Lincoln, em entrevista a O JOGO, fala sobre o jogo de sábado. Não esquece o clube que representou em Portugal e alguns ex-companheiros.
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O médio do Fenerbahçe percorre perdas importantes do clube nos últimos tempos como foram Fábio Cardoso, Morita, Carlos Júnior ou Zaidu, mas ainda acredita no elenco dos micaelenses.
O Santa Clara perdeu referências, como Fábio Cardoso. O que acha dele?
-Fomos perdendo símbolos. Um deles o Fábio Cardoso. Tenho apreciado o que tem feito no FC Porto. Ele merece tudo, é um profissional imenso, queria sempre ganhar e incomodava-se muito quando perdia. Era um líder no campo, sentimos muito a perda dele, mas fiquei feliz pelas conquistas da sua carreira.
E de Morita, como regista a sua integração e importância assumida no Sporting?
-Estamos a falar de uma grande pessoa e um grande profissional. Não me surpreende o que vem fazendo, pois partilhei bons momentos no meio-campo com ele. É de extrema qualidade, extrema capacidade física, sabe jogar, é craque com bola, sabe atacar e sabe defender. Foram grandes momentos, torço para que continue nesse crescimento. Tem um profissionalismo e um empenho acima da média, está a merecer todo esse relevo conquistado.
Atendendo ao ponto do campeonato, um Santa Clara já despromovido ainda pode ameaçar a comemoração do título da parte do Benfica, em pleno Estádio da Luz?
-Acredito que o Santa Clara ainda pode complicar as contas do campeonato. Vi o jogo com o Braga e está claro que mostrou a sua qualidade, deu luta até ao fim. Por vezes as coisas não dão certo, não depende só de nós. Torço muito por eles, independentemente de estar despromovido e pouco ter a ganhar, vai dar tudo e tentar fazer um excelente jogo. Que ganhe a partida e lance já as bases da próxima época. Sou sempre adepto, jogue contra quem jogar o Santa Clara.
Orgulho pela história, tristeza pela descida
Lincoln foi perda significativa no projeto açoriano, ele que era o mágico da equipa e peça decisiva tal como Morita, que partiu para o Sporting. O brasileiro reconhece razões para o descalabro de uma equipa que vinha entretendo o espectador e habituando os adeptos do Santa Clara a classificações na parte alta da tabela.
Que sentimento fica da passagem pelos Açores, sabendo também desta descida?
-Os Açores foram tudo para mim, nasceu uma filha, o Santa Clara deu-me imenso, acolheu-me muito bem. Eu subi muito novo a profissional no Grémio, saí cedo num empréstimo para a Turquia, voltei ao Brasil e a verdadeira estabilidade só a tive no Santa Clara. Foram três épocas a realizar grandes campanhas e batendo recordes, fazendo classificações históricas para o clube. Fico feliz por ter o nome marcado no clube, pelo processo conjunto, mas muito triste pela descida.
A descida, muito concretamente, apanhou-o de surpresa?
-Sabemos que é difícil, dentro de uma equipa, quando se trocam muitos jogadores a probabilidade de não dar certo é alta, por muito que cheguem muitos atletas de qualidade. Viu-se o exemplo do Rio Ave. Agora o Santa Clara. A competição em Portugal é bastante difícil e se chegam muitos atletas que não conhecem a exigência do campeonato fica complicado. Eu não conhecia nada, mas já vinha de equipas profissionais e olhei para o balneário e estavam vários jogadores que sabiam tudo da Liga portuguesa como Fábio Cardoso, Rafael Ramos, Sagna, Anderson, depois Costinha, o guarda-redes Marco. Isso ajudou e facilitou, afinal um jogador que vem de fora acaba por conviver mais no clube do que com a sua família. Foram muitas trocas, não serve de desculpa mas é certo que atrapalhou. Fico a torcer para que subam já de imediato com excelente campeonato, é o clube que mora no meu coração, pois foram lindos tempos juntos.