A história do estádio em Penafiel: "Andar a deitar placas abaixo para pôr outras não é obra do 25 de Abril..."
O historiador José Coelho Ferreira conta que por haver divisão de posições foi decidido, pelos deputados da Assembleia Municipal, juntar as duas designações: Estádio Municipal e 25 de Abril
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A história da designação do Estádio Municipal 25 de Abril é, no mínimo, curiosa. O então Estádio Municipal de Penafiel, que anteriormente chegou a ser conhecido por Campo de Leiras, mudou oficialmente de nome a 1 de agosto de 1977, quando a atual designação foi aprovada na Assembleia Municipal presidida por Abreu Cepeda, depois de ter sido aceite pela Câmara Municipal, cujo presidente era na altura Mário Castro Sousa.
A alteração começou a ser preparada uns meses antes. “A seguir ao 25 de Abril, António Guimarães, que fazia parte do MDP/CDE, organizou um comício aqui em Penafiel, junto ao estádio. Puseram uma placa no recinto que se chamava Estádio Municipal, a dizer Estádio 25 de Abril”, recorda José Coelho Ferreira, então deputado da Assembleia Municipal pelo PPD/PSD. “É claro que a Direção e muitos sócios do clube não gostaram. Na altura, a Câmara era gerida por uma comissão administrativa. Havia uns contra e outros a favor”, conta.
Em fevereiro de 1977, a placa, de mármore, foi derrubada pela calada da noite por um outro grupo de homens, que não sendo contra-revolucionários, não concordavam com a ideia e atiraram-na para dentro de um poço existente nas imediações do estádio. No jornal “O Diário” foi publicado um artigo a acusar a autarquia local de destruir a placa. “A Câmara negou e o presidente, Mário Castro de Sousa, fez uma sessão, a 5 de fevereiro de 1977, a desmentir que a Câmara tinha alguma coisa a ver com aquele incidente”, lembra José Coelho Ferreira. O executivo deliberou, posteriormente, levar à Assembleia Municipal a proposta de renomear o estádio “25 de Abril”. “O PPD/PSD tinha maioria e o que é que resolvemos? Como havia uma parte que queria Estádio Municipal e outra preferia 25 de Abril decidimos juntar as duas palavras e assim ficou Estádio Municipal 25 de Abril. Ninguém ficou contente nem ninguém ficou triste”, atira com um sorriso elucidativo o historiador de 80 anos sobre a deliberação da Assembleia Municipal de 20 de maio de 1977. A proposta, acrescenta com uma memória fresquíssima, “foi aprovada com 35 votos a favor, 17 contra e duas abstenções”.
Nascido em Penafiel e sócio do clube, José Coelho Ferreira conta ainda que, na altura, votou a favor porque o seu partido, PPD/PSD, “assim o determinou”, mas, embora não seja “uma questão de concordar ou discordar”, analisa este episódio de há 47 anos com alguma frieza. “Se fizessem uma obra a seguir ao 25 de Abril e batizassem o estádio ‘25 de Abril’ tudo bem. Agora, andar a deitar placas abaixo para pôr outras não é obra do 25 de Abril, é obra anterior”, defende. “Aqui era Municipal, era de toda a gente. Pusemos também Municipal porque não foi a Revolução que fez o estádio. Aceito a decisão da altura, mas não fiquei entusiasmado e nem as pessoas gostaram muito. Mas pronto, ficou assim, está muito bem”, conclui.