Central é visto no Seixal como promessa ao nível do que foi Rúben Dias. A O JOGO o seu ex-técnico aponta qualidades.
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António Silva foi a surpresa que Roger Schmidt atirou para o relvado do Bessa para colmatar a ausência, por castigo, do capitão Otamendi.
E o central de 18 anos, que chegou muito jovem ao Seixal e lá ficou como interno, respondeu com uma exibição segura.
Segundo sabe O JOGO, no Seixal o jovem de 18 anos está no topo do grupo de Elite, patamar reservado apenas aos mais promissores talentos da formação. Visto como muito forte a defender, no bloco de notas dos responsáveis encarnados sobre o central estão atributos como "capacidade de construção" e "inteligência".
Schmidt, quando chegou ao Benfica, viu tudo isso e mais: capitão habitual em todos os escalões, incluindo seleções nacionais, António Silva impressionou o alemão na Youth League, onde o jovem "meteu no bolso" o goleador do RB Salzburgo, Roko Simic. A pré-época, de resto, tirou o resto das dúvidas a Schmidt quanto a um defesa conhecido por não se esconder em jogos grandes ou nos apertos.
Isto é confirmado a O JOGO por João Figueira, técnico que trabalhou com o "miúdo" no Viseu United FC antes dele ir para o Benfica Campus. "Enquanto alguns ficam mais nervosos, ele transcende-se, dá sempre boa resposta. Roger Schmidt disse que o lançou por achar que estava preparado e o António provou-o. Ele não força as oportunidades, aproveita-as", acrescenta, frisando que António Silva "desde sempre teve grande capacidade para controlar a profundidade e ler as trajetórias da bola". "Parece que atrai a bola ou que ela gosta dele...", vinca o seu ex-técnico, que lembra o seu primeiro contacto com o defesa: "Conheci-o quando ele estava no Repesenses e já era observado pelo Benfica. Com dez ou 11 anos já tinha características diferenciadas. Fora de campo era brincalhão, fazia todos rir mas, no terreno, parecia um adulto, transformava-se completamente. Depois de o ver jogar contra o Boavista liguei-lhe e perguntei: "mas afinal tens que idade, 30 anos?"", revela.
Liderança tranquila na conquista do balneário
Inevitável é a comparação com Rúben Dias, central formado pelas águias e transferido para o Manchester City. "Têm algumas semelhanças, que começam logo pela curiosidade de se terem estreado no mesmo campo [Bessa] frente ao mesmo adversário [Boavista]. O Rúben era um líder mais vistoso, o António é um líder mais discreto. Mas, para a idade, o António tem mais capacidade para sair a jogar e a construir de trás." A liderança de António Silva ficou marcada em Viseu. "No ano em que ele foi para o Seixal subimos ao Nacional mas, para os colegas dessa equipa, ele foi campeão connosco. Era um líder natural pelo exemplo e pela competência. Ele era engraçado por natureza, com as suas expressões faciais, tom de voz e, nas palestras, tinha de olhar para o lado para não rir", recorda João Figueira.
Um "Jonas do campo B" que "cerra os dentes"
Nalguns torneios menos importantes António Silva jogava em zonas mais avançadas e respondia com golos, de pés e de cabeça sendo, por vezes, apelidado de "Jonas do campo B". João Figueira lembra um António Silva a jogar nas laterais ou como trinco. "Por vezes connosco jogava como médio defensivo ou a lateral. Também jogava muito como central do lado esquerdo para poder trabalhar o pé não dominante, o canhoto. Andou quase sempre a jogar contra meninos mais velhos mas isso não se notava: no duelos ganhava sempre, em particular nos aéreos. É o tipo de jogador que cerra os dentes e vai para cima", aponta o técnico agora no SL Olivais.