Os 13 remates consentidos pelos azuis e brancos nas Aves ajudam a explicar a divisão de pontos e estabeleceram o pior registo a nível interno.
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Explicar o empate do FC Porto na Vila das Aves pode começar pelos 13 remates consentidos à baliza de José Sá. Até ao jogo da 12.ª jornada do campeonato nunca os azuis e brancos se tinham revelado tão permeáveis nas competições internas, incluindo os jogos da Taça de Portugal e da Taça da Liga. No final do encontro, Sérgio Conceição ironizou com o facto de o Aves ter jogado hipermotivado, como se estivesse "a disputar a Liga dos Campeões", e a verdade é que os 13 remates consentidos são dignos das estatísticas europeias do FC Porto, esta época. Até aqui, ao nível interno, só o Braga, à quarta jornada tinha sido capaz de fazer uma dúzia de remates à baliza do FC Porto, num jogo que terminou com uma vitória dos portistas pela margem mínima, triunfo que não se verificava há duas épocas, no Municipal de Braga.
Mas estes 13 remates adquirem maior dimensão quando se constata que, em média, o FC Porto consente apenas 5,7 remates por jogo nas competições internas e que só neste encontro da 12.ª jornada o Aves conseguiu mais do dobro dos habitualmente consentidos. Nem no clássico de Alvalade, apesar do equilíbrio natural entre concorrentes ao título, os azuis e brancos deixaram rematar tanto, "permitindo" apenas cinco remates ao Sporting, num jogo que terminou com os primeiros dois pontos perdidos no campeonato.
Nas competições internas, o Braga era o adversário que mais vezes tinha rematado à baliza do FC Porto (12), à quarta jornada
Nas Aves, a equipa não revelou a mesma consistência, surgiu desequilibrada e sem capacidade para fazer as devidas compensações, permitindo alguns contra-ataques. A isso foram-se somando erros individuais que abriram brechas para que o Aves fosse capaz de alvejar a baliza de José Sá. Corona, com um mau atraso (4") e uma perda de bola (37"), criou calafrios na defesa portista e proporcionou outros tantos remates. Ricardo Pereira, com um deslize (24"), criou um desequilíbrio e obrigou ao recurso à falta para travar o adversário, provocando um livre direto perigoso. Estes são alguns exemplos de falhas cometidas, que ajudam a explicar tantos remates. Recorde-se que, ao intervalo, o FC Porto já registava nove remates consentidos à baliza de Sá, algo que ainda nenhum adversário tinha conseguido nos primeiros 45 minutos.
Na segunda parte, o FC Porto corrigiu algumas marcações e passou a controlar mais o adversário. Mas com a equipa reduzida a dez, depois da expulsão de Corona, e apesar da entrada de Maxi, que se colocou à frente de Ricardo Pereira, no corredor direito, a consistência defensiva não só não melhorou, como isso não impediu Amilton de cruzar desse flanco para que Vítor Gomes entrasse nas costas de Felipe e fizesse o golo do empate.
Leipzig já tinha posto à prova consistência defensiva da equipa
O jogo do FC Porto em Leipzig foi o que revelou mais dificuldades dos azuis e brancos para travar os remates do adversário. Os dragões perderam por 3-2 e, no final, Sérgio Conceição reconheceu ter sido um dos menos conseguidos em termos de consistência defensiva. Nesse jogo, os alemães alvejaram a baliza de José Sá com 21 remates, estabelecendo o pior desempenho defensivo da equipa nesta época. A jogar no Dragão, num jogo que também terminou com uma derrota dos azuis e brancos, o Besiktas foi até agora a única equipa capaz de dominar o FC Porto e de rematar 12 vezes à baliza de Casillas. Nem o Leipzig, no último duelo europeu, conseguiu rematar mais, ficando-se ainda assim pelos dez remates.