João Pereira, treinador do Casa Pia, campeão em 2023/24 pelo Alverca, prevê mais uma campanha emocionante. Prova começa esta sexta-feira com um jogo em cada agrupamento
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Arranca na tarde desta sexta-feira a quarta edição da Liga 3 com um Trofense-Braga B, seguindo-se, à noite, o Belenenses-Caldas. A primeira fase da competição está dividida em duas séries (A e B, ou seja norte e sul) de dez equipas cada, passando à etapa de subida os quatro primeiros de cada agrupamento. Aqui, a promoção à II Liga será para os primeiros dois classificados, enquanto o terceiro discutirá a última vaga no segundo escalão num play-off com o 16.º da II Liga.
Nesta temporada, a Liga 3 está representada por oito distritos (Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco e Lisboa) e uma região autónoma, a ilha Terceira, dos Açores, pelo estreante Lusitânia, estatuto que partilha com o Amarante, vencedor do Campeonato de Portugal.
João Pereira, treinador campeão da Liga 3 na época passada, pelo Alverca, considera que “pode ser um ano de surpresas”. “Seria fácil olhar para trás e dizer que o Lourosa quase foi à II Liga e pode ser um candidato, mas todas as equipas têm o mesmo ponto de partida. Uma equipa que vem do Campeonato de Portugal não tem responsabilidade de subir de divisão, mas muitas vezes acaba por ser mais fácil encontrar esse caminho, uma vez que tem alguma estabilidade no plantel ou até a continuidade do próprio treinador. O Lourosa e o Länk Vilaverdense, este há duas épocas, são reflexo disso mesmo, mas acredito que todas tenham possibilidade de atingir a subida”, realçou a O JOGO o treinador, 32 anos, que saltou do Alverca para o Casa Pia, ao serviço do qual se vai estrear na I Liga. “Na fase inicial as equipas estão a 15 ou 20 por cento daquilo que podem fazer”, aponta, pelo que “deverá existir confiança e estabilidade por parte dos clubes nesta etapa”.
Com passagens pelo Amora e Alverca nesta competição, o atual treinador dos gansos revela que quando se estreou na Liga 3 havia mais históricos, mas aguarda com igual entusiasmo pelo desfecho desta quarta edição. “No primeiro em que tive oportunidade de participar, só na Série B havia históricos como o V. Setúbal, a Académica, o Belenenses, o U. Leiria e o próprio Alverca com um grande investimento. Estou curioso para perceber como será esta Liga 3 com a presença de outros clubes que não são tão históricos nas ligas profissionais, mas são centenários e querem aproximar-se do topo”, ressalva, defendendo que o atual formato “é mais justo e tem servido de transição para divisões superiores de vários jogadores e treinadores”.
Olhando para os candidatos, a norte há dois nomes que saltam à vista: Lourosa e Fafe. Os lusitanistas estiveram perto da subida em 2023/24, mas claudicaram na parte final. O treinador Jorge Pinto saiu para o... Fafe e entrou Renato Coimbra, que conduziu o Amarante ao triunfo no CdP. Na lista de reforços destaca-se a experiência trazida por Avto, João Vasco e Silvério Júnio. Já no Fafe há uma SAD decidida a levar os minhotos para outros patamares e que tem em Derlei um dos investidores. As contratações de Vasco Braga, Bruno Morais, Edson Farias, João Amorim, Filipe Cardoso e João Vigário, gente com muitas jogos de primeira e segunda ligas nas pernas, dão estofo ao plantel. A reorganizar-se financeiramente, o Varzim, agora presidido por Ricardo Nunes, até há bem pouco tempo guarda-redes e capitão, é sempre um participante a ter em conta. Manteve o timoneiro Vítor Paneira e mistura reforços jovens com outros mais experientes e conhecidos, como Joel Monteiro, Rúben Oliveira e Fábio Pacheco. De juventude é feito o Braga B - já deu à equipa principal talentos como Álvaro Djaló e Roger Fernandes, entre outros -, e tem visto a promoção escapar-lhe consecutivamente. Em grande mudança - a empresa Länk saiu - depois de uma grave crise financeira e da despromoção, o Vilaverdense, que será orientado por Luisinho, antigo jogador do Benfica, tem um grupo ainda muito indefinido. Mais por fora parecem correr Sanjoanense, Amarante, S. João de Ver, Anadia e Trofense.
A sul, o histórico Belenenses, treinado por José Sousa, é um assumido candidato que se reforçou com Nuno Tomás, Cuca, José Varela e Gonçalo Maria, conhecedores das divisões superiores. A Académica com três reforços de peso, casos de António Filipe, Obiora e Mario Rondón, também é um candidato a ter em conta, enquanto o Atlético, que estava nos distritais há dois anos, foi à fase de subida na época passada e promete nova surpresa, havendo também Sporting B, agora treinado por João Pereira, antigo jogador dos leões, e o Covilhã, com uma equipa muito jovem e orientada pelo experiente Francisco Chaló, a considerar. Além do estreante Lusitânia, as restantes equipas (1º Dezembro, Caldas, Oliveira do Hospital e União de Santarém) deverão correr por fora.
3 questões a Hélder Postiga
“Será mais uma edição de enorme sucesso”
1 Quais as expectativas da Federação Portuguesa de Futebol em relação a esta quarta edição da Liga 3?
-Acreditamos que será mais uma edição de grande sucesso de uma competição já consolidada no calendário do futebol nacional. É notório e gratificante perceber que os clubes, os treinadores e os jogadores se sentem valorizados ao participar na Liga 3. Por outro lado, é particularmente agradável constatar o elevado grau de compromisso com que todos se entregam a esta competição. Assimilam e interiorizam os valores que estão associados à Liga 3 e são eles próprios guardiões do espírito do puro futebol.
2 A audiência da competição tem sido crescente. O que podem os adeptos esperar de novo em 2024/25?
- Há mais um incentivo ao futebol positivo e à conquista de pontos que se traduz na bonificação pontual que é dada na viragem para a 2.ª fase da competição porque, na verdade, pretendemos que a qualidade do jogo da Liga 3 não se expresse apenas sob o ponto de vista técnico e tático, mas que tenha também na componente emocional algo de especial e único que envolva e entusiasme os adeptos. Queremos cada vez mais gente nos estádios e isso só se consegue se o espetáculo criar emoção no jogo e incerteza no resultado. Por outro lado, pretendemos que cada vez mais os adeptos e a comunidade se envolvam com o seu clube, pelo que continuaremos a trabalhar e a incentivar essa proximidade.
3 A Liga 3 continua a ser um trampolim para patamares superiores, incluindo a I Liga. Sente que este é o espaço certo para os jogadores, especialmente os jovens, se mostrarem?
-A Liga 3 tem uma enorme visibilidade, não apenas através do Canal 11 mas também por via da cobertura que os meios desportivos, como por exemplo o jornal O JOGO, lhe dedicam. E essa visibilidade decorre não apenas da divulgação, mas também da competitividade e da qualidade que existem na Liga 3 e que a tornam tão apelativa e aliciante. É natural que o talento que emerge nesta competição seja cobiçado porque verdadeiramente resulta e destaca-se num contexto de grande exigência. É, pois, um ativo que dá excelentes garantias.
Diretor da Federação Portuguesa de Futebol