Burocracia desviou-o para Portugal e destaca-se na Liga 3: "Tento copiar o estilo do Neymar"
Guilherme Neiva já leva três remates certeiros pelo Oliveira do Hospital e está perto de ultrapassar a melhor marca pessoal
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Guilherme Neiva tem sido um dos destaques do Oliveira do Hospital esta temporada. No ano de estreia na Liga 3, o extremo brasileiro, de 23 anos, já apontou três golos e está a um do melhor marcador da competição, Diogo Ramalho. A O JOGO, o ala recorda o percurso desde que chegou a Portugal, então para os juniores do Valadares Gaia, até à passagem pelos distritais de Braga, com a camisola dos Caçadores das Taipas, e pelo Campeonato de Portugal, representando Vianense e Sandinenses.
Nos últimos três anos, o extremo brasileiro passou pelos distritais de Braga e também pelo Campeonato de Portugal. Esta é a época de estreia na Liga 3 e está a ser um dos destaques da competição.
“Há um bom entrosamento com a equipa e os meus colegas têm-me ajudado. Falam muito comigo e orientam-me”
Marcou três golos em quatro jogos pelo Oliveira do Hospital. Esperava um começo tão bom de época?
-Para ser sincero, não contava ter estes golos em apenas quatro jogos. Até porque a Liga 3 é um campeonato mais difícil do que aqueles que estava habituado a jogar. Felizmente, há um bom entrosamento com a equipa e os meus colegas têm-me ajudado. Falam constantemente comigo e orientam-me, dizendo o que devo fazer. Sinto que estou a evoluir e vou continuar a dar o melhor.
Guilherme Neiva já marcou três golos e o máximo que conseguiu foram quatro na mesma época
O melhor que conseguiu em termos de golos numa época foram quatro. Sente que esse número vai ser facilmente ultrapassado?
-Ultrapassar essa marca era um dos objetivos que tinha quando cheguei ao Oliveira do Hospital. Esta é uma época em que estou a ser titular com mais regularidade, tenho sido opção desde a pré-época. Isso motiva-me muito e faz-me acreditar que posso marcar mais golos.
Neste momento está a um golo do melhor marcador da Liga 3. Ambiciona conquistar o troféu de goleador da prova?
-Era algo que não me passava pela cabeça quando a época começou. Mas, depois de um começo tão bom, posso dizer que se tornou um objetivo.
Depois de dois anos no Campeonato de Portugal, como surgiu a mudança para o Oliveira do Hospital?
-Estava de férias no Brasil quando fui contactado por um analista do Oliveira do Hospital. Tinham-me visto jogar e queriam contar comigo. Fizeram-me uma proposta, analisei e aceitei. Era um aliciante poder jogar na Liga 3, senti que era o melhor para a minha carreira naquele momento.
“Na Liga 3, há mais espaço para jogar. No Campeonato de Portugal, o jogo era mais corrido”
Que diferenças sentiu na Liga 3 relativamente aos campeonatos em que jogava?
-A diferença é que nesta prova há mais espaço para jogar, o que por um lado se torna mais fácil. Assim, os meus colegas conseguem ver rapidamente quem está mais bem posicionado. Os relvados também são melhores em relação aos do Campeonato de Portugal, onde jogávamos, na maioria das vezes, em sintéticos, e isso tornava o jogo mais corrido.
O facto de a maioria dos jogos da competição serem transmitidos é um aliciante?
-Claro que sim. Permite que os meus familiares e amigos no Brasil possam ver-me jogar. Por causa disso, este ano tenho recebido muitas mensagens de pessoas amigas que acompanham os jogos e que me dão feedback, se joguei bem ou mal; se fiz isto certo ou errado...
“O nosso treinador quer formar uma equipa ganhadora para que no final da temporada venham bater à nossa porta com propostas”
Quais os objetivos do Oliveira do Hospital para esta temporada?
-A nossa ambição no balneário é ficar entre os quatro primeiros e chegar à fase de subida. Sabemos que não será fácil, mas somos ambiciosos. E há a noção de que se alcançarmos essa fase, temos logo a permanência garantida. Na fase de subida, também há mais visibilidade e o nosso treinador quer formar uma equipa ganhadora para que no final da temporada venham bater à nossa porta com propostas de clubes maiores.
“Ambiciono chegar à I Liga em três anos”
Certamente que tem o sonho de jogar na I Liga. Dentro de quantos anos espera alcançar esse objetivo?
-Se continuar a evoluir bem e a fazer boas épocas, acredito que num espaço de três anos posso chegar a esse patamar. Temos de ser ambiciosos e querer sempre o melhor para as nossas carreiras. É verdade que comecei nos distritais, mas tenho trabalhado para jogar em campeonatos mais competitivos. Sei que será difícil atingir esse objetivo, mas sinto que tenho capacidade para chegar à I Liga.
“Tento copiar o estilo de Neymar nos dribles”
Qual o seu ídolo no futebol?
-Desde criança que gosto muito do Neymar, cresci a vê-lo jogar na minha posição. Para mim, é um jogador completo. Tento copiar o estilo dele, principalmente nos dribles e na visão de jogo.
Espanha era o destino, mas burocracia desviou-o para Portugal
Guilherme Neiva tinha apenas 18 anos quando deixou o Cruzeiro e viajou para jogar no futebol europeu. O destino não era Portugal.
“Fui primeiro para o Alcorcón, em Espanha. Por uma questão burocrática, acabei por não conseguir jogar oficialmente. Fiz um particular com o Leganés e alguém do Valadares Gaia viu-me jogar. Convidaram-me e resolveram os problemas burocráticos que existiam. E foi assim que vim para Portugal”, lembra o extremo do Oliveira do Hospital, que teve algumas dificuldades em adaptar-se: “Vim para a Europa sozinho. O mais difícil foi taticamente ao nível do posicionamento. Tive de aprender a jogar sem bola. Depois, devido à covid-19 também perdi dois anos de sub-19. Apesar desse percalço, sinto que tenho evoluído e encaixado bem nos clubes por onde passei”.