Emprestado pelo FC Porto ao Kasimpasa, o central Jorge Fernandes agradece os elogios de Quaresma, mas nem assim lhe perdoa. Sente-se um jogador à FC Porto e sonha com o regresso.
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Companheiro de Quaresma nos turcos do Kasimpasa, Jorge Fernandes, 23 anos, foi elogiado pelo extremo no programa "FC Porto em Casa". O JOGO conversou com ele.
O que sentiu quando ouviu Quaresma dizer que o Jorge Fernandes é um jogador à Porto?
-Fico orgulhoso e muito feliz por ter uma pessoa como o Quaresma, com o estatuto que tem e com tudo o que já conquistou, dizer o que disse sobre mim. Isso deixaria qualquer um contente. É sempre bom ouvir elogios e ainda por cima vindos de quem vêm, com um passado intocável. Qualquer jogador do mundo sonha conquistar aquilo que ele conquistou. Vejo-o como exemplo. Por isso, depois do programa, liguei-lhe, porque senti-me na obrigação de lhe de agradecer. Não só pelas palavras, mas por tudo o que tem feito por mim ao longo desta época. Ele sabe que estou aqui sozinho, ajudou-me desde que chegou ao clube e tem sido fundamental.
Quaresma disse que o Jorge é um jogador à Porto. Sente-se assim?
-Sinto-me um jogador à Porto desde sempre, porque fui para lá com 10 anos, passei lá boa parte da minha infância e grande parte do que sou devo-o ao FC Porto e à educação que o clube me deu. Não tenho a menor dúvida de que sou um jogador à Porto, porque sei bem as características daquela casa e o que aquela casa respira. Tenho o mesmo pensamento e a mesma maneira de estar das pessoas que estão no clube.
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Além dos elogios, Quaresma brincou com as porradas que lhe dá. Como é que ele reage?
-Nos treinos ele não é tão brincalhão como na entrevista que deu, o que é normal. Às vezes, sou um bocado impetuoso nos treinos, principalmente quando estou a perder. Começo a ficar "cego" e não olho a quem está à minha frente. Dentro do campo, podia ser um familiar, o Quaresma ou Ronaldo que eu ia dar "fruta". Se tivesse de acertar, acertava. Dentro do campo, houve vezes em que o Quaresma não reagiu na brincadeira. Faço o meu papel, peço desculpa, mas estamos ali para treinar. Como ele já me conhece, e como é um bocado provocador, tenta sempre jogar nas "cuecas". Já me meteu algumas e, depois, uma pessoa tem de reagir, não pode ficar quieto... Não é por ter o Quaresma no um para um comigo que vou ser mais meiguinho.
"Sinto-me um jogador à Porto desde sempre. Terei sempre o sonho de voltar""
O sonho passa por voltar ao FC Porto?
-O regresso é sempre um sonho, principalmente quando tenho uma vida ligada ao FC Porto desde criança. É um sonho ter uma oportunidade de mostrar o meu valor. Vou ter sempre esse sonho na minha cabeça, mas sem estar iludido. Se não atingir esse objetivo, não posso desanimar.
O facto de já ter trabalhado com Sérgio Conceição pode ajudá-lo?
-Tive a oportunidade, em 2017/18, de fazer a pré-época quando fomos ao México, joguei na Taça de Portugal e depois fui convocado para o campeonato, em Moreira de Cónegos. Na semana seguinte fui para o Tondela. Sérgio Conceição conhece-me e gostei de trabalhar com ele.
"Gostava de renovar como prova de confiança"
Ligado ao FC Porto até 2021, Jorge Fernandes admite prolongar o vínculo. "Gostava de renovar, porque seria um sinal de que acreditam em mim e no meu trabalho. Via a renovação como um voto de confiança do FC Porto e que acreditam que posso chegar à equipa principal", admitiu, reconhecendo que as palavras de Quaresma também podem ajudá-lo. "O que o Quaresma disse vai ajudar-me para que se lembrem de mim. Também sei que, a partir do momento em que vim para a Turquia, muitas pessoas iriam esquecer-se de que existo, o que é normal, porque não apareço todas as semanas na televisão, como acontecia no Tondela. Foi um passo que dei na minha carreira e que está a corresponder àquilo que tinha idealizado".
Expectativas superadas na Turquia
Depois de época e meia de sucesso no Tondela, Jorge Fernandes tem estado em bom plano no Kasimpasa.
Para ser acompanhado mais de perto pelo FC Porto, não teria sido melhor ficar em Portugal?
-Sabia que era um risco, mas foi um desafio que quis para a minha carreira.
Como está a correr a época?
-As expectativas foram confirmadas e até superadas. Estou num campeonato que tem uma enorme qualidade individual, principalmente no ataque. As pessoas nem imaginam. Temos aqui jogadores como Falcao (Galatasaray), Papiss Cissé (Alanyaspor) e um miúdo muito bom, o Sorloth (Trabzonspor). Sem querer desvalorizar a I Liga portuguesa, porque é uma Liga com qualidade, mas os atacantes na Turquia são mais perigosos. Ganho uma experiência enorme e uma bagagem maior", justifica.
"Atacantes na Turquia são mais perigosos. Ganho uma experiência enorme"
Inventar só mesmo na cozinha
bbb A viver sozinho em Istambul, Jorge Fernandes admite que até nesse aspeto tem crescido fora das quatro linhas, aproveitando para inventar na cozinha, porque em campo não dá muito jeito. "Quando estive em Tondela durante época e meia também vivia sozinho. Não sou nenhum MasterChef, mas desenrasco-me. Não digo que não tenho saudades da comida da minha mãe, porque tenho, mas dá para satisfazer-me. De vez em quando tento inventar, com a ajuda da minha mãe, claro, mas até isso tem sido uma evolução", admite o central do Kasimpasa.