"CAR? Depois do licenciamento, teremos entre um ano e meio a dois de construção pela frente"
André Villas-Boas revelou que terá apenas de decidir o "veículo financeiro" para prosseguir o investimento no Centro de Alto Rendimento, numa altura em que os terrenos foram já adquiridos.
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O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, admitiu esta quarta-feira a possibilidade de avançar para a contratação de um defesa central, de modo a fazer face à lesão de longo prazo do futebolista argentino Nehuén Pérez.
Na apresentação do relatório e contas relativo ao exercício da época 2024/25, em que a SAD portista demonstrou um resultado líquido positivo de 39,2 Milhões de Euros (ME), o mais lucrativo de sempre, o dirigente azul e branco aludiu à hipótese de reforçar ainda mais a equipa, depois do maior defeso da história do clube em termos de contratações.
"Temos um plantel equilibrado, mas infelizmente temos vindo a sofrer lesões. Não é impossível que pensemos no mercado de janeiro para nos reforçarmos com outro defesa central. Não quer dizer que seja obrigatoriamente uma compra, mas potencialmente um empréstimo. Portanto, isso são considerações que o técnico irá ter e depois atuaremos em conformidade", afirmou Villas-Boas.
No documento submetido durante a manhã de hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os dragões apresentaram uma inversão do prejuízo obtido nos dois períodos homólogos anteriores, com uma melhoria histórica de mais de 100 milhões no capital próprio, que agora se situa em cerca de 10,5 ME negativos.
Perante um cenário em que o passivo total reduziu apenas um ME, apesar do aumento muito significativo do ativo (101 ME) e da diminuição do passivo corrente (117 ME), é imperativo que o clube volte a disputar a Liga dos Campeões, de modo a evitar uma terceira quebra consecutiva nos prémios da UEFA.
"Dada a dimensão desta componente, é muito difícil no nosso mercado compensarmos com outro tipo de receitas. Uma vez que os direitos televisivos, até julho de 2028 são fixos, apenas as receitas comerciais poderiam alavancar. Mas é impossível crescer 30 ou 40 ME por aí, pelo menos no curto prazo. Noutros mercados, seria possível, mas em Portugal é difícil", reconheceu o diretor financeiro José Pedro Pereira da Costa, que dirigiu a apresentação das contas portistas.
Pereira da Costa assumiu que a diminuição do passivo, situado nos 519 ME, não é "propriamente um objetivo", desde que o ativo corrente consiga acompanhar o passivo corrente, algo já conseguido no presente exercício.
Sobre o Centro de Alto Rendimento, a ser construído junto ao complexo de treinos, no Olival, Villas-Boas revelou que terá apenas de decidir o "veículo financeiro" para prosseguir o investimento, numa altura em que os terrenos foram já adquiridos.
"Estamos na fase de licenciamento, está tudo regular. Temos apenas de decidir qual será o veículo financeiro, ou seja, se procuramos uma parceria ou avançamos para a construção com fundos próprios. Depois do licenciamento, teremos entre um ano e meio a dois de construção pela frente", disse o presidente.
O líder portista destacou a operação Dragon Notes, a maior emissão obrigacionista da história do futebol português, de 115 ME e por 25 anos, no mercado dos Estados Unidos, e o negócio com a sociedade Ithaka Infra III, que adquiriu 30% dos direitos económicos da empresa de exploração comercial do Estádio do Dragão, num encaixe de 65 ME, 50 já pagos, que podem perfazer um total de 100 ME.
"Houve uma transformação profunda do ponto de vista operacional, de gestão das finanças do clube. Evidentemente o resultado é altamente vinculado a operações que fizemos, das quais destacamos a Dragon Notes e a Ithaka, que têm impacto direto sobre os resultados destas contas, bem como as vendas que o FC Porto executou no verão do ano passado e em janeiro deste ano", resumiu.
Tanto Villas-Boas como Pereira da Costa asseguraram que o maior investimento da história em contratações de jogadores, realizado no mercado de verão, com custo total superior a 111 ME, é "sustentável" e suportado pelas vendas realizadas nos dois defesos anteriores (171,52 ME).
Sobre se a aposta forte na atual época desportiva terá impacto nas contratações em épocas futuras, ou obrigar a posteriores cautelas, Villas-Boas disse não "fazer futurologia".
"Não posso fazer futurologia a 2028 [quando o FC Porto começa a pagar o empréstimo obrigacionista de 115 ME]. Não sabemos como será o futuro em termos de direitos televisivos, de Liga dos Campeões. O FC Porto tem a responsabilidade da Dragon Notes, mas, sem esse compromisso a 25 anos, não seria, neste momento, um clube de associados, como queremos que seja para sempre", concluiu.