Augusto Inácio é um dos treinadores que têm mais saídas com as épocas em andamento
Corpo do artigo
As edições de 1998/99 e 2002/03 são os outros casos e a época 2009/10 foi a que mais mexidas teve no início da prova
É inevitável que o cenário venha a alterar-se, mas, ao cabo de sete jornadas, todos os clubes da I Liga mantêm os treinadores que iniciaram a pré-época. À primeira vista, até pode parecer um dado banal, mas a verdade é que é preciso recuar até à época 2002/03 para encontrar a última vez em que tal aconteceu. Há tanto tempo que ainda não havia Facebook e o euro acabara de entrar em circulação. Aliás, desde que a vitória vale três pontos (1995/96), o outro exemplo só se verificou em 1998/99, conforme mostra o quadro ao lado. Também é pertinente constatar que esta (aparente) acalmia nos bancos de suplentes regista-se duas épocas depois da temporada que bateu o recorde de mudanças: 19.
Há duas épocas, bateu-se o recorde de mexidas, 19, mas é impossível detetar padrões nesta estatística. Ainda assim, José Pereira, da ANTF espera que seja sinal de mais paciência e ponderação
Argumentar os motivos que explicam este cenário pode ser arriscado, até porque a estatística torna difícil estabelecer padrões ou tendências. No entanto, se olharmos para os treinadores que orientam os últimos três classificados da I Liga, percebemos pelo menos uma coisa: têm crédito. José Mota guiou o Aves à conquista da Taça de Portugal, Costinha promoveu o Nacional e Pepa, pela mesma altura na época passada, também tinha o Tondela em zona de descida, mas assinou o campeonato mais tranquilo de sempre para a equipa beirã. Outra perspetiva é colocada por José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF). "Os clubes começam a ter a consciência de que entre o deve e o haver não têm tido benefícios com as trocas", afirmou ao jornal O JOGO, sem resistir a uma brincadeira: "Estão a ver se acordam o diabo?" Para José Pereira, "despedir um treinador nesta altura seria um crime" que "infelizmente tem acontecido", mas talvez as coisas estejam a mudar. "Provavelmente as pessoas vão dando um maior benefício da dúvida", acrescentou, lembrando que em 34 jornadas "há muitas variações nas posições que as equipas ocupam".
Apenas pela terceira vez desde que a vitória vale três pontos (1995/96), a I Liga chega à sétima jornada sem que qualquer equipa tenha trocado de treinador
De facto, apenas três pontos separam o último do 11.º classificado, e, fora da zona das aflições, nenhuma equipa está marcadamente abaixo daquilo a que se propuseram para esta temporada.
Dois portugueses em cinco chicotadas
Nas cinco principais ligas europeias, cinco equipas já trocaram de treinador, entre as quais o Nantes e o Mónaco (França), que eram orientados, respetivamente, por Miguel Cardoso e Leonardo Jardim. De Espanha chega-nos o caso do Huesca, último classificado que despediu Leo Franco, cuja carreira de treinador iniciara... em junho. Em Itália, Chievo e Génova já mexeram e não houve chicotadas na Bundesliga e na Premier League, mas, em Inglaterra até se pode apostar no primeiro treinador a perder o lugar.