Boloni admite que Jardel consumia cocaína: "O jogador com quem tive mais problemas"

Jardel no Pavilhão João Rocha
O treinador romeno que foi campeão em 2001/02, recordou os problemas que teve com o avançado na época seguinte devido à dependência deste com droga
Corpo do artigo
Leia também Antigo internacional pela Ucrânia morre durante jogo de veteranos
Mário Jardel, um dos maiores goleadores que passou pelo futebol português, assumiu em 2008 que foi viciado em cocaína, uma dependência que na segunda temporada ao serviço do Sporting, em 2002/03, o impediu de jogar com regularidade, conforme revelou Laszlo Boloni, treinador que na época anterior tinha sido campeão, em declarações ao podcast "Vorbitorincii".
O treinador romeno, hoje com 72 anos, apontou o atacante brasileiro, hoje com 52 anos, como jogador mais problemático que orientou, lembrando que perderia 15 de 34 jornadas nessa segunda época de leão ao peito alegadamente por testes internos positivos.
"O jogador mais difícil de treinar e aquele com quem tive mais problemas foi com o Jardel. O pai e a mãe dele eram alcoólicos, o problema era esse. Eu escrevia a equipa no quadro, na presença dos jogadores, colocava-o no onze e o médico fazia-me sinal de que não era possível porque o Jardel estava com... [faz gestos no nariz]. Eles faziam o teste, para percebermos se o médico lhe podia dar luz verde para jogar, e ele estava positivo", descreveu Lazlo Bölöni, antes de contar como tentou recuperar Jardel.
Questionado sobre qual o jogador mais problemático que treinou durante a sua carreira, Bölöni, de 72 anos, apontou a Jardel e à temporada 2002/03, quando Jardel falhou 15 de 34 jornadas do campeonato, por alegados testes positivos a cocaína, realizados pelos médicos do Sporting, que o impediram de ir a jogo. Jardel acabaria por ser cedido ao Bolton, em 2003/04.
O técnico assegurou que procurou ajudar Jardel, revelando ainda: "Era um treinador jovem, fiz um grande esforço. Estou em paz com a minha consciência, fiz o que pensava estar certo. Um dia disse-lhe: "Vou levar-te para o estágio comigo. Vamos e ficamos lá fechados, eu no meu quarto e tu no teu. Conversamos, comemos, treinamos, corremos." Ele concordou. Fiquei com as chaves do carro e dormi com ele no centro de estágios. Eu estava a fazer horas extras nessa segunda época. Além disso, telefonava para o Brasil, falava com a mulher dele, a Karen, e com a filha", antes de contar que tudo descambou. "Começou tudo bem, mas depois tornou-se terrível. Ao fim de seis dias ele disse-me: "Não me sinto bem, vou ter de sair durante algum tempo, mas volto." Respondi-lhe: "Mário, eu conheço-te. Não vais a lado nenhum. Vamos lá fora, vamos correr, fazer um exercício". E ele: "Sim, sim, mas eu volto". Eu sabia que ele nunca mais iria voltar. Fez uma chamada, chegou um táxi e ele desapareceu. Apareceu no dia seguinte, mas o médico começou a acenar-me..."
Após uma primeira época em que venceu a dobradinha e posteriormente a Supertaça com forte contributo de Jardel (55 golos em 2001/02 e 12 em 2002/03), Boloni reconhece que os problemas do avançado foram um grande golpe na segunda temporada. "Perder Mário Jardel na minha segunda época no Sporting foi uma grande derrota para mim. Ele tinha marcado mais de 40 golos na primeira temporada; na segunda estava em seis", afirmou com tristeza.
Diga-se que, após as revelações de Jardel em 2008, Luís Horta, antigo diretor do laboratório de análises do Conselho Nacional Antidopagem, assegurou que o antigo jogador brasileiro nunca teve um controlo positivo durante os anos em que representou o FC Porto (1996-2000), Sporting (2001-2003) e Beira Mar (2006/07).

