"Um homem do futebol que nasceu com a inteligência específica de saber como ver e avaliar um jovem jogador", frisou a lenda benfiquista
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Figura história do Benfica e do futebol nacional, António Simões recebeu com “grande tristeza” a notícia da morte de Aurélio Pereira, “um homem do futebol que nasceu com a inteligência específica de saber como ver e avaliar um jovem jogador”.
“Todos sentimos que vemos nos jovens vocação para jogar. Os portugueses, e já o disse há 30 anos, têm uma vocação para o futebol, e agora extensível às mulheres. O Aurélio teve uma inteligência específica para ver e valorizar isso, algo que não está ao alcance de todos. Se assim fosse, qualquer um trabalhava no scouting”, reagiu a O JOGO o antigo jogador dos encarnados e da Seleção Nacional.
Para o antigo magriço de 81 anos, “deve-se a Aurélio Pereira o facto de o Sporting ter dominado na área da prospeção durante muito tempo”. “Perdemos o olhar, a inteligência e a capacidade de avaliar onde estava essa vocação. O Sporting perdeu isso. A vida continua, mas há coisas que nunca mais voltam a ser iguais, apenas semelhantes, porque este era um homem especial”, prossegue Simões, que é “muito amigo do irmão, Carlos Pereira”.
“Este homem fez muita coisa boa pelo futebol. Pertenceu ao Sporting, mas representou o futebol de Portugal através do seu clube do coração. E esteve sempre acima de rivalidades”, sublinha António Simões. “Foi doutor a ver o jogo e o potencial do futebolista e, depois, foi professor universitário naquilo que foi a sua convivência e cultura desportiva perante os outros clubes. Ele teve cultura desportiva, algo que em Portugal não existe muitas vezes. Era um exemplo, ao mesmo tempo, de como se deve olhar o jogo e estar no jogo. Há poucos assim”, completou.