"Atlético é um clube com mais nome neste momento, mas Benfica também é gigante"
Formado no Benfica, e depois de passar por Atlético Cacém, Odivelas, Rio Ave e Braga, Sílvio assinou pelo Atlético de Madrid, em 2011. Fez apenas 21 jogos pelos colchoneros, sendo emprestado a Deportivo da Corunha e Benfica até se desvincular em definitivo, em 2016. O antigo lateral, de 37 anos, conversou com a Marca
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Coração dividido? "Toda a minha formação foi no Benfica, é o meu clube, o clube da minha vida, da minha família. Mas vai ser um jogo especial para mim porque são duas equipas que adoro. Este é o clube da minha vida, mas foi o Atlético que me abriu as portas da Europa e tenho um grande carinho por ele. O que eu mais quero é que seja um grande jogo de futebol e que ganhe a melhor equipa."
Quem é favorito? "O Atlético é um clube com mais nome neste momento, especialmente na Europa, é uma equipa muito experiente na Liga dos Campeões. O seu treinador gosta muito desta competição e está sempre lá para ganhar, para lutar. Mas o Benfica também é um gigante. Aqui em casa vão sentir um ambiente muito bom. Além disso, mudaram o treinador para um que conhece muito bem as pessoas e o clube, porque foi formado aqui e a equipa está a ter bons resultados. A equipa está a ter quatro vitórias consecutivas. Estão motivados e penso que vai ser um jogo muito bom. Duas equipas completamente diferentes, diferentes, mas a jogar bem. Para mim, vai ser um jogo muito bom."
Pode ser o ano do Atlético de Madrid na Liga dos Campeões? "A Liga dos Campeões é onde estão as melhores equipas. O Atlético está melhor de ano para ano, mas os outros também, todas as equipas têm bons jogadores. Vi o dérbi, o Madrid tem uma grande equipa, mas o Atlético está sempre lá, é uma equipa muito difícil de bater e está sempre lá até ao fim. E depois há jogadores muito bons que podem mudar um jogo, como o Correa quando sai do banco. Têm muitos jogadores para fazer uma boa época na Liga dos Campeões, mas vamos ver."
Lesões marcaram a carreira: "No Atlético, mesmo quando tive uma lesão no joelho, foi um dos melhores momentos que vivi no futebol. Sentia-me muito bem, muito saudável nas minhas capacidades físicas e mentais e tudo me fazia sentir bem. Até que chegou esse momento. Desde então, nunca mais voltei a ser o jogador que o Atlético tinha contratado. Estou muito tranquilo em relação ao que fiz no Atlético, dei sempre o meu melhor e tenho muito orgulho em ter representado esse clube. Foi muito difícil, porque tinha acabado de fazer quase 40 jogos pelo Braga e estava num momento muito bom da minha carreira. Tínhamos chegado à final da Liga Europa e estava com muita vontade de ir para o Atlético jogar, mas o futebol tem destas coisas. Tive azar com as lesões, mas isso faz parte do futebol, é preciso ter cabeça e força mental. O Cholo [Simeone] sempre foi muito honesto comigo e eu com ele, porque quando ele chegou eu ainda estava a recuperar do joelho e a verdade é que nunca mais fui o jogador que era antes. Sempre dei o máximo pelo futebol e sempre fui muito profissional, mas para estar sempre a competir com os melhores é preciso estar a 100%. Depois da minha lesão, estava a 60%. Em Braga era um jogador que jogava à direita e à esquerda, cruzava bem com as duas pernas e depois da lesão nunca mais cruzei bem com o pé esquerdo. Nunca mais fui o mesmo jogador depois da lesão. Todos esperavam que eu chegasse ao nível que tinha antes, mas não consegui fazer isso e fiquei muito frustrado: queria competir, jogar e ajudar a equipa e não conseguia. Lembro-me que o Simeone me colocava em alguns jogos da Taça do Rei e da Liga Europa, mas eu não me sentia bem. Queria jogar e estava zangado porque não jogava, mas a verdade é que não estava bem para jogar. Para ser sincero, saí do Atlético assim, zangado com o Cholo também, mas as pessoas não tiveram culpa disso. Fiz tudo o que podia para me sentir bem e jogar, mas não consegui. E nunca mais consegui jogar bem no Atlético.