Tesouraria ameaça Edwards: V. Guimarães precisa de 10 ME em janeiro e inglês é solução óbvia
V. Guimarães assume que precisa de encaixe já em janeiro e alguns empresários só veem uma forma de o abreviar: vender Marcus Edwards. Mas a aposta na juventude está a aguçar outros apetites
Corpo do artigo
A SAD do V. Guimarães apresenta esta quarta-feira, em Assembleia Geral de acionistas, o Plano Económico e Estratégico que estabelece metas para a gestão da sociedade, colocando o foco na dinamização das receitas e na contenção dos custos operacionais, por forma a que a SAD inverta o cenário de capitais próprios negativos, que já se tinha verificado entre 2012 e 2016 e que voltou a evidenciar-se em 2020/21.
SAD traçou plano estratégico que pretende fermentar as receitas para inverter tendência negativa dos últimos exercícios e parte substancial terá de ser garantida no mercado de transferências
No curto prazo, a SAD define o objetivo de arrecadar cerca de 10 milhões de euros em mais-valias com transferências de jogadores já no mercado de janeiro.
Apenas uma vez, em janeiro de 2020, o emblema vitoriano conseguiu fazer um encaixe superior a 10 milhões de euros, com a transferência de Tapsoba para o Bayer Leverkusen. Em 2010/11, antes ainda do arranque da época, a venda de Bebé para o Manchester United rondou essa verba (9 milhões), mas, de resto, foi necessário mais do que um jogador, como em 2017/18 (oito milhões com Bruno Gaspar e Konan) para o clube se aproximar da meta traçada para a reabertura do mercado.
Convidados por O JOGO a indicar como poderá a SAD vitoriana chegar a esse objetivo assumido, três intermediários de jogadores são unânimes em nomear Marcus Edwards como o ativo principal - o Vitória tem 50% do passe, a outra metade pertence ao Tottenham, e a cláusula de rescisão é de 50 milhões -, mas também apontam nomes que sublinham a aposta na formação. "O Edwards é a mais-valia do plantel, pela qualidade, pela idade e pela margem de progressão. Há alguns jovens que estão a mostrar potencial e margem de progressão, como Hélder Sá, Gui, Tomás Händel e, por exemplo, André Almeida", vinca António Teixeira.
Nuno Correia, por sua vez, defende que "os maiores ativos do clube são o Rochinha e o Marcus Edwards e, pela sua juventude, André Almeida e Tomás Händel". "Estes serão os jogadores que, pela qualidade, pelo têm demonstrado durante a época e pela margem de progressão, serão os mais apetecíveis para o mercado", argumenta.
Jorge Teixeira concorda que "Marcus Edwards é o mais apetecível." Mas, este último reforça que há "outros nomes com bastante valor no mercado, como são os casos de André Almeida, Rochinha, Sacko, Tomás Händel ou Toni Borevkovic."
O plano da SAD, que será apresentado na tal AG, "não prevê" a entrada de um acionista investidor para o clube e aponta à descida do passivo para 38 milhões de euros já na atual temporada, caindo para quase metade desse valor até 2024/25. Pretende-se ainda ter um máximo de 100 jogadores com contrato profissional, reduzindo o número atual (104), que já manifesta uma tendência de quebra, embora este número não seja fácil face à conjugação de equipas profissionais, emprestados e os melhores da formação. Estima-se ainda um aumento de proveitos, por exemplo, com naming das estruturas.
António Teixeira, empresário
"No plantel do Vitória há jogadores com qualidade para permitir o encaixe de, pelo menos, dez milhões de euros. O obstáculo que pode colocar-se à concretização desse objetivo chama-se pandemia. Isto é, tem que ver com a disponibilidade financeira, ou não, dos potenciais clube compradores. Esta pandemia provocou uma substancial e brutal diminuição das receitas, com a falta de público nos estádios. Como consequência, a capacidade de compra dos clubes diminuiu significativamente nos últimos tempos. No mercado de verão já se sentiu a redução do poder de compra e no mercado de janeiro voltará, seguramente, a repetir-se."
Jorge Teixeira, empresário
"O Vitória tem jogadores para conseguir um encaixe financeiro de dez milhões de euros em janeiro. Estrategicamente, não sei se seria uma boa decisão vender as mais-valias de uma vez só, porque poderia correr o risco de lapidar a estabilidade da equipa. De qualquer maneira, o clube tem um ou outro jogador que atinge esse valor facilmente. Tudo depende da gestão da equipa, mas o Vitória tem todas as condições para fazer esse valor já no mercado de janeiro. À mais-valia dos jogadores associa-se o nome Vitória de Guimarães. É uma marca em qualquer mercado e é um clube de bastante respeito a nível internacional."
Nuno Correia, empresário
"O mercado de janeiro é sempre muito específico e está dependente das necessidades dos clubes. Mas, a minha experiência diz-me que sim, que é possível o Vitória de Guimarães conseguir uma verba de aproximadamente dez milhões de euros em transferências. Ou até superior a esse valor. Tem ativos, como Marcus Edwards, e jovens em visível ascensão, para concretizar o objetivo pretendido. Está sempre dependente da vertente desportiva. Se o objetivo primordial for a vertente desportiva, não tem lógica nenhuma estar a libertar os seus principais ativos..."