O Sporting teve o dobro dos desarmes na primeira parte e quase duas vezes mais perdas de bola no segundo tempo. Equipa de José Peseiro conseguiu uma entrada convicta e convincente, com a melhor certeza no passe da época. Após o intervalo acomodou-se à vantagem, deixou-se adormecer e caiu a pique.
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Feitas as contas, o Sporting conseguiu no sábado, na receção ao Marítimo, o seu principal objetivo: o regresso às vitórias, após a primeira derrota da época, sofrida na ronda anterior em Braga. Foi, contudo, um leão de duas faces aquele que conquistou os três pontos e relançou a equipa na perseguição dos lugares da frente. Apesar de não ilustrarem na sua plenitude a dinâmica, intensidade e autoridade demonstradas pelos leões na primeira parte, que conduziu à vantagem confortável por dois golos verificada ao intervalo - e no final do jogo -, os números espelham mais fielmente a quebra de rendimento no segundo tempo.
O Sporting registou seis desarmes durante o jogo - menos de metade do que a média verificada na época até ao momento -, roubando a bola ao adversário o dobro das vezes na primeira parte do que na segunda. Este facto, conforme já referido, não reflete a forma incisiva como os leões interpretaram a pressão alta desejada, com diversas recuperações no meio campo do Marítimo, mas denuncia a prestação diferenciada nas duas metades.
"Fizemos os melhores 20 minutos em casa", avaliou José Peseiro no final do encontro, antes de conceder: "Fomos obrigados a baixar as linhas (...), tivemos problemas em gerir o jogo." A leitura do treinador acaba por ser consubstanciada na análise às perdas de bola, que quase duplicaram da primeira (4) para a segunda parte (7), em proporção diametralmente oposta ao parâmetro dos desarmes.
Ao nível do passe, por exemplo, mantendo o registo da primeira parte, o Sporting apresentaria um número (468) apenas suplantado na visita à Luz, diante do Benfica (471). A certeza no passe nos primeiros 45" frente ao Marítimo, porém, é do que de melhor os leões têm conseguido esta temporada: 82% de acerto, face aos 77,2%, em média, nos restantes jogos. Neste particular, surge com natural evidência Bruno Fernandes. O camisola 8 dos leões, dono da braçadeira de capitão no jogo de sábado, fez 42 passes certos, com uma taxa de eficácia de 73% - o que se justifica pelo grau de risco assumido, não se limitando a passar para o lado ou para trás.
De referir ainda que, no capítulo defensivo, este até foi o jogo em que o Sporting teve menos trabalho, à exceção da receção ao Feirense, que os leões levaram de vencida com um golo ao cair do pano de Jovane. Aos seis desarmes, 14 interceções e dez cortes registados frente aos insulares contrapõem-se os 14 roubos de bola, oito interceções e seis cortes verificados diante dos fogaceiros. O jogo em que o Sporting teve mais ações defensivas foi... o primeiro da época, ante o Moreirense, com nove desarmes, 14 interceções e 25 cortes. Os leões, recorde-se, venceram por 3-1.