Amorim tem dado mais minutos ao jovem luso-brasileiro no meio-campo e a exibição contra o Lyon convenceu e deixou-o à porta da titularidade na Supertaça.
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Concluídos os nove jogos de pré-época, Matheus Nunes, Daniel Bragança e Bruno Tabata foram testados ao lado de João Palhinha, o único indiscutível no meio-campo.
A batalha pela posição que era de João Mário vai animar a época e para já Matheus Nunes é o médio com mais tempo de jogo na pré-temporada, ele que perdeu ritmo competitivo em 2020/21 por causa da covid-19, o que o levou a acabar a Liga em gestão de esforço e com os minutos controlados.
Apesar de Bragança ser o mais parecido com João Mário e, provavelmente, o que precisa de ganhar menos rotinas do trio, porque domina a posição desde a formação, agora a aposta para o onze frente ao Braga pode muito bem ser em Matheus Nunes, daí o tempo de jogo no teste mais difícil. Pelo menos, é isso que defende e acredita Manuel Cajuda, em análise a O JOGO.
"É normal que o Rúben Amorim esteja a reconverter o meio-campo. Ele sabe que o Bragança fez um final de época excelente, mas tem o Matheus bem. Se lhe dá mais minutos é porque quer potenciar o coletivo com ele em campo", afirma Manuel Cajuda, técnico de 70 anos, um conhecedor profundo do futebol português.
"Se o treinador tem uma nova ideia, pode pôr um atleta mais tempo para ganhar rotinas. Não se preparam jogadores sem colocá-los em campo", adianta a O JOGO, vendo um Sporting diferente: "Mantém o mesmo sistema tático e, em função dos jogadores que tem, Amorim está a criar diferentes princípios. Está mais retilíneo em direção à baliza."
Dizendo não querer "dar palpites" a um técnico "inovador" e a quem tira "o chapéu", Cajuda concorda que Matheus é bem diferente de João Mário... e que isso é bom: "Ele pensou nas características dos jogadores nas férias. Ele sabe aproveitá-las. O João era mais controlador, o Matheus é mais dinâmico e tem um andamento que o futebol português estranha. Como o Palhinha foi o melhor médio-defensivo no futebol português no último ano, dá segurança para outras soluções mais ofensivas como Tabata e Matheus Nunes. Acho que joga o Matheus frente ao Braga."
O técnico considera que Matheus e Tabata não perdem a nível defensivo para Bragança: "Os três dão o mesmo. E o Matheus até foi lateral direito o ano passado, não foi?! Terá obrigação de saber defender bem."
A exibição contra o Lyon atirou Matheus Nunes para a "pole position" no miolo, sendo até um rival com o qual, na última época, se revelou decisivo.
Camisola 10 pode ser reflexo do futuro em zonas mais interiores
Jovane Cabral parece estar a conquistar o seu espaço, podendo arrancar a titular no trio de ataque. Manuel Cajuda diz que o atleta beneficia da mudança tática e de passar a ter o 10 nas costas. "Vi-o a posicionar-se de modo diferente e gostei. Não foi um extremo declarado, não andou a jogar na linha e depois a fazer diagonais. Jogou mesmo em posição interior. E quem sabe se a nova camisola não quer dizer algo", sugere o treinador, antevendo um posicionamento perto de Paulinho. "Prevejo que a equipa contra o Braga seja a larga base da que jogou contra o Lyon", vaticina o técnico que ontem comemorou 70 anos.