Declarações do arquiteto e responsável pelo projeto Manuel Salgado à margem da apresentação da Academia que Pinto da Costa pretende construir na Maia. A sessão decorreu na manhã desta quarta-feira, na Tribuna VIP do Estádio do Dragão
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Agradecimento: "Agradecer a confiança que o FC Porto nos dedica há mais de 20 anos. É raro encontrar cliente que tenha uma noção tão concreta do que quer, mas também com capacidade para ouvir e interagir."
Terreno para a construção da Academia na Maia: "Começar por explicar a importância do terreno. Esta área é extraordinariamente bem localizada, tem excelentes acessibilidades. É na zona central na Maia e que há anos se discute o que fazer. Nos anos 90 houve um projeto de Siza Vieira com bastante construção, depois um campo de golfe. Em boa hora a Câmara da Maia decidiu fazer um parque metropolitano de 360 hectares com muitas atividades ao ar livre."
Condicionamentos do terreno analisados: "Para este estudo foi necessário analisar todos os condicionamentos para o desenvolver. Planos regionais e locais foram ponderados, mas também os que resultam das várias infraestruturas que existem e departamentos estatais, com condicionalismos pela rede viária e impactos, problemas dos encadeamentos, risco de bolas que se percam e possam cair e afetar a circulação... é uma espécie de 'check list' que foi considerada no estudo e no projeto da Academia. O caminho do rei tem de ser preservado. Foram identificadas situações e quando foi feita a autoestrada esse cuidado não foi tido. É um terreno que propomos que passe para o domínio publico. Outra parte tem de ser feito o levantamento como é normal nas áreas arqueológicas. Acessos, portaria norte de serviços e a sul um novo nó, o nó do milénio, da CREP, acordado com a Infraestruturas de Portugal, que será o acesso mais direto para a futura Academia. Com esta opção, todas as atividades com público exterior, o mini-estádio e os campos com competições oficiais ficam junto desta entrada. Os campos para a formação ficam resguardados e o edifício central, como a Casa do Dragão, está concentrado noutra zona. O terreno, não sendo uma encosta do Douro, implica cuidadosa modelação. A tentativa foi ter o mínimo de movimentos de terra, sem esquecer as exigências técnicas."
O que representa este projeto depois do estádio e do pavilhão? "Acima de tudo é uma honra para mim e para a equipa do “Risco” a confiança que o FC Porto depositou no nosso trabalho. Estádio e pavilhão são marcos basilares, foram grandes intervenções, assim como todo o arranjo envolvente e o trabalho com o Metro do Porto. Projetos que marcam uma carreira profissional. Projeto da Academia da Maia é muito estimulante, porque há uma conjugação que não é normal, confesso: entre a vontade da câmara da Maia de fazer qualquer coisa que sai das regras normais, terreno com localização fantástica, em vez de meter construção em cima, encaixar um programa tão ambicioso e com visão de futuro tão importante. Um desafio que nos honra muito e que estamos a fazer de alma e coração."
Qual a previsão do custo total desta obra? "Neste momento o valor fixo diz respeito aos movimentos de terra, que como foi referido por Fernando Gomes, foram adjudicados por 6,9 M€. A estimativa em relação ao custo dos edifícios ainda não está fechada, o projeto de execução ainda não está fechado. Está fechado o projeto de licenciamento, mas estimamos que ande à volta dos 40 M€. São 21 mil metros quadrados de construção."
Declarações do arquiteto Nuno Lourenço, também envolvido neste projeto:
O que vai ter a Academia: "Recinto com 21 hectares, unidade de execução de 24 hectares, mas será delimitado para ceder algumas áreas ao parque metropolitano. Conjunto de quatro campos na zona sul dedicados a competições oficiais. Permite que sejam utilizados sem interferir com as atividades da formação, permite segregação dos públicos mesmo com a utilização em simultâneo. São 10 campos com dimensões oficiais, todos com iluminação, o miniestádio tem uma mais exigente que corresponde aos regulamentos da II Liga. Mais três bancadas em outros três campos de lotação para 400 pessoas que permite que funcionem como pequenos estádios. Cerca de 300 lugares de estacionamento. Foram pensados um conjunto de corredores arborizados que permite a continuidade ecológica e ao longo da orla de proteção foram identificados e protegidos os elementos arqueológicos mais importantes. Estádio com 2000 lugares cobertos, 1800 para público da casa e 200 para visitante e acesso independente."
O edifício central da Academia: "Organizado em 'L', terá quatro pisos, dois superiores são a Casa do Dragão com os alojamentos (72 quartos duplos) e as salas específicas de lazer, descanso e de estudo. Piso acima do térreo será o social com todos os espaços para residentes e restante staff, piso térreo dedicado à formação desportiva. Piso social composto por um auditório para ações internas e externas, grande átrio, cantina para cerca de 500 refeições diárias e uma cozinha. Mais escritórios e gabinetes. Piso térreo, piscina, fisioterapia, gabinetes médicos, ginásio, áreas de apoio logístico, manutenção, rouparias, balneários.