A nível sénior, o emblema da Luz reuniu maior número de títulos em comparação com os demais competidores. Este domingo, na Tapadinha, será garantido o campeonato da II Divisão no desporto-rei.
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Em temporada de estreia, a equipa de futebol feminina do Benfica alimentou-se de goleadas sucessivas, garantiu a subida ao primeiro escalão e prepara-se para receber a taça de campeão da segunda divisão. Este domingo, as encarnadas defrontam o Braga B no Estádio da Tapadinha e, depois do triunfo na primeira mão da final (9-0), só uma hecatombe retirará o título às águias, que tiveram uma época de estreia para recordar e vão erguer o nono título entre todo o universo sénior feminino encarnado em 2018/19.
No futebol e na maioria das restantes modalidades de pavilhão, o Benfica conseguiu somar vários títulos
Com uma equipa bem apetrechada, entre talentosas jovens jogadoras portuguesas e algumas internacionais brasileiras, as encarnadas eliminaram o Braga (campeão nacional e vencedor da Supertaça) nas meias-finais da Taça de Portugal, prova que venceram. Ao sucesso das seniores junta-se o título nacional de juniores, bem como o campeonato regional de sub-17, uma amostra elucidativa do trabalho realizado.
E se nos relvados houve conquistas, as modalidades coletivas de pavilhão também tiveram motivos para celebrar. Orientada pelo antigo internacional Paulo Almeida, além dos triunfos na Supertaça e Taça de Portugal, a formação de hóquei em patins sagrou-se heptacampeã nacional, o que destaca o total domínio das encarnadas. Dos patins e stique para o futsal, a hegemonia manteve-se com o mesmo êxito em todas as provas.
"O Benfica é um modelo a seguir. As modalidades femininas têm qualidade e é esse o caminho"
Em conversa com O JOGO, Bruno Fernandes, que guiou as águias ao tricampeonato de futsal, sente que o Benfica é pioneiro no feminino. "O Benfica é um modelo a seguir. A questão da igualdade de género é algo que me tem movido e me tem feito treinar equipas femininas ao longo de 11 anos. Há um potencial enorme e a aposta tem de ser feita e melhorada, porque há potencial para crescer. É esse o caminho a seguir. As modalidades femininas têm qualidade, têm demonstrado resultados e que conseguem corresponder às expectativas", defende o treinador, que entretanto deixou o projeto encarnado por não ter sido convidado a renovar.
Para Bruno Fernandes, o futsal feminino do Benfica foi protagonista de um "ciclo fantástico" nas últimas três temporadas, numa equipa que não conquistava o título desde 2010. "Foi um início complicado. Foi preciso mudar paradigmas do passado e a partir do momento em que as coisas foram ganhando o caminho certo fez-se um ciclo que até hoje é inigualável e ficará durante muito tempo tempo na memória. O que esta equipa fez nestes últimos três anos será sempre para relembrar", completa o treinador.
Dois regressos com subidas de divisão
A época 2018/19 ficou ainda marcada pelo regresso de andebol e voleibol, reativados 21 e 30 anos depois, respetivamente. No andebol, as águias foram vice-campeãs na II Divisão e garantiram a subida ao escalão principal, enquanto no voleibol o Benfica foi campeão da III divisão, passando ao patamar seguinte das provas nacionais. Também com basquetebol feminino sénior, as encarnadas ficaram-se pelos quartos de final do campeonato. No entender de Bruno Fernandes, o ecletismo no feminino é essencial. "É importante que haja sempre uma equipa feminina dentro de todas as modalidades que os clubes tenham e é uma luta pela igualdade de género, algo de que nem se deveria estar a falar nesta altura", sublinhou o técnico.
Contas feitas, só no escalão sénior o emblema da Luz terá hoje nas mãos o nono título feminino, cotando-se como equipa mais vitoriosa da temporada. No futebol, o Braga averbou dois troféus (Supertaça e campeonato), ao passo que o Leixões, por exemplo, foi mais forte no voleibol, com a conquista do título de campeão e da Supertaça. Também com duplo triunfo surgem Olivais FC, União Sportiva e Colégio de Gaia. Nota ainda para o Sporting que, no voleibol, garantiu a subida ao principal escalão nacional. Depois do seu regresso, há duas temporadas, as leoas sagraram-se campeãs da II Divisão.
