Nuno Januário fala do sonho de a equipa poder lutar pela primeira vez pela ascensão à II Liga, após provas de sofrimento. O Caldas lidera a Série B da Liga 3, embora com um jogo a mais. Segundo o ala, um dos atletas com mais anos de casa (11), a equipa tem armas para se manter no topo e almejar os quatro primeiros lugares.
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O Caldas iniciou de forma promissora a Liga 3, tendo apenas uma derrota no campeonato em seis jogos, contabilizando 11 pontos, que colocam a equipa no topo da Série B, embora com um encontro a mais do que alguns adversários. Nuno Januário, que faz parte do lote de capitães, admite que a equipa pode sonhar pela primeira vez em chegar à fase de subida, mas o histórico recente nesta competição aconselha alguma prudência.
O Caldas lidera a Série B. Contava estar neste lugar?
-É uma posição que se calhar não alcançámos muitas vezes. Trabalhamos para estar sempre no topo, mas também estamos à condição, porque temos um jogo a mais. É uma posição em que toda a gente quer estar e vamos tentar mantê-la durante o máximo de tempo possível.
A equipa só perdeu um jogo. Quais têm sido as principais armas?
-É a união, é uma equipa que vem de há muitos anos. Temos uma grande espinha dorsal e cada jogador que entra, vem para acrescentar, entrosando-se rapidamente. Consegue produzir muito mais com esta união que existe entre todos os jogadores.
Na época passada, o Caldas terminou em sofrimento e até houve alguma contestação. O que mudou?
-Gostamos de andar sempre um bocadinho à justa, com a manutenção a ser conseguida na última jornada ou penúltima. No ano passado, até conseguimos mais cedo, faltavam três jogos para acabar a época. Somos uma equipa muito humilde. Os nossos adeptos gostam de ver o seu clube sempre no topo, mas às vezes não é possível e eles também têm a sua opinião. Às vezes são um bocado críticos com a nossa prestação, mas temos de saber lidar com isso. Fazemos tudo para honrar este símbolo!
O treinador também foi alvo de algumas críticas, foi uma boa decisão manter o José Vala?
-As críticas ao míster e aos jogadores vão sempre acontecer. Houve uma mudança de Direção no ano passado e a continuidade de José Vala foi o melhor para todos. Conhece esta casa como ninguém.
Como lidaram com a saída do Thomas Militão, um jogador com grande peso na equipa?
-Foi um bocado difícil. Inicialmente não acreditei nem aceitei muito bem, mas o futebol é assim. O clube mantém-se e os treinadores, jogadores e diretores saem. Com os jogadores que tínhamos, que já faziam parte da estrutura de capitães, importantes no clube, como Clemente, João Rodrigues, Farinha, Pepo ou Wilson, tentámos passar essa mística que o Militão nos passava. Ajudámo-nos e tentámos colmar a sua saída.
Em quatro edições da Liga 3, nunca conseguiram ficar nos quatro primeiros. Sentem que pode ser este ano?
-Sim. Pode ser este ano e vamos fazer por isso. Todos os anos tem sido à justa. Por um ponto ou dois, ou às vezes por diferença de golos. Tentámos sempre ficar nos quatro primeiros. Se ficarmos aí, vamos lutar para subir. Se ficarmos nos seis abaixo teremos de lutar pela manutenção.
O próximo jogo é contra o Belenenses, uma equipa que também luta pelos lugares cimeiros...
-Será um jogo difícil na casa do Belenenses. Vamos em busca dos três pontos. Entrámos em todos os jogos para ganhar. Temos as nossas armas, eles também têm as deles e vamos tentar feri-los nas suas fraquezas.
Está no Caldas há 11 épocas seguidas. É o jogador com mais anos de casa? O que transmite ao grupo?
-O Luís Farinha tem mais um ano ou dois [13], a seguir sou eu. Foi sempre um clube em que todos se sentem bem. É um clube muito familiar, próximo dos jogadores. A Direção também é muito próxima e isso torna tudo mais fácil. Qualquer jogador que passe aqui fica sempre marcado, é um clube histórico e que vai continuar a fazer história. Já faço parte dos capitães há três anos. É uma posição que tem alguma importância, mas qualquer um pode fazer parte do lote, pois todos estão abertos a falar, a dar a sua opinião.
Tanto pode jogar como lateral-direito ou extremo, qual delas prefere?
-Fiz todo o meu percurso de formação a médio. Depois, descaí para uma linha. Jogo a extremo ou lateral-direito. Prefiro jogar a ala porque jogámos numa estrutura de três defesas [3x5x2 ou 3x4x3] e sinto-me bem aí.
Formação no Sporting ao lado de craques e o trabalho no armazém
Aos 29 anos, Nuno Januário teve como ponto alto o início de formação no Sporting, onde esteve cinco anos. "O clube mais marcante foi o Sporting. Cresci muito como pessoa e homem, apesar de ter sido muito cedo, nos iniciados. Joguei com o Rafael Barbosa, Joca, Bruno Wilson, Podence e Gelson Martins, que conseguiram chegar a outro patamar", recordou o extremo, que também gostou das passagens pelo Belenenses e Torreense. Sobre a longevidade no Caldas (11 épocas), apenas superado por Luís Farinha (13), assume que a ideia é terminar a carreira no clube. "Não tenho outro pensamento. Um dia pensei ser profissional, mas não o consegui e agora o objetivo é desfrutar do futebol aqui. Tenho vida profissional na zona das Caldas, como chefe de um armazém de produtos hortícolas; é mais fácil ser feliz aqui".