A promoção de jogadores como Lindelof, Renato Sanches ou Gonçalo Guedes enfraqueceu a qualidade da formação secundária, mas o principal objetivo foi atingido e o risco estava previsto
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A três jornadas do final da II Liga, o Benfica B enfrenta sérios riscos de despromoção ao terceiro escalão do futebol nacional. No entanto, e mesmo que a queda se consume, o projeto da equipa secundária das águias, segundo O JOGO apurou, é para continuar no ativo. Luís Filipe Vieira e restantes elementos da estrutura do futebol consideram que o objetivo de municiamento qualitativo do plantel principal e, por via disso, dos cofres encarnados justifica a continuidade da aposta nos bês.
Rui Oliveira, consultor do extinto Benfica Stars Fund e profundo conhecedor do futebol de formação das águias, subscreve esta decisão. "O Benfica não irá terminar a equipa, mesmo que desça de divisão. O projeto tem tido resultados e, para além disso, o crescimento dos jogadores pode sempre acontecer em qualquer divisão. É sempre uma questão de atitude dos jovens em treino e em competição, pois se conseguirem afirmar-se em termos de qualidade, tanto podem fazê-lo na II Liga como num escalão abaixo. Claro que é mais difícil jogar na II Liga, mas se um jogador apresentar qualidade, a articulação com a equipa A irá acontecer na mesma", referiu ao nosso jornal.
Com os mesmos 49 pontos que o Mafra e a um da linha de água, onde mora o Atlético (19.º), os encarnados não têm sequer o calendário do seu lado - no próximo domingo viajam para defrontar o Braga B, seguindo-se nova deslocação, para um clássico com a segunda equipa do líder, FC Porto. A fechar, a receção ao Freamunde, que está na luta pela subida à Liga. O cenário é negro, mas as razões estão em grande parte identificadas e passam até pelo êxito que está a ter a equipa principal.
Rui Oliveira concorda com esta análise feita a nível interno. "Uma descida de divisão poderá ter sempre um efeito negativo no que diz respeito à qualidade competitiva onde os jogadores terão de atuar enquanto estão num período de maturação na equipa B. Mas a segunda equipa está a pagar a fatura de a principal estar na liderança do campeonato, pois significa que a aposta feita resultou", esclarece o especialista em scouting, explicando que a má campanha resulta muito do facto de os bês não terem "um plantel fixo para trabalhar durante a semana, nem nos dias dos jogos". "Há sempre jogadores a serem chamados para treinar ou jogar na principal, e o mesmo acontece em sentido inverso. E isso torna muito mais difícil trabalhar os princípios de treino."
A queda para o terceiro escalão poderá, todavia, ter implicações ao nível das contratações, pois "pode condicionar a chegada de jovens internacionais, como o Benfica tem feito. Poderá vir a ser mais difícil convencer este tipo de jogadores, que estão num processo de maturação, a vir completá-lo num campeonato menos aliciante."
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