O presidente da SAD garante que o Portimonense quer cumprir o que resta do calendário, mas, nesta altura, outros valores se levantam. Em entrevista a O JOGO, fala também da sua experiência neste tipo de catástrofes
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Numa fase que ainda é de indefinição em relação ao futuro, Rodiney Sampaio não acredita que algum clube esteja preparado para voltar a competir a curto prazo.
A Liga apresentou um plano para reatar o campeonato, tendo por base as datas da UEFA. O Portimonense está de acordo?
-Queremos cumprir o calendário, mas ainda nada está definido. A Liga propôs umas datas para a época acabar em julho, mas só jogaremos com garantias. Só com o aval do Governo e das autoridades de saúde é que o Portimonense vai a jogo. Treinar, fazer viagens, depois jogar... queremos acabar o campeonato e acho que temos condições para continuar na luta, mas a nossa preocupação é o coronavírus, a saúde dos jogadores e das suas famílias, e apenas avançaremos em total segurança, com as tais garantias governamentais.
Acredita ou não no reinício do campeonato?
-Tenho esperanças que se reinicie, mas a realidade em que vivemos e as expectativas com que deparamos deixam-me para já com enormes dúvidas. São muitos pontos contra. Mas é claro que queria ver de novo o Portimonense a jogar.
Como analisa este problema à volta do futebol profissional?
-Dentro desta catástrofe de lutar pela vida, não se pode fazer mais nada para além da proteção individual e de todos - é um momento de solidariedade. Com todo o respeito, o futebol deve ser relegado para segundo plano, embora saiba que a vida não pára e que os projetos das administrações que gerem as sociedades têm de continuar no ativo.
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E como é que isso se conjuga?
-Os clubes, como grandes empresas profissionais que são, têm uma estrutura administrativa - contabilística, jurídica e financeira -, plantel, gestão desportiva, departamento médico, departamentos de apoio e outros, e a sua administração tem de manter o foco, a serenidade, cumprir os compromissos e rever os ativos para perder o menos possível. Não jogando, perde-se em todos os sentidos, pelo que é necessário planear um rumo suscetível de tornar menos penoso o reinício das atividades.
O Portimonense está preparado para esse eventual reinício?
-Não acredito que algum clube esteja ou fique logo preparado, a 50% que seja, para um reinício. A curto prazo, só mesmo por obrigação. Isto é muito triste, mas é a realidade. E jogar com portas fechadas, sem público... não estou a ver que em menos de quatro ou cinco meses possamos ter público nos estádios. Oxalá me engane.
Acha que os outros clubes estão preparados?
-Não posso falar dos outros, falo pelo Portimonense. A Federação e a Liga saberão melhor as condições dos outros, seja financeira ou estrutural. Uma coisa garanto: o campeonato só se reinicia se todos dispuserem de condições aceitáveis, nos campos, balneários, transporte, hospedagem e demais valências. Começar e ter de parar é que não, em especial se o vírus continuar ativo.
Há clubes a dizer que querem jogar, mas que faltam incentivos...
-Acredito que todos queiram jogar, mas que incentivos? Apoio governamental, acordos tributários, seguros, operadoras de TV, que são o oxigénio do nosso futebol? Sei, e é do domínio público, que alguns clubes não estão a conseguir pagar as suas obrigações e outros até admitem recorrer ao "lay-off". Existe união, mas nem todos os clubes estão na mesma posição e, no futuro, creio que serão inevitáveis alguns incentivos.