A emocionante homenagem de Pinto da Costa a Gomes: "Não foi o último abraço, Fernando!"
Pinto da Costa dedica, por inteiro, o artigo que publica na Dragões, ao bibota Gomes
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Pinto da Costa escolheu referir-se apenas a Gomes no artigo que assina na Dragões, publicação impressa e online do FC Porto.
Depois de recordar tudo o que o bibota conseguiu dentro do campo numa carreira repleta de títulos com a camisola do FC Porto, o presidente portista descreve, com emoção, episódios que ele e o Fernando Gomes partilharam. Com destaque para a última visita ao hospital.
"O terceiro e último abraço foi o mais doloroso da minha vida. O Fernando já não recebia visitas, mas insistia com a sua mulher, a sua querida Xana, para que o visitasse. Autorizado pelo seu médico, desloquei-me ao hospital onde se encontrava. Trocámos opiniões sobre a formação do FC Porto, de que era responsável, e da vida do Clube em geral.
Cerca de vinte minutos depois do início da nossa conversa, perfeitamente lúcido, mas muito cansado, quando nos despedíamos, pediu à sua Xana, que o ajudasse a levantar. Admirada, ela perguntou-lhe: "Queres ir ao quarto de banho?". E o Fernando respondeu-lhe: "Quero dar um abraço ao Presidente". Assim trocámos o nosso último abraço", pode ler-se num artigo que Pinto da Costa terminou assim. "Um mês depois deixou-nos. Não foi o último abraço, Fernando! Foi o penúltimo, pois um dia estarei junto de ti, para te abraçar com toda a amizade com que vivemos 46 anos. Até sempre, Fernando!"
TEXTO NA ÍNTEGRA
"Até sempre, Fernando!
Hoje escrevo para recordar um grande símbolo do FC Porto - Fernando Gomes - que partiu e nos deixou a todos mais pobres, cheios de saudades.
A sua carreira, todos conhecem. Cinco vezes campeão nacional e vencedor de três Taças de Portugal, três Supertaças, uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça Intercontinental e uma Supertaça Europeia.
Individualmente, conquistou por duas vezes o troféu de melhor marcador europeu, a Bota de Ouro.
Fantástico!
Mas do que sinto mesmo falta é do seu convívio. Foram dezenas de anos a viver e a conviver com uma paixão comum - o FC Porto.
Recordarei sempre os seus golos, as suas vitórias e os seus exuberantes festejos.
Trocámos centenas de abraços em momentos felizes. Mas há três que recordo e nunca esquecerei:
- O primeiro, quando, em 1982, depois da minha eleição como Presidente do nosso Clube, me desloquei a Gijón para o fazer regressar ao seu clube de coração. Quando, depois de negociar com o Presidente do Sporting de Gijón, nos encontrámos, disse-me: "Então quer mesmo que eu volte? Nem posso acreditar!". E seguiu-se um abraço prolongado;
- O segundo foi quando o convidei para fazer parte da minha atual Direção. À sua declaração "É um sonho que nunca acreditei ser realizável", seguiu-se um forte abraço;
- O terceiro e último abraço foi o mais doloroso da minha vida. O Fernando já não recebia visitas, mas insistia com a sua mulher, a sua querida Xana, para que o visitasse. Autorizado pelo seu médico, desloquei-me ao hospital onde se encontrava. Trocámos opiniões sobre a formação do FC Porto, de que era responsável, e da vida do Clube em geral.
Cerca de vinte minutos depois do início da nossa conversa, perfeitamente lúcido, mas muito cansado, quando nos despedíamos, pediu à sua Xana, que o ajudasse a levantar. Admirada, ela perguntou-lhe: "Queres ir ao quarto de banho?". E o Fernando respondeu-lhe: "Quero dar um abraço ao Presidente". Assim trocámos o nosso último abraço.
Um mês depois deixou-nos. Não foi o último abraço, Fernando! Foi o penúltimo, pois um dia estarei junto de ti, para te abraçar com toda a amizade com que vivemos 46 anos. Até sempre, Fernando!"
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