Onze golos marcados à 3.ª jornada não é obra do acaso - é um sinal de que a equipa tem uma predisposição para atacar e tem gente de qualidade para o fazer.
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Não há dúvidas, este Braga encanta e alarga as expectativas dos adeptos sobre o que poderá fazer a equipa neste campeonato.
À 3.ª jornada, o conjunto de um surpreendente Artur Jorge tem 11 golos marcados, score para o qual muito contribuiu a goleada de anteontem ao Marítimo (5-0), com os arsenalistas a explorarem muito bem as asneiras defensivas dos ilhéus - e a isso chama-se eficácia e sentido matador.
É isso que este Braga apresenta como principal característica, no seu novo 4x4x2, num corte com o sistema tático dos últimos anos, mas que está dar grande resultado.
É preciso recuar até ao século passado para encontrar uma equipa tão realizadora com apenas três jornadas disputadas - foi o Sporting, em 1990/91, treinado pelo simpático Marinho Peres, que deixou marcas também em Guimarães e em Belém. As equipas do brasileiro tinham uma grande atração pelo golo, já era assim quando treinou o Vitória de Guimarães e o Belenenses. Nos últimos 33 anos, até onde foi a nossa pesquisa, ninguém marcou tanto até à 3.ª jornadas como esse Sporting (ver quadro nesta página).
Depois do Sporting, só mesmo o Rio Ave se aproximou, com onze golos, em 2014/15, então treinado por Pedro Martins, que fez uma época inolvidável.
Ou seja, apenas o Rio Ave conseguiu fazer onze golos nas três primeiras jornadas. A filosofia de jogo é muito importante e este Braga está vocacionado para atacar e, mais do que isso, montado para isso. Banza, que lidera a lista de melhores marcadores com quatro golos, foi barato - três milhões de euros (comprado ao Lens), porque já se percebeu que o francês vai render muito dinheiro ao Braga em pouco tempo. Os grandes do futebol português ou estavam distraídos ou virados para outras opções, mas os bracarenses foram quem chegou primeiro e em boa hora. Vitinha e Abel Ruiz parecem mais afinados do que na última época - ou será que é a equipa que está montada com outras alternativas de ataque? A maior parte dos jogadores vêm da época anterior e e é inquestionável que Artur Jorge soube trabalhar muito bem o grupo, porque a mudança tática não se nota - costuma-se falar em período de adaptação. Pois bem, a adaptação ao novo sistema tático está feita e com distinção. O novo treinador do Braga já deve ter desfeito algumas desconfianças surgidas quando o seu nome foi anunciado. Os indicadores dizem que António Salvador, mais uma vez, apanhou a concorrência a dormir.