Na corrida para o título, bracarenses recebem todos os rivais, leões vão a todos. Ambos têm mais um jogo em casa do que FC Porto e Benfica. Os encarnados têm na reta final as maiores dificuldades
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A segunda volta da Liga arranca este domingo com um clássico dos tempos modernos que pode ajudar a definir muito do que se passará daqui para a frente. Especialmente se o FC Porto vencer e cavar para os arsenalistas uma diferença (seis pontos) igual à desvantagem que tem para o líder Sporting, se este, entretanto, vencer em Barcelos.
Segunda volta da Liga abre com um clássico entre Braga e FC Porto, os dois candidatos mais sobrecarregados nesta fase. Sporting assiste à distância
Se assim for, os dragões passam a ser o grande rival na luta pelo título. O Braga também se pode chegar à frente, e até ficar com vantagem sobre o FC Porto se vencer por dois ou mais golos de diferença.
Na época passada, os dragões perderam na Pedreira, mas já eram campeões. Agora a visita faz-se com aperto na classificação, sobretudo após o nulo com que fecharam a primeira volta, em casa do Belenenses. O Braga, que ainda não sabe o que é empatar neste campeonato, tem uma palavra importante a dizer na prova, até porque tem uma vantagem teórica em relação aos outros candidatos: será anfitriã das cinco equipas que estão mais bem classificadas. O FC Porto, por exemplo, recebe o Sporting, mas ainda vai ter de ir à Luz.
Numa análise ao calendário dos quatro candidatos, os leões, no plano teórico, até teriam piores perspetivas, porque defrontam fora os três rivais. Por outro lado, tal como o Braga, têm mais um jogo em casa do que FC Porto e Benfica e são quem chega mais fresco a esta fase. E, claro, com mais pontos. Afastada da Europa muito cedo e também já sem Taça de Portugal, a equipa de Rúben Amorim jogará apenas uma vez por semana, ao contrário de FC Porto, Braga e Benfica, que ainda estão em três frentes e, pelo menos até meados de março, terão de manter este ritmo frenético. Dragões e guerreiros repetem duelo já na quarta-feira, outra vez no Minho, mas para a Taça de Portugal.
É o quarto jogo entre Conceição e Carvalhal, o segundo na qualidade de treinadores de FC Porto e Braga. Quarta há mais um, para a Taça.
O grau de dificuldade dos calendários pode fazer a diferença e essa a perspetiva que lhe apresentamos na infografia em cima, recorrendo a uma fórmula simples, mas subjetiva. Até porque será sempre diferente jogar de três em três dias ou ter uma semana para preparar cada desafio, como tem sucedido com o Sporting. Além disso, esta época tem ainda sido pautada pelos imponderáveis ditados pela covid-19. O Benfica, por exemplo, ficou quase sem plantel em janeiro. Perdeu pontos e até podia ter sido pior, se a exigência fosse superior. A dificuldade dos ciclos também se percebe na infografia acima. Quanto mais carregada a cor, baseada na classificação atual, mais dificuldades se esperam.
Com o Sporting confortável na liderança, as próximas semanas são de uma importância superlativa. O FC Porto joga em Braga e recebe o líder. Os leões vão ao Dragão, mas antes recebem a sensação do campeonato, o Paços de Ferreira; o Braga terá o dérbi com o V. Guimarães e a visita do Benfica, que acaba por ser aquele que tem um início de segunda volta mais calmo. O primeiro jogo grande será na Pedreira, a 21 de março. Além disso, tem meias-finais da Taça de Portugal teoricamente mais acessíveis, frente ao Estoril, da II Liga. Já o fim é terrível: FC Porto, Sporting e V. Guimarães em quatro jornadas.
Apenas uma vitória azul nos últimos cinco jogos
Olhando para todas as competições, o FC Porto só venceu um dos cinco últimos jogos frente ao Braga, precisamente o da primeira volta, no Dragão (3-1), tendo perdido três e empatado o outro. No histórico, a balança pende para os dragões: 108 vitórias em 158 confrontos. Em casa do Braga são 73 jogos com 39 triunfos do FC Porto e 23 do Braga. Este será o quarto confronto entre os dois treinadores. O melhor que Carvalhal conseguiu foi um empate. Contra o FC Porto até ganhou dois dos 14 jogos (11 derrotas), um pelo Braga, outro pelo Sporting. Já Sérgio Conceição soma oito vitórias e cinco derrotas contra o Braga.
Braga circula mais, FC Porto prefere a baliza
São três os pontos que os separam, mas há muito mais a dividir as equipas de Carvalhal e de Conceição. Numa rápida análise à estatística, salta à vista o facto de o Braga (446) fazer, em média por jogo, mais passes do que o FC Porto (423) e não se pode dizer que isso é apenas para controlar a bola: também nos passes para terço final são os minhotos que têm vantagem, assim como nos cantos. Contudo, o Braga é a segunda equipa da Liga que menos faltas sofre e a que aposta menos no 1x1 e no drible. O FC Porto remata mais do que o rival desta noite, mas o Braga tenta mais a meia distância. Nos cruzamentos, a vantagem geral é dos portistas, que privilegiam o lado direito, enquanto os bracarenses apostam no lado contrário para meter a bola na área.