Franck Passi, antigo treinador de Bissouma, traça perfil de um médio com mentalidade ofensiva mas que precisa de trabalhar para se impor
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O FC Porto está em vias de contratar um médio com mentalidade ofensiva e com grande potencial por lapidar. Enquanto decorrem as negociações, Franck Passi, treinador do maliano no Lille em 2016/17, ajudou O JOGO a traçar o perfil do jogador, sublinhando desde logo aquilo que mais atenção desperta nele. "Onde rende mais é a jogar como um oito: mete velocidade nas transições ofensivas, tem bom toque de bola, qualidade de passe e uma grande capacidade para furar as linhas adversárias. Além disso, aparece bem na meia distância para rematar à entrada da área. É forte nos duelos e tem uma mentalidade bastante ofensiva. É um jogador capaz de pegar na bola na defesa e de a conduzir até ao ataque sem problemas, porque também finta bem", explicou a O JOGO.
Com Bissouma, Sérgio Conceição pode acrescentar concorrência ao meio-campo e não só, porque Passi falou igualmente de um jogador versátil: "Pode atuar em várias posições, como médio, que me parece a mais natural nele, mas também como lateral-direito ou até extremo, se for necessário, porque tem características para isso. Tratando-se de um jogador de carácter mais ofensivo, como já disse, a posição mais indicada para ele seria a oito, no meio-campo, mais do que a médio-defensivo, mas também poderá "desenrascar" nessa posição, no limite."
"O que ele precisa sobretudo é de trabalhar. Se for bem trabalhado, não vai ficar a dever nada aos jogadores que o FC Porto já tem para o meio-campo"
Do ponto de vista do treinador e antigo jogador do Marselha, na década de 80, onde Bissouma precisa de melhorar é no aspeto tático. "Não é muito culto taticamente, precisa de aprender a esse nível, mas tem grande capacidade técnica e física para tal", contou, antes de apontar a questão decisiva para que tenha hipóteses de se impor numa equipa como o FC Porto. "O que ele precisa sobretudo é de trabalhar. Se for bem trabalhado, não vai ficar a dever nada aos jogadores que o FC Porto já tem para o meio-campo", garantiu.
Aos 21 anos, o médio está longe de ser um jogador acabado e ainda precisa de adquirir bagagem tática e de acumular experiência internacional para subir uns patamares. O potencial, contudo, está lá
Curiosamente, e apesar de contar apenas 21 anos, o maliano já representou 16 vezes a seleção principal do seu país, ao lado de Marega. Mas Franck Passi argumentou com as devidas distâncias: "O potencial dele foi detetado muito cedo, por isso diria que ainda não é um jogador acabado. Tem 21 anos e é diferente ser internacional pelo Mali e ser internacional por uma seleção como a portuguesa ou outra das que os jogadores do FC Porto representam. Mas tem nível e argumentos para se impor se for capaz de trabalhar como deve ser." Tão importante como isso será a apreensão de toda uma mentalidade, porque o maliano nunca jogou numa equipa habituada a lutar por títulos, como é o caso dos dragões. "Os jogadores do FC Porto são praticamente todos internacionais e têm uma grande experiência não só ao nível de seleções como de competições europeias. Jogam regularmente na Champions, lutam por títulos todas as épocas e parece-me que é essa mentalidade e essa experiência que ele precisa de adquirir para evoluir", sublinhou. O desafio, já se percebeu, não será pequeno para Bissouma, que terá de enfrentar forte concorrência antes de conseguir entrar nas opções de Conceição, mas Passi terminou destacando-lhe uma forte vertente psicológica: "A concorrência não o assusta, estamos a falar de um jogador consistente psicologicamente, que vai enfrentar esse desafio sem problemas."