"Andávamos nas notícias. Nessa época, batemos o Benfica em Famalicão e fomos vencer às Antas..."
Minhotos ganham conforto e crescem na tabela. Baliza a zero por cinco jogos só encontra paralelo em 1992/93. Lila e Lito recuam no tempo
Corpo do artigo
Num momento próspero na liga, o Famalicão leva cinco jogos sem perder e sem qualquer golo sofrido. E o paladar saboroso de 11 pontos, uma fartura oportuna e estabilizadora. Para encontrar uma muralha defensiva similar recua-se a 1992/93, sob a batuta de José Romão. Uma invencibilidade defendida por 12 rondas com Luís Vasco entre os postes e um núcleo duro com Freitas, Jorginho, Vieira, Lila e Lito. O JOGO falou com Lila, de pulmões cheios como lateral.
Lila recorda a época de José Romão, que andou 12 jogos sem perder. Antigos jogadores destacam pilares do bom momento atual e acreditam que a equipa de Hugo Oliveira ainda pode continuar a escalar.
“Tínhamos uma equipa raçuda e combativa. Éramos aguerridos na paixão pela camisola. E havia gente com técnica na frente”, lembra Lila, dono de um café em Barcelos. “Foi um período fantástico para nós, andávamos nas notícias. Foram 12 jogos sem perder, não era normal e cinco sem sofrer golos também não. Nessa época, batemos o Benfica em Famalicão e fomos vencer às Antas”, rebobina, com méritos para a “determinante coesão defensiva” que começava em Luís Vasco e se exponenciava nos centrais. “O Freitas batia, o Jorginho tinha muita classe e o Vieira ganhava tudo pelo ar. Por conta disso, hoje não tem dentes”, brinca.
Num salto para a atualidade, Lila assume que é “100 por cento gilista”, mas arranja espaço para “90 por cento do Famalicão”. “Gosto muito de ver os jogos que fazem, têm sempre boas equipas e jogadores habilidosos. Aprecio os centrais. Estou feliz por esta boa fase, souberam segurar este novo treinador quando foi questionado. Acredito que vão ficar nos seis primeiros”, projeta o ex-jogador, hoje com 59 anos.
Quem também elogia a “excelente recuperação” de uma equipa que “passou a ser mais regular” é Lito Milhazes, médio operário feito no Varzim que, tal como Lila, brilhou em Barcelos e Famalicão. “Espero que assim continue, porque tem potencial para ficar muito bem classificado. Espero que acabe a época de forma tranquila e, se possível nos primeiros seis. Aprecio muito o Aranda e o Gustavo Sá”, analisa Lito, aceitando discorrer umas linhas sobre umas fitas VHS de 1992/93.
“Tínhamos um grande espírito de sacrifício, éramos uma equipa muito guerreira e equilibrada em todos os setores”, demonstra, compreendendo o estado de graça atual. “Sentíamos muito esse período positivo, mas nunca perdemos humildade. Havia prémios normais, conversas de balneário, os jogadores andavam estimulados e queriam adiar ao máximo uma derrota”, afirma Lito, de 61 anos.
Romão foi o mentor da obra
Jorginho era a figura da equipa pelo trajeto de excelência acumulado na I Liga, até com passagem pelo Sporting e o europeu Chaves. Hoje professor, evoca o mérito de José Romão.
“Colocou imenso conhecimento e competência e soube gerir diferentes momentos da equipa. Foi o mentor desta obra. Nós fomos os executantes, ele o especialista”, recorda, certo que “uma fase assim é determinante para assegurar os objetivos da época”.
“Fico muito feliz por ver que o Famalicão voltou ao mapa nacional com uma grande estrutura, que possibilita o desenvolvimento do plantel e os resultados que têm sido obtidos. Vejo a equipa no bom caminho”, conclui.