter levado à interrupção do jogo", acabou por viver "o momento mais alto da carreira".
As agruras da época foram maiores do que o jogo na Terceira, com o Praiense. "Todo o contexto não era fácil, com muitos treinadores, processo (castigo a Rúben Amorim)... as dificuldades foram muitas, mas os jogadores tiveram carácter e fizeram da adversidade uma força", considerou. Para o capitão, aos festejos seguiu-se uma ronda de trabalho. Recebeu o primeiro cliente, na sua clínica de fisioterapia, às 10h. Também aí, a festa continuou... "Era uma pessoa com a qual tenho confiança e deu-me um abraço e os parabéns. A maioria dos meus pacientes sabem que jogo, acham piada e incentivam", revelou o atleta.
Após a subida, João Coito não sabe se se vai estrear nas provas profissionais, mas "gostava", assumiu. "A minha profissão é a prioridade. Se os responsáveis do clube acharem que é compatível coma II Liga, terei todo o gosto", disse. Até à conversa, lembra o treinador, há mais um jogo. "Queremos ser campeões", revela Luís Loureiro.
Restaurante abriu às 2h00 para receber equipa
O mau tempo que assolou a região dos Açores, em especial a ilha Terceira, atrasou o voo de regresso da equipa do Casa Pia, que seguiu para o aeroporto logo após o jogo. Atrasados e sem comer nada, a equipa "vinha cheia de fome", contou o presidente Vítor Franco. "O restaurante Dom Leitão abriu excecionalmente para nós. O responsável da casa também é casapiano e abriu pouco antes das 02h00 para fechar já depois das 3h00."
Líder surpreendido faz contas à vida
"Já estou refeito da emoção de ontem, mas estou preocupado com a emoção de hoje, por causa das implicações financeiras de jogar na II Liga", desabafou Vítor Franco, presidente do Casa Pia, surpreendido pelo feito dos seus atletas. "Estou satisfeito, evidentemente, mas não esperava. Os jogadores estavam confiantes, mas eu não", admite o líder reeleito em maio para mais três anos de mandato.
O medo de andar de avião - "aquilo pode cair!" - fez com que visse o jogo em casa com o filho. Festejou, como era de esperar, para depois passar às contas. "Despesas com o plantel, obrigados a contratos profissionais de dois salários mínimos, segurança social, deslocações e estadias... as despesas sei quais são, tenho é de arranjar receitas!", aponta. Uma coisa é certa, quer continuar a jogar no Estádio de Pina Manique!
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