Desporto-rei segue o caminho dos sucessos
Iniciado esta época, o projeto de futebol feminino do Benfica cumpriu os objetivos aos quais se propôs. Na segunda divisão, a formação liderada por João Marques alcançou a subida de divisão e conseguiu vencer a Taça de Portugal, feito alcançado no dia em que a formação masculina também conquistou o 37.º título nacional na Luz. Ao intervalo, as jogadoras e staff exibiram mesmo o troféu, sentindo o carinho dos adeptos, que já tinham comparecido em bom número no jogo de apresentação, realizado no Estádio da Luz.
"Muitos criticaram o nosso timing de entrada, mas os resultados estão à vista"
No entender de Fernando Tavares, vice-presidente do Benfica e um dos principais rostos do projeto, o balanço só pode ser positivo. "No fim da primeira época de sempre do futebol feminino no Benfica, estamos mais seguros do que nunca da decisão e da aposta forte que esta Direção fez. É com orgulho que notamos o sucesso total de uma nova área desportiva no clube, quer nas seniores quer na formação", afirma o dirigente a O JOGO. Fernando Tavares recorda que houve vozes críticas, mas que em nada abalaram a decisão de avançar para o futebol feminino. "Muitos criticaram o nosso timing de entrada nas competições oficiais, mas a verdade é que reunimos um lote de boas futebolistas e os resultados estão à vista. Pela Europa fora, ainda há clubes a despertar para esta realidade, como é o caso do Real Madrid, que anunciou agora a entrada no futebol feminino. E é muito bem-vindo", nota o dirigente, responsável por esta área dos encarnados.
Em Portugal, cada vez mais equipas apostam no feminino e Fernando Tavares sente que continuará a haver expansão no sector. "Com a maior mediatização e interesse das massas adeptas, como o Benfica foi bom exemplo nesta época, virão as grandes assistências, mais patrocinadores e maior interesse comercial, com impacto positivo no investimento em equipas profissionais e competitivas. O Benfica está a fazer o caminho que há muito desenhou, portanto em 2019/20 contem connosco na luta por todos os títulos", vincou. A Supertaça, diante do Braga, será o primeiro teste de um projeto que almeja chegar à Liga dos Campeões.
Espaço no Seixal reclamado
Na primeira época em que o Benfica apostou no futebol feminino, esse foi reconhecido pelo universo encarnado como Projeto do Ano. Na Gala Cosme Damião, em março, o prémio foi entregue à team manager, Ana Filipa Godinho, que durante o discurso de agradecimento aproveitou para lançar um desafio ao presidente Luís Filipe Vieira. "A ver se nos arranja um espacinho no Caixa Futebol Campus. Prometemos que não incomodamos muito", disse Filipa Godinho, que, curiosamente, recebeu a distinção das mãos de Fernando Tavares, vice-presidente, dirigente que tem o pelouro do futebol feminino. Durante a época, as encarnadas, orientadas por João Marques, tiveram o Estádio da Tapadinha como quartel-general, tendo realizado o jogo que garantiu a subida de divisão no centro de estágio do Seixal.
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Um grupo que alimenta seleções
Carismática capitã da equipa de futsal, Inês Fernandes também subiu ao palco para receber o prémio de Modalidade do Ano. A médica elencou os feitos do futsal encarnado e relembrou que as águias têm "o plantel mais jovem do campeonato", alimentando ainda as Seleções Nacionais. "Um terço das vice-campeãs europeias são nossas e metade das atletas que conseguiram o primeiro ouro coletivo feminino para o nosso país também são nossas", sublinhou Inês Fernandes, cujo discurso até mereceu brincadeiras, no sentido de que poderia roubar o lugar a Vieira...