Salvador insiste no 1.º de Maio e tece críticas ao Municipal: "Não é funcional para o futebol"
Declarações de António Salvador, presidente do Braga, proferidas no fórum "Trio de Quatro", emitido pela Diário do Minho TV
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Estádio Municipal: "É um estádio que não é funcional para o futebol. Dá a conhecer Braga no Mundo, porque é uma obra de arte, as pessoas que tinham de decidir, decidiram por essa vertente, mas o que é certo é que é um estádio deslocado do centro da cidade, que não tem nenhumas condições de rentabilidade comercial, e hoje o futebol, além do jogo, tem uma vertente antes do jogo que deve ser explorado pelas famílias. Isso é um entrave ao crescimento do nosso clube. (...) Hoje, o Braga honra os seus compromissos perante o Estado e profissionais, mas aquele estádio não serve. Os tempos são outros, as coisas mudam, e mesmo para os nossos parceiros o estádio não serve e temos de conviver com aquilo. É uma estagnação a crescimento de receitas que precisamos. Quando as pessoas dizem 'o Braga tem de ser campeão' é preciso perceber que o Braga tem receita do seu orçamento daquele estádio cerca de dois milhões de euros. E o dinheiro dos sócios nem sequer vai para o futebol, fica 100 por cento no clube, nas modalidades. (...) Tudo o que se construiu aqui foi o clube a pagar. Por isso, era importante voltar ao 1.º de Maio, era um projeto importante para o clube, um projeto da cidade e para a cidade e não só para servir o clube."
Remodelação do 1.º de Maio: "A remodelação do 1.º de Maio: "Se as principais instituições da cidade não estiverem em sintonia, nada se pode fazer. Só avançámos com uma alternativa porque o presidente da Câmara disse que ia vender o Estádio Municipal. É preciso perceber que temos um contrato até 2030, e se até lá, como disse o presidente, respeita o compromisso, depois teria de negociar com o novo dono do estádio. O Braga não pode correr o risco de chegar daqui a 8 anos e não saber o que vai acontecer. Tendo o Braga três mil atletas agregados, o clube tem de perceber o que vai acontecer depois de finalizado o contrato. Nem sei se vou estar aqui em 2030, mas seja quem estiver o trabalho tem de prever o futuro do Braga. Por isso arranjámos uma solução ao município, em 2020, para remodelar o 1.º de Maio, reduzir a lotação para 20 mil lugares, num estádio moderno e funcional no qual seriam mantidas as fachadas e todo o património, um estádio não só para um jogo mas para todos os dias, para o lazer e cultura. Se o poder político em conjugação com o Braga avançasse, não tenho dúvidas de que seria a obra maior dos últimos 20 anos para a cidade de Braga. O projeto que apresentámos é para as pessoas. Contratámos um dos melhores gabinetes na área de conservação para fazer estudo sobre o estádio e uma consultora inglesa e uma das primeiras coisas que os arquitetos disseram é que sendo isto património nacional, a fachada era intocável. Nós conseguíamos encaixar lá dentro um estádio moderno e confortável dentro do perímetro sem mexer na fachada. E arranjámos a solução de colocar a pista no exterior do estádio. Podemos ligar o parque da Ponte com o do Picoto, criando uma centralização de parque verde na cidade. Se houvesse conjugação de vontades esse projeto era exequível e era o melhor para a cidade".."
Relação com o autarca Ricardo Rio: em sido cordial e temos trabalhado em conjunto. Agora, há convergências em que nem sempre podemos estar de acordo. No que o Braga precisou para construir cidade desportiva a autarquia esteve presente. O Braga é chacota de outros clubes e adeptos que dizem que o Braga vive à custa da Câmara. Isso não é verdade. O Braga conseguiu a sua independência, seguiu o seu caminho sem ser à custa do município. Quando diz que quer um estádio funcional para servir a cidade, os sócios e famílias, o Braga tem todo o direito de o querer, porque é uma instituição com 101 anos de história. Não tem de andar a vida a ser enxovalhado pelo país inteiro acusado de viver à custa de uma câmara e de nem estádio ter.
"O senhor presidente [da Câmara] disse que queria vender o Estádio Municipal porque não aguentava os custos e o que pagava pela construção do estádio. Tanto quanto sei o pagamento até termina agora. Disse que o estádio tinha custo anuais de 250/300 mil euros de manutenção. O Braga tem mais um milhão de euros de manutenção, porque paga a luz, mantém a relva, paga toda a área de remodelação. O que a Câmara faz é a conservação geral. Aquele estádio vai fazer 20 anos. Ou a Câmara toma medidas de conservação naquele estádio ou em breve nós vamos ter um segundo estádio 1.º de Maio."