Antigos avançados do FC Porto indicam solução para a seca de golos de Taremi: "É tentar..."

Longe de ser o único responsável pela obtenção de golos no FC Porto, Taremi é, ainda assim, quem mais próximo está de os alcançar pelo espaço que ocupa no terreno e nos últimos oito jogos não o conseguiu. O atacante atravessa o maior período de seca desde que chegou ao Dragão e nem mesmo as assistências que tem feito disfarçam este rendimento quando a equipa não ganha.

O JOGO procurou ex-avançados portistas para explicar as razões para este jejum de Mehdi, que esta temporada até tem jogado numa zona vulgarmente conhecida como "posição 10", e a conclusão é de que se trata "apenas de uma fase".

"Os avançados têm momentos de grande confiança, em que tudo sai bem e naturalmente, e outros em que quanto mais procuram, quando mais forçam a finalização, a ansiedade em marcar por vezes leva a que se perca discernimento e confiança", refere Domingos Paciência, melhor marcador do campeonato em 1995/96, com 25 golos.

"Cria sempre alguma ansiedade. O Taremi pode estar a criar algumas dúvidas na cabeça, até algum nervosismo por querer fazer golos e isso lhe estar a retirar discernimento", sustenta Hugo Almeida.

Para os dois antigos avançados, "persistência" é a palavra-chave para Taremi dar a volta ao atual contexto. "A imagem que ele [Taremi] passa é de que tem uma personalidade muito forte e será essa capacidade que lhe permitirá ultrapassar este momento. Tem de enfrentar estes períodos da mesma forma que quando perde um golo debaixo da linha de baliza: não fiz agora, mas vou fazer a seguir", afirma Domingos.

"Não pode deixar de trabalhar, porque mais tarde ou mais cedo a bola vai bater numa canela, num joelho, na nuca e vai entrar. É continuar a acreditar no que está a fazer", vinca Hugo Almeida.

O próximo adversário do FC Porto até poderá despertar em Taremi boas sensações para acabar com este período de divórcio com as balizas, já que o Braga é das vítimas prediletas do iraniano, só superada pelo Tondela (seis golos) e pelo Moreirense (cinco). Em seis duelos com os arsenalistas, o atacante marcou quatro vezes, duas delas na época passada. Foram, aliás, decisivas para os dragões não perderem os respetivos jogos. Maior motivação era impossível...

Domingos Paciência
Antigo avançado do FC Porto

"Todos os avançados passam por isso. O próprio Cristiano Ronaldo também já passou por um período assim, embora uns estejam mais tempo e outros menos. O avançado vive muito dos golos e da confiança. O Taremi teve um período no início da época em que não marcava e estava mais a assistir, depois começou a marcar, mais tarde voltou só a assistir... É natural que isto aconteça. Agora, ele já mostrou o seu nível. É um jogador competitivo, de grande pressão, que não desiste e que faz golos pela sua persistência. O ponta de lança é isto. Se calhar ficou mais exposto por ter falhado mais na Champions do que no campeonato, mas ele tem conseguido criar situações e isso é muito importante. É tentar, tentar e tentar e acreditar sempre que o golo vai chegar."

Hugo Almeida
Antigo avançado do FC Porto

"É normal que estes períodos sobressaiam mais nos avançados ou nos guarda-redes, porque são posições mais específicas e requerem mais. O próprio jogador, mais do que ninguém, quer fazer golos, até porque é isso que se pede a um avançado. Mas o Taremi não é só isso. Está a passar pelo que passou o Paulinho, do Sporting, mas depois as coisas vão fluindo e acontecendo. Tem sido de uma entrega fantástica no FC Porto, tem dado muito à equipa, cria espaços para o outro avançado e os extremos aparecerem a fazer golos. É um trabalho que muita gente não valoriza, mas que é essencial. A bola não tem entrado, mas, com o Atlético de Madrid, o guarda-redes [Oblak] até fez uma grande defesa. Tem de manter a calma, porque mais tarde ou mais cedo vai entrar."