Marcel Keizer tem até sábado para resgatar a abalada confiança de Dost, após as vaias que este ouviu do tribunal de Alvalade, mais sensível a decisões infelizes do que aos números
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O triunfo diante do Portimonense encerrou um ciclo negativo de dois jogos sem vencer e podia ser um convite à reconciliação da equipa com os adeptos. Contudo, no reino do leão os problemas surgem sem pré-aviso e atingem os alvos mais inesperados. Aos 59", Marcel Keizer decidiu substituir Dost, justificando a alteração com o facto de este "não estar em jogo", e o tribunal de Alvalade dedicou uma vaia ao camisola 28, cuja confiança já estava minada por dois jogos seguidos sem marcar. O casamento feliz de dois anos e meio está agora em risco e esta semana será palco de intensa terapia para recuperar o goleador a nível mental e reatar os tempos de lua de mel ao som de "Thunderstruck", dos AC/DC.
Os falhanços decisivos nos jogos frente a Villarreal e Marítimo, que colocaram os leões fora da Liga Europa e mais longe na luta pelo pódio da Liga (ver peça ao lado), foram o "motor" para a recente onda de intolerância contra Dost. As decisões infelizes deste, às quais ainda se somou um lance com o Portimonense que espoletou as referidas vaias, acabaram por se sobrepor à frieza dos números.
O duelo diante do Portimonense foi o terceiro seguido do holandês sem marcar, mas a média de golos por jogo de 2018/19 ainda é superior à da época passada. Penáltis têm peso decisivo nas contas
Autor de 21 remates certeiros em 30 encontros disputados esta temporada, Dost tem uma média de golos por jogo, de 0,7, que é superior à registada na época passada (0,69), embora não se equipare à da temporada de estreia: 0,87. Porém, 11 dos 21 golos marcados em 2018/19 foram de penálti, arma de arremesso usada pelos detratores do holandês. A implementação do 3x4x2x1 também colocou Dost mais longe da área, obrigando-o a dar o corpo ao manifesto para abrir espaço às incursões de Bruno Fernandes e Diaby, função em que se tem sacrificado em prol do coletivo.
Cabe agora precisamente à equipa e a Marcel Keizer, como o próprio treinador prometeu após a receção aos algarvios, puxar Dost para cima, para que este recupere o estatuto de herói leonino que tanto fez por merecer desde a sua chegada a Alvalade.
Wolfswinkel também ficou com orelhas a arder
Bas Dost não foi o primeiro holandês a ficar com as orelhas a arder em Alvalade. Em setembro de 2012, Van Wolfswinkel também foi vaiado pelos adeptos durante um duelo frente ao Genk para a Liga Europa, mas, ao contrário de Dost, o agora avançado do Basileia respondeu aos assobios com um remate certeiro. Picado com os protestos, Ricky não celebrou o golo e foi apanhado a mostrar o dedo do meio da mão direita para a bancada. À época, o avançado defendeu-se ao dizer que o timing da fotografia foi "infeliz".
Os falhanços da discórdia
Dost vestiu a capa de herói ao bisar na vitória sobre o Braga (3-0), mas o traje "só" durou três jogos. Visado pelos falhanços comprometedores frente a Villarreal e Marítimo, que poderiam ter evitado deslizes dos leões, o holandês passou definitivamente a vilão na receção ao Portimonense.
21 fevereiro 2019
Villarreal-Sporting, 1-1
90"+3" - O Sporting pressionava quando Bruno Fernandes, na quina da área, cruza para o segundo poste. Bas Dost ganha bem as costas ao marcador, mas hesita na abordagem ao lance. Vai com o pé e não com a cabeça, como se pedia, e desperdiça o golo que valia o apuramento.
25 fevereiro 2019
Marítimo.Sporting, 0-0
23" - Bas Dost tem tudo para marcar após cruzamento da esquerda de Acuña, mas não chega a tempo de emendar à boca da baliza. Rápido a reagir, Charles intervém e afasta a bola para canto.
47" - Isolado no interior da área do Marítimo, Bas Dost abdica de rematar à baliza e opta por servir Diaby na esquerda. O maliano atrapalha-se na receção da bola, mas ainda consegue rodopiar e rematar para defesa de Charles, para pontapé de canto.
3 de março de 2019
Sporting-Portimonense, 3-1
45"+2" - Lançado em velocidade por Bruno Fernandes, Bas Dost surge isolado na área só com o guardião Ricardo Ferreira pela frente, mas ao invés de visar a baliza dos algarvios, opta por dar um toque para o lado, para... ninguém.