<strong>ENTREVISTA EXCLUSIVA - </strong>Mexicano liderou o balneário do FC Porto por três épocas e vê um respeito e admiração pelo médio que o tornam um bom sucessor.
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O majestoso Wanda Metropolitano, em Madrid, serviu de cenário à primeira grande entrevista de Héctor Herrera a um órgão de comunicação social português após a saída do FC Porto.
A saída (a custo zero) para o Atlético de Madrid esteve longe do imaginado por "El Zorro", que vibrou com o triunfo do FC Porto na Luz esta época e tem visto Corona em bom plano. "Está a jogar muito", elogia
O estádio onde Paulo Futre dá nome a uma sala de reuniões é agora a casa do mexicano, que recebeu O JOGO para uma conversa que segue nas próximas páginas sobre a saída dos azuis e brancos, a passagem de testemunho a Danilo, o momento de Corona ou a relação com o agora companheiro João Félix (ex-Benfica).
"El Zorro" assume que não teve a despedida que imaginava, mas afiança que mantém uma ligação afetiva ao clube e que jogar a Supertaça Europeia no Dragão, que a receberá em 2020, seria um sonho.
Fala sempre do FC Porto com carinho. A despedida foi a que imaginava?
-Falo assim porque o sinto em relação ao clube, às pessoas, à cidade...A tudo. É verdade que a forma como saí não foi a esperada, nem por mim nem por eles, e se calhar por isso também a despedida não foi a que esperava ou imaginava. Para começar, nunca pensei em sair do FC Porto. Mas surgem circunstâncias no futebol e na vida em que é necessário tomar decisões e seguir em frente. No último jogo, no Dragão [com o Sporting], estive toda a semana a imaginar e a sonhar que me despediria com um bom golo, com uma boa atuação minha e da equipa. Se não é o melhor, aquele golo [ao Sporting] foi um dos golos mais bonitos que marquei pelo FC Porto. Sempre tentei dar o melhor de mim ao clube, às pessoas e ser o que elas queriam e esperavam, mas é como digo: são circunstâncias do futebol e da vida. Por vezes, há coisas que acontecem que não são como se espera.
"Estive toda a semana a imaginar e a sonhar que me despediria com um bom golo"
Apesar de não ter renovado, Pinto da Costa elogiou-lhe o profissionalismo publicamente até ao momento da saída. Como recebeu essas palavras?
-Tenho muito carinho, muito respeito e muita admiração pelo presidente pelo que é, pelo que continuará a ser, pela forma como me tratou sempre e por me ter dado a oportunidade de representar o FC Porto. Sempre tentei encarar tudo o que me dizia de forma positiva. Desde que me recordo, o presidente sempre falou bem de mim, sempre deu a cara por mim e eu procurei sempre fazer as coisas bem dentro do campo para lhe agradecer. Por isso, não me resta outra coisa se não agradecer-lhe e desejar-lhe os maiores dos êxitos.
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A braçadeira de capitão que usou várias épocas é agora de Danilo. Acredita que está bem entregue?
-Claro. O Danilo é uma referência do clube. É um jogador de quem as pessoas gostam muito, que é respeitado e admirado no grupo, um jogador de seleção, de muito nível, com presença física... O que posso dizer? Acho que [a braçadeira de capitão] lhe assenta muito bem. Era uma das coisas que as pessoas e o clube também desejavam, e acho que tem sido um capitão com muito mérito.
"O Danilo é uma referência do clube. É um jogador de quem as pessoas gostam muito, que é respeitado e admirado no grupo"
Ainda mantém contacto recorrente com Corona, que é agora o único representante do México no FC Porto?
-Sim, falo muito com ele porque voltamos há pouco tempo à seleção do México, falamos pelo Whatsapp, por Instagram... De todas as formas.
Como tem visto o momento dele? Ainda não marcou, mas é quem mais assistências leva na equipa...
-Sempre que posso acompanho os jogos, os resultados e tento estar atento a todas as coisas. Faço-o pelo FC Porto e pelos demais companheiros e amigos que ainda tenho no plantel. Creio que o Corona passa por um excelente momento. Está "a jogar muito", como se diz em português.
E com os restantes?
-Ainda há uma semana falei com Otávio, depois de ter marcado ao Tondela, e disse-lhe que tem estado muito bem e para continuar assim. Aliás, foi Corona quem fez a assistência para o Otávio. Tenho muito boa relação com eles e noto que estão a atravessar um bom momento. No caso do Corona, julgo que já há alguns anos que vem jogando a um nível muito bom e creio que ainda o pode subir.
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"EXIGÊNCIA DE CONCEIÇÃO DE SIMEONE É IGUAL"
Herrera mudou de país, de cidade, de emblema e até de cores na camisola que usa habitualmente, mas, de acordo com o internacional mexicano, o Atlético de Madrid não é assim tão diferente do FC Porto, e até aponta uma série de semelhanças entre ambos os clubes. Uma dela prende-se com a exigência dos treinadores, Sérgio Conceição e Diego Simeone, que foram companheiros na Lázio no início deste século (1999/2000), quando jogavam.
"Não existem muitas diferenças entre o FC Porto e o Atlético"
Que diferenças encontra entre o FC Porto e o Atlético de Madrid?
-Não penso que existam muitas. Em Portugal, o FC Porto é uma equipa grande - para mim, a maior - e o Atlético, em Espanha, também é uma equipa grande. Ambas querem ganhar, ser competitivas e lidam diariamente com essa pressão própria de equipa grande. Nesse aspeto, as diferenças são poucas. Em termos de qualidade, no FC Porto também existem jogadores de grande nível, que fizeram do clube um grande e um histórico, que com o tempo se assumiu como um dos melhores do Mundo. Aqui pode haver alguma diferença, mas, no resto, são dois clubes parecidos. Até na forma de viver o futebol e de te fazerem sentir que pertences a uma grande família são muito idênticos.
Disse em entrevistas em Espanha ou no México que Sérgio Conceição e Diego Simeone são parecidos. Em que características?
-São parecidos na exigência, na forma agressiva e rígida de jogar, são ambos bastantes fortes nos treinos... Julgo que estas são as principais.