ENTREVISTA, PARTE I - Argentino acredita que a última época, em que não jogou tanto, serviu para amadurecer. Apesar de não ter entendido a opção, olha para Sérgio Conceição como um treinador que só aceita ganhar.
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A vontade de jogar com regularidade fez Marchesín mudar-se no início de agosto para Vigo, de onde conversou em exclusivo com O JOGO ao final da tarde de quarta-feira sobre a nova experiência no Celta, as alegrias e as amarguras que viveu no FC Porto, o desenvolvimento de Diogo Costa, a exigência de Sérgio Conceição e o momento dos dragões.
Guarda-redes falou a O JOGO sobre a experiência no Dragão e a fase dos portistas. Sucesso de 2019/20 fá-lo acreditar em nova reviravolta
Trocou o FC Porto pelo Celta há quase dois meses. Foi a aposta acertada para a carreira?
-A verdade é que precisava de jogar. Sinto que perdi por aí um ano... Bem, na realidade não sei se perdi, porque estive num clube espetacular, ao qual estou totalmente agradecido. Mas a minha intenção era jogar. Um ano, para mim, foi muito tempo e custou-me um pouco, porque estava habituado a jogar sempre e essa mudança é difícil, ainda por cima depois de 13 anos a ser sempre titular. Foi uma mudança que me serviu para crescer, para amadurecer e também para aprender. Estou a atravessar um bom momento no clube, estou a jogar, que era o que precisava, sinto-me muito importante todos os dias e isso é o que todos os jogadores querem.
Encontrou em Vigo o Gonçalo Paciência, que também foi campeão pelo FC Porto. Falam sobre o momento do clube?
-Sim, falamos muito. Tenho uma relação muito boa com o Gonçalo [Paciência]. Chegámos juntos e, por isso, partilhámos muitos momentos bonitos como companheiros. Há uma ligação muito boa, falamos muito sobre o FC Porto e da cidade. Estamos perto e, por isso, sempre que podemos, ao fim de semana vamos para lá ver amigos e coisas que temos que fazer na cidade, por causa do tempo em que estive aí. Falamos sempre sobre os jogos do FC Porto, se os vamos ver, dependendo se é Champions ou Liga, como se portou a equipa. Estamos ligados à instituição e, quando saímos de uma instituição e estamos-lhe agradecidos, temos sempre boas recordações e queremos ver como se estão a portar, esperando que estejam sempre bem.
A experiência no FC Porto foi a que esperava?
-O primeiro ano foi muito bom, fomos campeões e eu o melhor guarda-redes da Liga. No segundo, bati o recorde do clube de jogos sem sofrer golos e fui à Copa América. No terceiro, não joguei e foi mais difícil a situação. Obviamente, no momento não a entendi, mas já virei a página e penso sim no que aí vem.
Como tem visto a época do FC Porto até ao momento? Esperava estas dificuldades, depois de terem ganho a Supertaça?
-Empatou-se um e perdeu-se outro jogo na Champions [n.d.r. foram duas derrotas], mas não creio que o início tenha sido tão mau. A equipa tem muita personalidade, uma equipa técnica que trabalha muito bem no dia a dia para alterar o momento que está a atravessar. Tem muitos jogadores, muitas soluções por posição... É uma equipa muito completa, que tem muita concorrência interna, uma equipa ganhadora. Então, acredito que daqui a nada vai sair deste momento, que não é mau. Não o vejo assim. Isto acabou de arrancar e há muito tempo pela frente para reverter a situação.
Como é que Sérgio Conceição lida com estes momentos menos positivos?
-Como disse, é um treinador com muita personalidade, com muita vontade de preparar cada jogo para o vencer. Só aceita ganhar e isso, realmente, é muito bom. É um treinador exigente, ganhador, que te dá sempre as ferramentas para, quando entras no campo, as utilizares com facilidade, porque trabalhamos durante a semana o que pode acontecer no fim de semana. Prepara-se muito bem para os jogos e essa exigência que passa aos jogadores faz com que a concorrência também seja muito grande e muito boa para o plantel.
Cinco pontos de atraso para o Benfica são recuperáveis?
-Antes de aparecer a pandemia, também chegámos a estar a sete ou oito pontos e depois ganhámos os dois jogos ao Benfica e fomos campeões (2019/20). É uma equipa que está preparada para lidar com isto e não tenho dúvidas de que pode reverter a situação e ser campeã.
Totalista desde o início da aventura no celta
Marchesín despediu-se do FC Porto com seis títulos (dois campeonatos, duas Taças de Portugal e duas Supertaças) e desde a chegada a Vigo que se assumiu como um indiscutível do Celta. O internacional argentino ainda não perdeu qualquer minuto da época dos galegos (540"), que ocupam o 12.º lugar da La Liga, com sete pontos, fruto de vitórias com Girona e Cádiz e um empate com o Espanhol.