João Paulo Araújo, agredido por cerca de 30 pessoas em maio de 2020, esteve esta segunda-feira a prestar depoimento no Tribunal de Sintra.
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João Paulo Araújo, adepto do Sporting agredido por eventuais elementos dos No Name Boys, em maio de 2020, no Estoril, esteve esta segunda-feira a prestar depoimento no Tribunal de Sintra, durante uma sessão do julgamento do caso "Operação Sem Rosto", que conta com 31 arguidos alegadamente pertencentes àquela organização de adeptos.
"No dia 27 maio de 2020, estava a regressar a casa depois de ter feito compras no supermercado, quando me deparo com um grupo de cinco indivíduos. Tentei contorná-los, e vejo um 'comboio' deles, para aí com uns 30 elementos, não consegui ver bem", começou por contar o agredido, admitindo em seguida ligações à Juve Leo (claque do Sporting) naquela altura.
"Levei facadas, levei bastonadas, pontapés, levei tudo", prosseguiu no depoimento, explicando que as facadas foram "três ao todo", no "braço, torax e perna", desferidas através de pessoas que "estavam identificadas" como sendo adeptas do Benfica, através de "cachecóis e gorros vermelhos e brancos".
Araújo explica depois que "foi só uma pessoa" a agredi-lo com um martelo. "Fui ao chão, caí por terra. Não sei se desmaiei, mas estive quase", contou, lembrando que sangrou "da cabeça e do braço". Ao mesmo tempo, lembra-se de ter ouvido as seguintes expressões: "Bate-lhe, filho da p***, c******, Benfica."
Na ocasião chegou também a partir um dedo. "Estava cercado a tentar fugir, um agarrou-me na mão, puxou-me o dedo indicador para trás, da mão direita, foi complicado."
Depois, um polícia à paisana ia a passar e terá travado males maiores. "Consegui fugir, quando entrou um polícia, gritou 'Polícia!', Aqui largaram-me um bocadinho e corri para a estrada principal.
Araújo esteve depois cinco dias num hospital e, quando acordou, quatro polícias tinham fotos para que a vítima pudesse identificar possíveis agressores. "Tenho algumas visões do que aconteceu. Tento-me lembrar do que passou, eles eram parecidos com os das fotografias, mas em termos de reconhecimento era diferente. Eu conheço-as todas, mas no reconhecimento... foi mais ou menos. Na altura não me encontrava bem para fazer o reconhecimento", justificou, aludindo ao facto de ter tido dificuldades em reconhecer pessoas que tenham participado nas agressões.
Quando lhe perguntaram se, por exemplo, tinha reconhecido um dos arguidos, confrontando-o com o nome da pessoa em causa, a vítima respondeu: "Não me recordo. Não lhe consigo dizer a cem por cento. Foi uma grande confusão, foi momentâneo e tudo muito rápido."