Presidente das águias tem previsto fazer a avaliação da temporada em encontro com o treinador
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Ainda faltam duas jornadas para terminar o campeonato, mas a temporada do Benfica está encerrada. A derrota em Famalicão entregou, de imediato e de bandeja, as faixas de campeão nacional ao Sporting, anulando as questões matemáticas que ainda mantinham as águias ligadas à máquina da corrida pelo título. Significa isto que se abriu, desde já, a porta para a avaliação final de tudo o que se passou ao longo da época e que será feita, olhos nos olhos, por Rui Costa e Roger Schmidt.
Balanço da época, resultados negativos averbados e consequentes explicações serão temas a abordar no momento de análise da época, que pode também influenciar a preparação de 2024/25.
Presidente e treinador até costumam falar regularmente e sobre todos os assuntos ligados ao plantel, como o próprio alemão atirou em recente conferência de Imprensa na resposta à questão sobre a sua continuidade na Luz e à crescente contestação. Porém, como é normal acontecer em todas as grandes empresas e instituições, sobretudo as que estão cotadas em bolsa mas também as que têm uma gestão profissional, falta o encontro final, o momento em que as partes vão abordar todos os temas que resultaram, neste caso, na não concretização de todos os objetivos traçados.
A reunião ainda não terá data programada, mas irá acontecer assim que a agenda de Rui Costa o permita, podendo até ser realizada antes da última jornada, quando o Benfica completar a sua caminhada de 2023/24 em Vila do Conde, diante do Rio Ave. O que for discutido entre ambos, e apesar da relação próxima e de confiança que os liga, como admitiu o treinador, terá peso na decisão presidencial em relação ao futuro de Schmidt na Luz. É verdade que o técnico tem contrato válido até junho de 2026 e que o quer cumprir, como já “avisou” publicamente, mas o antigo camisola 10 das águias terá de dar resposta ao dilema que se lhe coloca e alimenta a pressão que lhe chega de vários quadrantes.
Rui Costa irá pesar os argumentos do treinador, avaliar o que foi ou não alcançado, tentar perceber quais são as soluções que poderão avançar de modo a que a nova temporada tenha um desfecho diferente. Mesmo tendo a tendência e defendendo a necessidade de estabilidade, que evite até o pagamento de avultadas indemnizações a treinadores - despedir Schmidt poderá custar mais de 20 milhões de euros -, o presidente terá de decidir se segura a sua aposta, contratada na época passada e renovada até 2026 durante essa campanha.
E fará essa avaliação tendo como ponto de partida um investimento global que superou, só esta época, os 100 milhões de euros, que resultaram na conquista da Supertaça no arranque da temporada e no segundo lugar na Liga Betclic, visto como importante internamente porque pode garantir a entrada na Liga dos Campeões e o encaixe inicial superior a 40 milhões de euros. Também a evolução de alguns jogadores, o desempenho dos reforços e as dúvidas em torno do futuro de Rafa e Di María estarão em cima da mesa, já na perspetiva de análise à nova temporada.
Críticas a Roger Schmidt chegam também à gestão
Enquanto a reunião não lança as bases para 2024/25, vários são os adeptos que manifestam desagrado pelo que está a acontecer ao Benfica. Ainda ontem, por exemplo, o antigo vice-presidente José Capristano afirmou à RR que “não queria estar na pele de Rui Costa, que tudo tem feito para pôr o Benfica ao mais alto nível. Gastando o que gastou, investindo o que investiu, o resultado é triste”. Foi mais longe e admitiu mesmo que veria “com muita alegria a saída” de Roger Schmidt.
Também Francisco Benitez, recente candidato à presidência das águias, recorreu à rede X para destacar que “o deslumbramento e incompetência caracterizam esta época”. “O Benfica gastou como nunca e perdeu na maioria das modalidades de pavilhão e no futebol. Ainda alguém acredita que existe capacidade para inverter uma época e uma gestão miseráveis?”, lê-se na publicação.
Contestação reativada à chegada
Os adeptos benfiquistas fizeram-se ouvir em Famalicão, no domingo, descontentes com a derrota e entrega do título de campeão ao Sporting, tendo o grupo de trabalho optado por se aproximar da bancada e ouvir tudo o que foi gritado para dentro do relvado.
A comitiva viajou para Lisboa, onde chegou quando o rival festejava, tendo o autocarro sido recebido por cerca de duas dezenas de adeptos em fúria, controlada pelo reforço policial da zona de entrada na garagem do estádio.
À chegada do autocarro, o grupo gritou insultos a jogadores, treinador e staff. Esperaram depois pela saída de todos nos seus automóveis, mas a PSP controlou o ambiente.