Abater colossos, incluindo campeões europeus, não é novidade para os guerreiros
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Não tivesse sido construído numa pedreira e o estádio do Braga arriscava-se a abanar, esta noite, sob o peso do palmarés do adversário: 14 Ligas dos Campeões, cinco Mundiais de Clubes e outras tantas Supertaças Europeias, além de 38 ligas espanholas, apenas para citar o mais significativo, soam a assustador. Comparar merengues e bracarenses a este e outros níveis - como orçamentos ou valor dos plantéis - é tão desigual que quase parece desonesto. Não fosse estarmos a falar de futebol - e não de matemática -, onde a história, a mesma que nos conta as façanhas dos reis da Champions, revela que outros tubarões antes deste levaram um soco em cheio no nariz desferido por este mesmo emblema minhoto. E se é assim que se trava o maior predador dos mares, por que não dar ao Real o mesmo tratamento dispensado num passado relativamente recente a Arsenal, Liverpool e Marselha? E, já agora, ao único rival espanhol que apareceu pela frente ao Braga na UEFA, um Sevilha de excelentes memórias.
Liverpool, Marselha e Arsenal, clubes de topo da Europa, foram vítimas do Braga, que já antes da reviravolta com o Union Berlim tinha boas histórias para contar de adversários das cinco grandes ligas
Uma derrota na Taça UEFA de 2006/07 com a equipa andaluza antecedeu a épica pré-eliminatória que pôs o Braga na Champions de 2010/11, então a primeira das três presenças, incluindo a atual. Os guerreiros venceram em Braga (1-0) mas foi no sul de Espanha que mostraram a verdadeira pele, ganhando por 4-3 e silenciando um efervescente Sánchez Pizjuán, que acabou a aplaudir Matheus e o “hat-trick” de Lima.
Um outro Matheus, avançado, bisou contra o Arsenal e fez dois golos em dois jogos ao Sevilha; Alan marcou a Liverpool e Marselha
Até esta noite, é este o registo, favorável, contra espanhóis de um Braga que pode continuar a inspirar-se nessa temporada, na qual, com Domingos Paciência ao leme, caíram mais dois colossos da Europa dos grandes, as chamadas ligas Big-5. Na fase de grupos da prova milionária, o Arsenal, então de Arsène Wenger, terceiro da Premier League e com figuras como Fàbregas, Rosicky e Nasri, viveu uma troca de papéis - a jogarem de amarelo, os “gunners” foram abatidos por outros arsenalistas (2-0), graças a um bis do avançado brasileiro Matheus. Terceiro no grupo, o Braga caiu para a Liga Europa, onde amassou outro emblema de respeito, o Liverpool, que então ostentava já cinco das seis Champions que tem no museu. Desta vez foi Alan a pôr o carimbo numa viagem que só terminou na final de Dublin, perdida para o FC Porto.
Outro campeão europeu, por sinal o primeiro vencedor da Liga dos Campeões, deixou o escalpe na Pedreira. E por duas vezes! Em 2015/16 e 2017/18, ambas na Liga Europa, o Marselha foi vergado, primeiro, por Hasssan, Wilson Eduardo e o eterno Alan (3-2) e, depois, por Ricardo Horta (1-0). Matheus, então e atual guardião, pode recordar estas duas histórias na primeira pessoa.