Balanço da I Liga por Luís Freitas Lobo: os melhores jovens, o jogador mais influente e o melhor duelo
Luís Freitas Lobo faz o balanço da temporada 2019/20 da I Liga.
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OS TRÊS JOVENS QUE SÃO APOSTAS MAIS SEGURAS
Marcus Edwards
Tem nome e nacionalidade inglesa mas, futebolisticamente, dentro dele mora um "sul-americano" pela forma insolente como aborda cada jogada de ataque, preferencialmente desde o flanco direito, pegando na bola com a calma e classe de "arrogância tecnicista" de finta, drible, dança e, de repente, abertura de espaços num metro quadrado de relva (com o defesa à sua frente já "partido ao meio") e depois, definir o passe ou remate. Craque de imaginação objetiva para grandes relvados
Francisco Trincão
Mais um "canhoto mentiroso" que, quando pega na bola, brinca com o jogo em diagonais desde a direita, buscando o espaço para o remate (com marca registada de grandes golos). Também pode jogar no meio ou onde o seu talento quiser e o treinador autorizar. É, assim, criativo de ataque, com mais remate do que finta, para jogar em qualquer sistema. Na próxima época, já vai começar "nova vida" no Barcelona. Talvez, nesta fase, a camisola ainda lhe fique "grande demais" mas o futuro, depois, é dele.
Pedro Gonçalves
Um perfil que lembra a pureza e a origem "roda-baixa" dos bons médios portugueses à moda antiga. Tem uma condução de bola que conjuga criatividade com sentido de organização. Por isso, tanto acaba o lance sozinho, com remate (após romper desde trás) ou procura o passe/tabela, vendo todos os movimentos colectivos da sua equipa. Tanto pode ser um n.º 8 livre como um n.º 10 com liberdade. Sabe entender a hora de recuar e tem a garra de nunca desistir. Um talento criativo-organizador.
O JOGADOR MAIS INFLUENTE
As expressões de Corona
Vê-lo como lateral-direito, era um choque para um coração ansioso por bom futebol imaginativo e truculento, mas Corona, antes de tudo, um tecnicista inteligente, soube sempre interpretar essa "comissão de serviço tático" com total concentração, eficácia e qualidade diferenciadora (soltando-se para atacar no momento certo). Era, porém, quando passava para extremo que todo o esplendor do seu futebol surgia. Fintas, danças, cruzamentos e golos. Na direita, esquerda ou no meio, em qualquer sistema, o talento encontra sempre uma saída.
O MELHOR JOGO
FC Porto-Rio Ave, 1-1 - 24ª jornada da I Liga
Um jogo que teve de tudo, no plano coletivo e individual. Dois treinadores em confronto ideológico. O futebol mais físico e de verticalidade rápida de Conceição contra a posse e construção apoiada de Carvalhal. A guerra de sistemas, das variações 4x4x2/4x3x3 de Conceição, aos três centrais de carvalhal. A qualidade na busca do golo com Taremi no controlo da bola e do espaço, contra a potência musculada sem tréguas de Marega. Domínios alternados, jogadas de suster a respiração, estádio cheio e três centímetros a separar uma jogada de um golo. Cansou só de ver. Espetáculo!