Sérgio Conceição foi o convidado de Fátima Campos Ferreira no programa "primeira pessoa", da RTP.
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Rotina na cidade: "A minha rotina é sair, muitas vezes às 6h30 da manhã, fazer a minha corrida matinal, passando muitas vezes aqui. Vou muitas vezes até ao Olival e mais do que uma vez por semana. Correr, corro todos os dias e é nesta zona da Ribeira que o faço com muito gosto. Passo por muita gente e ouço coisas engraçadas, algumas delas de incentivo. Ia numa das minhas corridas e, entretanto, vinha um senhor com o filho, percebeu que era eu, virou-se para trás e disse: "Ainda nos deve um campeonato". Não é parabéns porque ganhámos dois em três, mas devo-lhe um campeonato que perdi. Muitos miúdos da Ribeira até vêm a correr atrás de mim, principalmente uns que dão uns mergulhos na ponte D. Luís. É algo tão próprio. Sinto-me como um filho da casa."
Fé: "Lembro-me de ser pequeno e falar já com Jesus, de uma forma muito natural, como amigo. Pedir, peço pouco. Mas não tenho nenhuma vergonha em todos os dias me ajoelhar para rezar e agradecer no fim a Deus tudo o que continua a proporcionar a mim e à minha família. Deus é o melhor companheiro."
Três golos à Alemanha no Europeu de 2000: "Foi um jogo de afirmação, porque não fiz os dois primeiros jogos como titular. Quando era chamado à Seleção diziam que eu era o 12.º jogador, ou seja, que estava próximo da titularidade, mas não titular. Era mais gordinho e nessa altura havia o Balizas, o João Fintas e havia o Mala. [risos] Era o mala exatamente por isso, porque a zona da mala era bem rechonchuda."
Palavras de Humberto Coelho nesse jogo: "Compliquei-lhe um bocadinho a vida e teve que levar comigo. Foi uma sensação de satisfação mais por essa afirmação, do que propriamente o que se ia falar - e hoje ainda se fala desse jogo. Na altura não pensei muito nisso, pensei, sim, na grande felicidade de complicar a vida ao Humberto Coelho. Se o fulminei com os olhos? [risos] Naquele dia não, até porque fui titular. Mas noutros. Não era um jogador tão fácil de lidar."
Mordaça no futebol: "Nunca fui muito agarrado a isso. Normalmente digo o que penso. Sou muito frontal. Não quer dizer que não tenha tido alguns dissabores por isso, mas não me arrependo das guerras que fiz. O que voava nos balneários em Itália? [risos] No final do treino tínhamos uma mesa de fruta e algumas vezes foi complicado. Mas ganhámos."
Alimentação: "Eu sou guloso e há sempre uma guerra grande no frigorífico. Durante o dia não sou de grande exageros. À noite já é diferente, até porque tenho os meus filhos comigo e valorizo muito a hora da refeição, especialmente quando estamos todos juntos. Ninguém mexe no telemóvel à mesa. Se for Pinto da Costa a ligar? Isso é diferente. [risos] O meu está sempre com som exatamente por causa disso: do trabalho."
Exigência: "Perder não é normal, ganhar é normal. É difícil dormir quando perco. Vou para o computador trabalhar. Fica difícil dormir, não tanto pelo resultado, mas por aquilo que é estrategicamente preparado e não é feito no campo. Hoje em dia, o pormenor é fundamental para se ganhar jogos."
Ir ao limite: "Principalmente a paixão que tenho pela minha profissão. O nosso limite de hoje não é o mesmo de amanhã. A exigência de quem trabalha comigo é enorme por querer muito atingir os seus objetivos."
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