"Aos 17 anos era serralheiro mecânico com o meu pai e nunca ganhei muito dinheiro"
Álvaro Pacheco, o treinador que antes de ser jogador profissional era serralheiro, é vizinho de Ricardo Soares, o último técnico que tinha guiado os minhotos de volta aos profissionais
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Há quatro anos, quando o Vizela subiu à II Liga após oito épocas de ausência, Álvaro Pacheco, hoje treinador dos minhotos, era adjunto de Miguel Leal no Moreirense. Nessa temporada, coube a Ricardo Soares guiar a caminhada triunfal vizelense. Quatro anos depois, a cidade da Lixa voltou a cruzar-se com o sucesso do Vizela. Álvaro, natural da Lixa, é vizinho de Ricardo Soares, a quem sucedeu no comando técnico lixense em 2011/12. "Nunca tinha pensado nisso. É uma feliz coincidência", conta. Antes do Álvaro, treinador, houve o Pacheco, avançado, que chegou a ser serralheiro. "Aos 17 anos era serralheiro mecânico com o meu pai. Fui treinar com os seniores do Felgueiras e a partir daí passei a profissional. Nunca ganhei muito dinheiro, mas também não vivi acima das possibilidades,", recorda.
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A transição para o banco começou a ser feita aos 34 anos e ainda antes do final da carreira. "Comecei nos Infantis do Paredes em 2005. Foi também no Paredes que conheci o Miguel Leal, que era adjunto do Rui Quinta", narra. O futebol enquanto jogador acabou em 2007/08 e foi já depois da tal experiência no Lixa que Álvaro passou, depois, para braço direito de Miguel Leal, no Penafiel, onde sobe à I Liga (2013/14) e integra as equipas técnicas de Leal até 2017/18. Em 2018, segue com Filipe Ribeiro para o Lietava Jonava (Lituânia) e só na temporada passada voltou a assumir um projeto a solo, que até podia não ter surgido, caso o... Famalicão não se tivesse tornado numa SAD. "Sentia-me feliz e [ser treinador principal] era algo que não fazia questão. Fui convidado para ser adjunto do Vasco Seabra no Famalicão. Entretanto, o clube foi comprado e rescindiram com o Vasco. Fiquei sem nada e surgiu o Fafe".
O currículo do Álvaro, atacante, tem mais de 70 jogos na II Liga, escalão onde se estreará agora, como treinador. "O primeiro objetivo será a permanência e a estabilização do clube na II Liga, mas depois não tenho receio em dizer que queremos chegar à I Liga passo a passo. Não tenho medo do desafio", assegura. Tal vez por isso tenha renovado com o Vizela por dois anos e a intenção passa por manter a espinha dorsal da equipa. "Faremos mudanças cirúrgicas", sintetiza.
Barba veio do Leste mas caiu com a subida
Álvaro Pacheco seguiu com Filipe Ribeiro para o Lietava Jonava (Lituânia) em 2018 e pediu ao treinador para terminar o primeiro apronto ao cabo de 20 minutos. "Trabalhávamos com 12 e 14 graus negativos. No primeiro treino já não sentia os pés", confidencia. Foi na Europa de Leste que deixou crescer a barba (branca) e que foi abaixo com a subida. "Tinha prometido e cumpri". Pedro Albergaria, diretor-desportivo do Vizela, já tinha contado a O JOGO que o treinador não acreditou que tinha subido, quando recebeu a notícia. "Quando lá me convenci, comecei a gritar e abracei-me à mulher e filhos".