Desde lesões a perdas de peso por opção, muito mudou. Além da defesa, também o miolo é outro, com Weigl a ter papel essencial na estratégia, quando era segunda opção em novembro
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Será uma equipa de face lavada e bem distinta da que se viu na primeira volta no Bessa aquela que os encarnados irão apresentar amanhã no Estádio da Luz frente ao Boavista. Na primeira volta da Liga, os axadrezados impuseram um pesado 3-0 à equipa de Jorge Jesus, no primeiro desaire das águias no campeonato, ao qual se seguiria nova perda, contra o Braga (3-2), dois resultados intermediados pelo empate 3-3 caseiro com o Rangers. Agora, avança um Benfica completamente revolucionado em relação ao que visitou o Boavista a 2 de novembro do ano passado, dia que marcou a crise inicial de resultados dos vermelho e brancos, ainda antes da outra, gerada em janeiro, com o assomar de múltiplos casos de covid-19.
No reencontro após o marcante 3-0 no Bessa apenas Otamendi, Everton e Waldschmidt são favoritos a repetir a titularidade
Em relação ao jogo da primeira volta da Liga, antevê-se uma revolução no onze titular com maior incidência no meio-campo e na defesa. Desde logo, há a evidente mexida na baliza, com o ex-Boavista Helton Leite a tirar o lugar então ocupado por Vlachodimos. Mas todo o setor recuado se prepara para uma remodelação, olhando para as mais recentes opções de Jorge Jesus e que nas derradeiras três partidas até conseguiu que nenhum adversário marcasse às águias.
Em novembro, Gilberto, Vertonghen, Otamendi e Nuno Tavares foram os escolhidos para um jogo onde Grimaldo ficou de fora por lesão. Amanhã, o espanhol tem via aberta para jogar, à semelhança dos encontros anteriores, assim como Otamendi, mas o lado direito deve continuar a pertencer a Diogo Gonçalves, ele que tem agradado a Jorge Jesus pela evolução e capacidade ofensiva que acrescenta. Aliás, frente ao Belenenses o agora defesa-direito até fez uma assistência para o segundo golo de Seferovic. Vertonghen, que regressa de lesão, terá o caminho fechado por Lucas Veríssimo caso se mantenham a defesa a quatro. O quarteto defensivo do Bessa nunca tinha jogado junto antes e a dupla Otamendi/Vertonghen jogou ali apenas pela quarta vez junta.
No Bessa, o Benfica sofreu a primeira de três derrotas na Liga: viria a perder logo depois como Braga e, mais tarde, com o Sporting. Atualmente, a equipa vai em três vitórias seguidas
Mas é no meio-campo que mais se nota esta revolução no elenco do Benfica. Weigl, hoje a referência indispensável de Jesus na intermediária e responsável pelos equilíbrios coletivos, era olhado de lado e foi suplente utilizado no Bessa, vendo Gabriel ser escolhido para o onze, com Taarabt. O alemão acabaria por entrar ao intervalo para o lugar do brasileiro, o mesmo acontecendo a Rafa mas para a ala direita onde Pizzi jogou de início. Agora, o camisola 27 é um dos principais motores da equipa e tem vaga reservada no ataque enquanto o 21 tem perdido peso e preponderância, sendo apenas opção principal para o corredor central e... nem sempre.
Da revolução nestes últimos quatro meses também ficou marca no ataque. Na altura, Darwin e Waldschmid foram os eleitos, com o uruguaio a começar aí um ciclo de sete jogos seguidos sem faturar em jogos nacionais. Já o alemão, que amanhã até pode continuar a ser a opção inicial, também arrancou aí num ciclo de seis partidas em branco. Seferovic, figura do momento, foi suplente lançado ao intervalo enquanto Everton foi titular mas sem se mostrar.
Evolução notória do Bessa para o Jamor
Do jogo do Bessa para o do Jamor, onde o Benfica fez frente ao Belenenses a terceira partida seguida sem sofrer golos, vai uma grande distância também traduzida por números. Com o Boavista, as águias tiveram posse de 66,7 por cento, tiveram um acerto de passe de 81,2 por cento e remataram sete vezes para zero golos marcados. Contra o Belenenses, houve menos posse (61,7%), melhor passe (85,2%) e onze remates, o que indicia um domínio territorial mais eficaz em termos de construção de jogo atacante. A defender, no último jogo as águias ganharam contra o Belenenses mais duelos defensivos (60,1% para 59,7), fizeram mais interceções (43 para 38), tudo isso com menos faltas (11 para 15) do que no Bessa.
Bolas paradas por explorar
Um situação que ainda não teve alterações no Benfica é o aproveitamento das bolas paradas. Até ao momento, apenas Rúben Dias, frente ao Moreirense no seu jogo de despedida, após canto e, mais recentemente, Diogo Gonçalves de livre direto contra o Arsenal, conseguiram faturar em lances de bolas paradas. Com mais tempo para trabalhar, Jorge Jesus pode melhorar este índice até final da época e, frente ao Boavista, essa até pode ser situação a explorar. Isto porque os axadrezados já permitiram seis tentos de bola parada: dois livres diretos (FC Porto e Famalicão), dois livres indiretos (Estoril e Nacional) e dois cantos (com o Farense).
Luz será o palco de reencontros
Um Benfica-Boavista é sempre um jogo com o atrativo de ter uma longa história por trás e, no caso da partida de amanhã na Luz, ficará também marcada pelos vários reencontros que irá proporcionar.
Entre eles vai estar o regresso de Jesualdo Ferreira aos encarnados, ele que foi treinador principal das águias desde 2001 até novembro de 2002, quando foi despedido após perder para a Taça de Portugal frente ao Gondomar. Antes, fora também adjunto na década de 80 e de 90, em diferentes períodos. Com o técnico, volta também Javi Garcia, médio que vestiu a camisola das águias três épocas completas, de 2009 a 2012, sob o comando de Jorge Jesus. Com o médio espanhol chega, ainda, o defesa-esquerdo Ricardo Mangas, que fez formação no Seixal e agora veste de xadrez. Também produto das escolas do Benfica, o médio Nuno Santos, fica de fora por estar emprestado. Há, ainda, Angel Gomes, que é filho de Gil Gomes, este também antigo jogador dos encarnados.
No Benfica, Helton Leite terá a possibilidade de rever colegas com quem passou duas temporadas no clube do Bessa, ele que vai agora ser o homem da baliza das águias. Chiquinho também passou um ano de formação nas escolas axadrezadas.