"A imagem que temos da forma como João Pinto segura o troféu de campeão europeu..."
Vice-presidente do Atlético de Bilbau explica a escolha do ex-lateral dos dragões, que é o novo contemplado com o One Club Man Award. É na receção de hoje dos leões bascos ao Getafe que entrará em cena, aos 61 anos, o antigo capitão, recordista de jogos no FC Porto, eterno na Invicta e na memória de um clube que prima pela diferença.
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O Atlético de Bilbau entregará esta quarta-feira o One Club Award a João Pinto, prestigiando o lendário lateral portista por um percurso apaixonante, no qual agrafou ao currículo nove campeonatos. Em exclusivo a O JOGO, antecipando a honra gigante do antigo capitão azul e branco, homem que carregou a Taça dos Campeões em 1987, "frames" míticos de uma explosão de euforia em Viena, entrando, agora, numa galeria de notáveis que conta com Le Tissier (Southampton), Maldini (Milan), Puyol (Barcelona), Sepp Maier (Bayern), Billy McNeill (Celtic) e Bochini (Independiente), falou o vice-presidente do clube basco, Jon Ruigómez.
"A ideia é reconhecer a trajetória de um futebolista num único clube. Há trajetórias que despertam atenção pela larga duração, como é o caso de João Pinto, com 16 épocas no FC Porto e 587 jogos. Soma-se a importância dos títulos conquistados. Mas, aquilo que o Atlético mais quer premiar são os valores da lealdade ao clube que te dá oportunidade de triunfar. Esse sentido de pertença que faz com que prefiras defender o escudo da tua equipa em detrimento de outras", explica o dirigente.
Para Ruigómez, "esse é o respeito e agradecimento pelos adeptos" que apoiam as equipas "em todos os momentos." "Essa é, afinal, a origem do futebol, esse vínculo afetivo entre futebolistas e clube. É isso que está na identidade do Atlético Bilbau", acrescenta o "vice" dos leões bascos, entendendo a magnitude dos sentimentos que grassam em San Mamés, de um clube altamente titulado em Espanha, que nunca desceu e, em momento algum, traiu o princípio de não contratar estrangeiros, nem sequer jogadores sem qualquer relação com País Basco e Navarra. O clube de "monstros" como Iribar, Gaínza, Txetxu Rojo e Larrazabal ou os mais recentes Iraola ou Muniain. De resto, seria mais fácil do que em qualquer outro eleger um onze de atletas que nunca quiserem provar uma segunda camisola. "A indústria pode avançar numa direção contrária, mas não há adeptos no mundo que não admirem estes princípios fundamentais. Eles fazem a verdadeira essência", expressa.
Consciente de que esta distinção do Atlético se difundiu com ritmo próprio e com toda a propriedade, Jon Ruigómez volta a agarrar no exemplo do mais recente galardoado. "O impacto é muito positivo. No caso do João Pinto, é impossível separar a figura do magnífico clube que representa, um histórico como o FC Porto, um gigante na Europa. E, por sinal, há essa proximidade que nos une, da estreia dos clubes na Taça dos Campeões Europeus, no Estádio das Antas, a 20 de setembro de 1956", recorda. "A repercussão internacional tem sido maior, porque os premiados têm sido jogadores de carreiras lendárias, expoentes dos seus clubes. É um prestígio que se reforça ano a ano, graças a grandes nomes, como é o de João Pinto. Ele personifica a dimensão do galardão, a identificação com o clube da sua vida, o FC Porto. A imagem que todos temos da forma como ele segura o troféu de campeão europeu é algo imponente, mas a comissão técnica do Atlético elege ainda outros aspetos mais decisivos", explica, resumindo a lista dos já honrados pelo One Club Award. "O mais importante é a relevância que o jogador tem na memória emocional do clube que representa. Além dos exemplos europeus de Puyol, Maldini, Sepp Maier e Le Tissier, é preciso ver o que significa McNeill para o Celtic e o amor que sentem os adeptos do Independiente por Bochini. É indescritível. É um amor que não se compra com dinheiro, nem se alcança com títulos. Esse é o amor exclusivo dos One Club Awards. João Pinto é o eterno capitão dos dragões, o eterno número 2, o homem de "dois corações e quatro pernas", enfatiza o dirigente dos bilbaínos.
17081986
"Os milagres não se explicam"
Jon Ruigómez fala da dimensão do prémio dentro das quatro paredes de San Mamés, a mítica catedral de um sentimento imortal. "Nos regulamentos está, claro, que um jogador do Atlético de Bilbau não pode receber este galardão. Mas sempre que o público de San Mamés ovaciona um "One Club Man", recebendo o troféu das mãos de José Ángel Iribar, está a aplaudir, de certa forma, todos os nossos "one club man". E é algo que estala no balneário", explica o "vice" dos leões de Bilbau.
São estes jogadores, gerações em cima de gerações, mesmo que o último de oito títulos de campeão espanhol remonte a 1983/84, que continuam a fomentar a grandeza distinta de um clube conhecido pela sua filosofia e independência da ditadura do futebol moderno. "O que faz o Atlético pode ser chamado de milagre, mas os milagres não se explicam. Acredita-se ou não se acredita. E nós acreditamos muito no clube, na nossa equipa e nos nossos jogadores", conclui Jon Ruigómez.
17082002
Banda rock tributa os "One Club Man"
O verdadeiro eco interno demonstrativo do sentido de pertença e consciência do balneário chegou em 2019 e foi reforçado em 2021 quando o Atlético de Bilbau venceu a Supertaça de Espanha. Nascia a banda Orsai, que brotava da irmandade e fraternidade de San Mamés. Que cunhava à sua existência impactante homenagem aos distintos campeões de uma só camisola. "Seis jogadores da primeira equipa formaram há poucos anos um grupo de rock, chamado Orsai, e deram-se a conhecer com a música "One Club Men". Um dos seus versos diz "todos os brilhos que me ofereces nada significam para mim, os meus pés pertencem a esta terra e não é fácil tirar-me daqui". Orsai, palavra espanhola que espelha o significado de "offside" - portanto, fora-de-jogo -, serviu de batismo a um grupo rock, que já ousou mesmo uma versão dos AC/DC de "Highway to Hell", formado por Asier Villalibre, que é voz e dono do trompete, Dani García na bateria, Oscar de Marcos, Mikel Balenziaga e Mikel Vesga assumem as guitarras e Iñigo Lekue toca baixo. Balenziaga transferiu-se, entretanto, para a Corunha, mas o grupo mantém, quando possível, os ensaios. Entre todos, só De Marcos tinha experiência com guitarras.
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