O total de 164 milhões de euros que "assegurou" ao FC Porto não tem paralelo. Na faturação ponderada, Jesualdo Ferreira está próximo. Jorge Jesus foi quem mais edições disputou, mas fica longe
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Os números não poderiam ser mais cristalinos: em três participações na Liga dos Campeões com Sérgio Conceição, o FC Porto faturou um total de 164 milhões de euros, dos quais 45,8 milhões de euros foram consequência apenas do rendimento desportivo na prova (vitórias, empates e as respetivas qualificações para as fases a eliminar).
Treinador supera médias de todos os técnicos de equipas portuguesas na prova
Não há, na história dos dragões e do futebol português, outro treinador que tenha ajudado uma SAD a ganhar tanto dinheiro como o portista, que sai beneficiado pelo aumento gradual dos prémios monetários, em especial na época de 2018/19, quando a UEFA também incluiu um bónus pelo ranking a dez anos do clube.
No entanto, Conceição teve o mérito de ter ultrapassado sempre a fase de grupos nas três épocas em que a disputou (incluindo a atual), algo só logrado por Jesualdo Ferreira. O "Professor" até o conseguiu por quatro ocasiões, mas sai prejudicado (bolo total de 45,9M€) pelo facto de o organismo que tutela o futebol europeu ter distribuído gratificações inferiores nas temporadas em que orientou os azuis e brancos.
Conceição, deve dizer-se, falhou o acesso em 2019/20, eliminado pelo Krasnodar na pré-eliminatória. Nas fases de grupos que disputou, apurou-se sempre com relativa facilidade.
Ora, numa tentativa de equilibrar a contabilidade em termos financeiros entre todos os treinadores deste século que tiveram, pelo menos, duas participações na fase de grupos da Liga dos Campeões, O JOGO fez uma simulação utilizando somente os valores praticados atualmente: 2,7 milhões de euros por vitória, 900 mil por empate, 9,5 milhões de euros de acesso aos oitavos de final e 10,5 milhões de entrada nos quartos (o máximo que qualquer um deles conseguiu).
E o resultado indica que, em média, Sérgio Conceição também seria o que mais dinheiro geraria. O técnico de 46 anos permitiria um encaixe médio de 23,8 milhões de euros em cada uma das três temporadas em que participou (a atual ainda está incompleta, convém não esquecer), superando Jesualdo Ferreira por 1,3 milhões (números arredondados) e deixando Jorge Jesus a larga distância.
O treinador do Benfica até é, de todos, os que mais participações tem. Contudo, ao contrário do que sucedeu com os dois mais bem sucedidos deste exercício, falhou o acesso às fases a eliminar em seis das sete vezes em que teve o privilégio de ouvir o hino da Champions a partir do banco.
A média seria, inclusive, inferior a Rui Vitória, que ultrapassou esta primeira fase da liga milionária por duas ocasiões em quatro tentativas enquanto treinador do Benfica. Isto, mesmo tendo terminado a temporada de 2017/18 sem qualquer vitória ou empate, ou seja, com um zero na coluna dos proveitos resultantes unicamente do rendimento desportivo.
Apesar de só ter estado duas épocas nos azuis e brancos, caberia a Lopetegui fechar o pódio, uma vez que o espanhol conseguiu levar a equipa até aos quartos de final da liga milionária em 2014/15, caindo aos pés do Bayern Munique. Em 2015/16 foi eliminado, ainda assim com 10 pontos, o que à luz dos valores atuais ainda renderia 9 milhões de euros.
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José Mourinho, campeão europeu em 2004, teve um registo extraordinário nessa temporada. Mas a segunda fase de grupos que jogou em 2001/02 (modelo diferente da prova), quando substituiu Octávio Machado, foi pobre e baixa o nível médio.
De volta às épocas de Conceição, a segunda participação a Liga dos Campeões foi, obviamente, a melhor. O treinador conseguiu conduzir o FC Porto até aos quartos de final da prova, o melhor registo do clube neste século... após a conquista de 2004, claro. Por força do tal aumento substancial das verbas a que já nos referimos, os portistas amealharam quase 80 milhões de euros, dos quais 34,4 milhões de euros foram relativos aos resultados obtidos na competição (os restantes foram prémio de entrada e bónus por posicionamento no ranking).
Um número que, diga-se, os dragões só poderão atingir desta vez se ultrapassarem a barreira dos quartos e chegarem às meias-finais. Para já superaram a barreira dos 60 milhões de euros, muito importante porque vai de encontro aos objetivos estabelecidos pela SAD no orçamento para 2020/21, fundamental para sair da alçada do fair-play financeiro, como é objetivo da mesma e foi garantido por Fernando Gomes.
E se, em matéria de rendimento desportivo, o jogo com o Olympiacos, na próxima quarta, serve para pouco, já em termos financeiros pode acrescentar 2,7 milhões à conta e aumentar a distância de Conceição para os demais neste ranking de faturação que, como em muitos outros, o técnico se tem destacado.