"Apertei-lhe os queixos para lhe abrir os maxilares. Consegui"

O final do jogo em Coimbrões frente ao Cesarense, da penúltima jornada do Campeonato de Portugal, ficou marcado por momentos de pânico quando Matheus, de 19 anos, caiu inanimado no relvado instantes depois de o árbitro dar por finalizado o encontro que terminou empatado (2-2).

A pronta intervenção de Ivo Almeida, fisioterapeuta do Cesarense, que já se encaminhava para o balneário quando ouviu alguém gritar pelo seu nome, salvou a vida do avançado brasileiro, que perdeu os sentidos, ficando inconsciente no relvado.
"O massagista do Coimbrões já estava de volta do jogador, mas reparei que ele não estava muito à-vontade com a situação. Vi que o jogador não estava na posição correta e já estava a espumar-se e a revirar os olhos ao mesmo tempo que começava a ter dificuldades em respirar e a enrolar a língua", recordou Ivo Almeida esses momentos que já começavam a deixar alguns dos presentes com as lágrimas nos olhos e a temer o pior.

O fisioterapeuta do Cesarense não pensou duas vezes para salvar a vida que tinha nas suas mãos. "Apertei-lhe os queixos para lhe abrir os maxilares. Consegui. Ele veio a si e eu comecei a fazer-lhe umas perguntas de despiste e ele correspondeu bem, mas entretanto voltou a desmaiar", continuou Ivo Almeida, explicando que, nestas situações, a vítima deve estar sempre em posição lateral de segurança.

Matheus ainda viria a desmaiar pela terceira vez numa altura em que os bombeiros já tinham sido chamados, embora tenham "demorado 20 minutos a chegar", sendo que "o quartel é pegado ao campo". O jogador foi encaminhado para o hospital, onde realizou exames médicos, tendo tido alta ao final da noite desse domingo.
Os desmaios no final da partida podem estar relacionados com um choque de cabeça com um adversário poucos minutos depois de ter sido lançado na partida ao minuto 79. Matheus foi assistido dentro e fora de campo e acabou por voltar ao jogo.
Esta não foi a primeira vez que Ivo Almeida se deparou com uma situação do género. Contudo, nunca um jogador tinha desmaiado três vezes nas suas mãos. "Inicialmente achei que podia correr mal. Não vi a situação muito fácil, porque o jogador desmaiou três vezes, o que não é muito frequente", opinou o profissional, salientando que ninguém pode virar costas a uma situação destas.

Atitude do jogador deixou fisioterapeuta feliz

Tudo o que fez por Matheus, Ivo Almeida garante que faria por qualquer pessoa sem esperar nada em troca. Contudo, a atitude do jogador no dia seguinte deixou-o feliz. "Na segunda-feira de manhã procurei saber como estava o jogador e disseram-me que estava estável. Ele obteve o meu número de telemóvel e ligou-me a agradecer o que eu tinha feito por ele", destacou Ivo Almeida, afirmando que "nós aprendemos as coisas e temos de as pôr em prática sempre que forem necessárias". O profissional do emblema de Cesar também recebeu telefonemas e palavras de agradecimento dos dirigentes do Coimbrões.