Após passagens por Sporting, Braga, Panathinaikos, Metz e Fiorentina, Carlos Freitas aceitou o desafio de se tornar diretor-geral do V. Guimarães em caso de triunfo eleitoral do candidato da Lista B, Miguel Pinto Lisboa. O gestor de ativos contou a O JOGO como surgiu o convite e o que espera alcançar em caso de sucesso no ato eleitoral de sábado. Recordou os tempos em que em criança via o clube minhoto assiduamente na Taça UEFA (abordou em concreto desafios da edição de 1986/87 da prova que antecedeu a Liga Europa), algo que pretende alcançar neste projeto.
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Depois de várias experiências no estrangeiro, como surgiu a possibilidade de integrar a lista do candidato às eleições do V. Guimarães, Miguel Pinto Lisboa? Como define este projeto?
Fui abordado por Miguel Pinto Lisboa, transmitiu-me um conjunto de ideias que me pareceram altamente ambiciosas, mas também ao mesmo tempo altamente praticáveis. Reconheço, desde que me conheço, a grandeza e potencial do Vitória. Está inserido num tecido humano que é muito particular no contexto português, habituei-me até quando era apenas um mero estudante a ver jogos da Taça UEFA... lembro-me de um Vitória-Groningen à tarde com o estádio completamente cheio com um tridente ofensivo que nesta altura valeria muitos milhões, formado por Ademir Alcântara, Paulinho Cascavel e Roldão.
Já esteve no rival Braga, num trabalho muito elogiado que contribuiu para que o Braga se estabelecesse como o quarto clube na hierarquia nacional. Espera conseguir algo semelhante no V. Guimarães?
O efeito Braga deve-se muito ao trabalho do clube desde que a atual Direção tomou posse. Faz parte do meu percurso profissional, foram dois anos com ótimos resultados fruto de trabalho coletivo. Não me concentro muito no que foi feito em Braga, são clubes diferentes e com raízes diferentes. O que me empolga e que me entusiasma é o potencial que o Vitória tem em termos de desenvolvimento e crescimento e a possibilidade/perspetiva de integrar uma equipa que tem isso como objetivo: engrandecer o clube e dar-lhe uma estabilidade competitiva forte, ambiciosa, com tendência e linha de crescimento que seja difícil de perspetivar nesta altura.
Há um teto ou metas estabelecidas?
Seguramente se jogarmos três vezes por semana teremos três objetivos, se forem duas teremos dois objetivos... É ter um espírito de ambição forte, uma equipa que vá disputar cada jogo com um único objetivo. Sendo certo e seguro que muito provavelmente não seremos capazes de ganhar todos os jogos. Mas a grandeza do clube obriga a que essa ambição esteja presente, ou seja, não dar nenhum jogo como perdido.
Essa memória do jogo com o Groningem acaba por ser um objetivo, tornar a participação europeia mais regular?
Sim, certo, mais recorrente. Lembro-me também do jogo com o Atlético de Madrid, à noite, onde havia uma mancha branca no antigo Estádio Vicente Calderón que impressionou até os espanhóis. É sabida a paixão dos adeptos do Vitória, é sabida a força que tem em momentos altamente positivos e também quando a dificuldade chega, nunca deixam a equipa só. É aproveitar esse potencial, é dotar a equipa técnica de meios e recursos humanos que lhe permitam ter a ambição que queremos. E ponto final. Agora é trabalhar.
"Habituei-me a lidar com as realidades e não com sonhos"
Que capacidade tem o V. Guimarães para competir no mercado, afinal de contas a sua área de ação principal?
Isso é uma pergunta mais direcionada ao dr. Miguel Pinto Lisboa. Eu trabalharei com os meios que a administração da SAD me puser à disposição. Haverá uma lida, haverá tetos. Habituei-me ao longo dos anos a lidar com as realidades e não com sonhos.
Já definiu a estratégia de ataque ao mercado?
Se e quando a Lista B for vencedora no sábado, a primeira tarefa é sentarmo-nos com o treinador, escutá-lo em relação ao modelo de jogo que tem em mente, aos sistemas que pretende implementar para desenvolver esse modelo. E a partir daí discutir os pontos e lugares em que o plantel possa ser mais carenciado.
Não vai atacar o mercado nesta fase eleitoral, como sucedeu por exemplo quando acompanhou Godinho Lopes na candidatura ao Sporting, na qual se falou de vários reforços?
Estamos a falar de um cenário diferente. Estamos a pouco mais de um mês do fim do mercado, quando a situação citada foi em março com vários meses para preparar o defeso. Agora estamos a falar de um esqueleto de uma equipa que já tem alguma densidade. Obviamente não será o produto final, mas primeiro queremos ouvir o treinador porque é parte integrante de uma ideia.
O candidato Miguel Pinto Lisboa definiu-o como um "técnico irrepreensível" na "sua área de competência". Como explica essa afirmação?
Nunca vou ser eu a comentar objetivos que me colam a mim. O autor da frase terá de desenvolver. Desde 1999 tenho esta atividade profissional, tive a sorte de trabalhar nos clubes em que já estive que me permitiram ter uma experiência que considero bastante interessante. Já cometi erros e vou continuar a cometer erros a partir do momento em que faço escolhas, mas não tenho de me envergonhar do meu trajeto profissional. Tenho dificuldade em definir-me.
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