"A administração nem os golos festejava", o relato do ex-treinador do Cova da Piedade
Jovem treinador avançou para tribunal. Diz-se injustiçado e provocado em todo o processo pós-afastamento.
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Livre para assinar por outro clube, Hugo Falcão continua sem entender os motivos pelos quais foi afastado do comando técnico do Cova da Piedade. O treinador de 27 anos, que pegou na equipa do segundo escalão desde a saída de Eurico Gomes, avançou para tribunal, depois de meses de impasse e falta de acordo com os responsáveis do emblema da Margem Sul. Hugo Falcão só quer receber os pagamentos que diz ter direito e conta como decorreu o processo.
"Chamaram-me para uma reunião depois do jogo com o Varzim [a 9 de janeiro] e estranhei, porque nessa reunião só estava o diretor
desportivo e o diretor financeiro, os elementos da SAD que me contrataram não deram a cara. E as palavras que me disseram foram
exatamente estas: 'queremos rescindir, houve bons momentos e maus momentos'. Não apresentaram justificação de má conduta desportiva, resultados, ou que tinha falado demais em algum momento. Sempre fui correto", diz a O JOGO.
Mais de dois meses depois, Falcão sente que tudo estava preparado para a sua saída. "Parecia que eu tinha de ser o bode expiatório. Era uma questão de tempo. Acho que não esperavam um ciclo tão bom, empatámos em Viseu e com um super Famalicão na altura,
ganhámos ao Braga B com menos um e fomos ganhar ao Leixões e tenho imagens da tribuna do Leixões quando marcamos e a administração não festeja os golos. Não foi balneário a seguir ao jogo, não mostrou contentamento e comecei logo a desconfiar, porque estávamos em sétimo e ninguém estava feliz. Senti que as pessoas aguardavam por aquele ciclo de jogos para a nossa equipa técnica cair, mas adiámos isso", sublinha, acrescentando que recebeu mensagens de vários técnicos, solidários. "Não fui respeitado e disseram que fui vítima do contexto e circunstâncias desfavoráveis".
Dispensado por tempo indeterminado, numa fase inicial, seguiram-se reuniões. "O meu representante e advogado perguntaram sempre onde estava o contrato de 2019/20, nunca entregue na Liga que o Hugo assinou? Desviaram sempre esse assunto, agiram de má fé, provocando desgaste emocional. Após esse mês, mandaram-me apresentar no campo dos sub-23 e eu apresentei-me no meu local de trabalho da equipa A, como diz o meu contrato", explica. "Vou aos sub-23 no segundo dia e fiquei à espera de ordens, mas o diretor dos sub-23 disse que não tinha ordens para me dar. Esperei e a conselho do meu advogado, partimos para a baixa médica para não haver qualquer tipo de confronto ou ação menos ponderada. Sabiam que ia ter uma filha e tentaram jogar comigo, levando a que abdicasse do meu dinheiro e do meu projeto de carreira. De certa forma, tenho a progressão de carreira em risco, afetada, porque o caminho podia ser diferente. Não houve respeito por mim e eles queriam provocar-me, para que eu tivesse uma ação desadequada e dar-lhes justa causa, daí a baixa médica para me proteger. É preciso pulso de ferro", assume Falcão, ainda disponível para um acordo.
Injustiçado, está convicto de que vai vencer a batalha jurídica contra o Cova da Piedade, o jovem treinador está a analisar propostas para regressar ao ativo na próxima temporada, independentemente do escalão. E não descarta trabalhar como adjunto.