Defende um playoff para se saber quem sobe de divisão.
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O Alverca é um dos clubes que pretende ver a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) permitir um playoff a 16 equipas no qual se defina quem sobe do Campeonato de Portugal à II Liga. Aquando da interrupção das competições, os ribatejanos estavam na 3.ª posição da Série D e a quatro pontos dos líderes Olhanense e Real Massamá. Enquanto esperam pela decisão da FPF, discutida, em princípio, na próxima semana, há alguma ansiedade e incerteza num grupo de trabalho que, em casa, treina como se amanhã houvesse jogo.
"A paragem afeta-nos porque temos hábitos e rotinas que, não acontecendo, nos criam ansiedade extra. Quanto ao playoff, achamos ser benéfico com 16 equipas pois minimiza o prejuízo dos clubes e dá emprego aos jogadores. Se não jogarmos, não recebemos...", aponta um dos capitães do Alverca, Luís Pinto, a O JOGO. O avançado, aliás, só entende a não existência de um playoff se for por motivos de saúde e numa regra aplicável a todos os patamares. "Isso tem de ser transversal a todas as competições, não apenas ao Campeonato de Portugal mas também às competições profissionais. Somos todos iguais e as únicas diferenças entre nós são os salários e a qualidade individual dos jogadores. No trabalho feito não há distinção", defende.
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É em tom de crítica que Luís Pinto, veterano de 37 anos e uma carreira longa onde viu muito, olha para os casos dos clubes que, ao contrário do Alverca "que é cumpridor e não esconde nada ao Fisco", estão a deixar colegas de profissão em dificuldades, alguns com fome, por incumprimentos salariais. "Isto acontece porque quem dirige esses clubes assobia para o lado e é preciso que a FPF não dê hipótese a que essas pessoas se inscrevam no campeonato. Uma direção que promete X e chega ao terceiro ou quarto mês sem pagar não pode andar aqui. Até nos deixam mal vistos internacionalmente...", aponta.
Para recolher fundos para os jogadores mais necessitados nesta fase de pandemia e de lay-offs foi criado um grupo de Whatsapp e uma conta para a qual todos podem contribuir na recolha de fundos para ajudar estes atletas do Campeonato de Portugal. "Não queremos citar nomes, um dia são eles, noutro dia posso ser eu. E sinto que, se um dia isso acontecer, também poderei contar com o apoio dos colegas", frisa Luís Pinto. O atleta confessa, ainda, frustração caso as provas não se completem: "É uma frustração enorme o que centenas de jogadores estão a sentir pois estavam perto de atingir os seus objetivos. Se não for neste ano, o Alverca vai acabar por voltar aos campeonatos profissionais pois o seu projeto tem grandeza."
Treinos via "Zoom"
e prontos a... jogar
Já Rafa Castanheira, também capitão dos ribatejanos, confia no investidor do Alverca mas confessa "um estado de espírito de incerteza". "Vemos a equipa entrar em lay-off e comunicados dos investidores onde dizem não saber se irão continuar devido a esta situação. O nosso investidor é um dos bons investidores do campeonato, nunca nos faltou com nada mas sabemos que esta situação também não deve ser nada fácil", diz a O JOGO o médio formado no Alverca, que também quer ver a época ser concluída: "O nosso objetivo inicial era subir de divisão e estava tudo em aberto, a quatro pontos [de Olhanense e Real Massamá], até porque ainda teríamos confrontos diretos com essas duas equipas. Sentimos que isso é muito injusto.."
Até ao momento, não se vivem situações dramáticas no plantel alverquense ao nível de carências de bens de primeira necessidade e Rafa Castanheira até revela que "a SAD vai cumprir, pelo menos até ao final desta época, o que tem acordado com todos, só há incerteza quanto à próxima". Com os olhos no desejado recomeço da época e na possibilidade de continuar o "assalto" a um lugar na II Liga da próxima, Rafa Castanheira promete que todos estarão prontos quando necessário: "Temos treinos constantes e reuniões pelo 'Zoom', com planos complementares que todos têm cumprido para poderem voltar à normalidade na maior forma possível. Se fôssemos jogar já amanhã? Seria sempre diferente mas estaríamos prontos, mesmo não estando na máxima força."